A festa da 100.ª edição da Volta a França em bicicleta estará incompleta, porque no pelotão faltará o último camisola amarela, o britânico Bradley Wiggins, que delegou o estatuto de principal favorito ao compatriota Christopher Froome.
A festa estava montada e Bradley Wiggins, o primeiro britânico a vencer o Tour, era o convidado de honra, mas uma lesão afastou o grande protagonista da última edição. Por inerência e pelo dorsal “1” que vai envergar no arranque, no sábado, em Porto-Vecchio, na Córsega, Christopher Froome, o segundo classificado de 2012, é o único favorito claro numa “Grande Boucle” extraordinariamente aberta.
No entanto, o ciclista que melhor palmarés tem esta temporada (Tour de Oman, Critério Internacional, Volta à Romandia e Dauphiné e segundo lugar no Tirreno-Adriático) recusa comparações com o seu compatriota.
«Somos ciclistas diferentes: eu não sou tão forte como o Bradley no ‘crono’, mas sou mais forte na montanha. Posso acelerar mais facilmente, responder aos ataques dos trepadores puros. Isto pode mudar a visão do Tour. O ano passado, o objetivo era manter-me na frente do pelotão com o Bradley, este ano, definitivamente, vou sair do pelotão, atacar na montanha», assumiu em entrevista ao L’Équipe.
O líder da Sky, rodeado por uma equipa de luxo, parece não ter concorrência à altura, algo que se viu no Critério do Dauphiné, onde dominou a seu bel-prazer, sempre escoltado pelo australiano Richie Porte.
Aliás, o trabalho dos dois na principal prova de preparação para o Tour fez lembrar aquele que Froome fez para Wiggins no ano passado, com o primeiro a ser obrigado a reprimir-se para dar a amarela àquele que viria a ser campeão olímpico de contrarrelógio.
Se a Sky conseguir dominar como fez na última edição, dificilmente alguém se aproximará da camisola amarela, no entanto, candidatos não faltam.
Cadel Evans (BMC), Andy Schleck (RadioShack) e Alberto Contador (Saxo-Tinkoff), por ordem cronológica de vitória na “Grande Boucle”, são os habituais suspeitos, mas também há lugar para Alejandro Valverde (Movistar) e Joaquim Rodriguez (Katusha), um duo de combativos espanhóis apostados em dar o passo que falta na sua carreira.
Enquanto o australiano de 36 anos é uma aposta segura, depois do seu terceiro lugar no Giro 2013, Schleck, vencedor do Tour2010, é uma incógnita. Depois de meses sem terminar uma única prova e de alegados problemas com álcool, o luxemburguês garante estar preparado para o desafio.
«Tenho as minhas ideias, guardo-as para mim, mas talvez possa ser a surpresa do mês de julho», defendeu nas páginas do L’Équipe.
Já Alberto Contador, dono do Tour em 2007 e 2009, quer recuperar o terceiro triunfo que um positivo por clembuterol lhe retirou em 2010.
«Ganhei três Tour. Eu conto o de 2010. Há quem pense de forma diferente, mas a Volta ganhei-a só graças ao trabalho, aos sacrifícios e ao sofrimento. Considero que é meu», assumiu o espanhol, revelando estar «super motivado» para o desafio que começa este sábado e termina a 21 de julho, em Paris.
Preparados para ser a surpresa da 100.ª “Grande Boucle”, a primeira após a confissão de Lance Armstrong e consequente eliminação do palmarés entre 1999 e 2005, estão Joaquim Rodriguez, o líder do ranking da União Ciclista Internacional em 2012, ano em que foi segundo classificado do Giro e terceiro da Vuelta, e Alejandro Valverde, vice-campeão da grande espanhola.
Contas da geral à parte, o Tour terá sempre Mark Cavendish (Omega Pharma-Quickstep), o papa-“sprints”, e o irreverente Peter Sagan (Cannondale) para animar as etapas.
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