Um “ídolo” do pelotão, Mark Cavendish mereceu hoje elogios de jovens e ‘velhos’ ciclistas, unidos na admiração a uma lenda que atravessou gerações e que espera agora que Tadej Pogacar não supere o seu recorde no Tour.

“Não o batas”, disse Cavendish enquanto agarrava as bochechas do camisola amarela, depois de ser felicitado pelo ciclista da UAE Emirates por ter-se isolado como recordista de vitórias em etapas na Volta a França.

Pogacar, que aos 25 anos soma 12 vitórias, respondeu imediatamente que não o iria fazer e reiterou a promessa, aos jornalistas, pouco depois: “É incrível que ele tenha vencido a sua 35.ª etapa. Vi-o depois da linha de meta e ele disse-me para não bater o seu recorde, mas acho que o vai ter ainda durante muito tempo”.

Dos mais velhos aos mais novos, dos presentes aos ausentes, todos quiseram assinalar o momento em que o ciclista da Ilha de Man, de 39 anos, se isolou como recordista de vitórias em etapas no Tour, desempatando com o ‘Canibal’ Eddy Merckx.

“É o melhor sprinter de todos os tempos. Estou supercontente por ele. Continuar a fazer o que faz na sua idade, é incrível”, salientou o amigo Geraint Thomas (INEOS), que o ‘lançou’ para a vitória na última etapa do Giro2023.

Outro amigo, mas mais novo, no caso o belga Remco Evenepoel, considerou que se há alguém que merece um recorde é o seu antigo colega de equipa na Soudal Quick-Step.

“É muito especial vê-lo estabelecer um novo recorde histórico e partilhar pelotão com ele”, disse o líder da juventude e segundo da geral, que aos 24 anos se está a estrear no Tour.

Já o eritreu Biniam Girmay, que hoje fez história novamente mas para o seu país, ao vestir a camisola verde, reconheceu que Cavendish era o seu “ídolo”.

“Sonhava ser como ele. Sprintava como ele, celebrava como ele. Estou incrivelmente feliz por ele. A primeira vez que vi ciclismo na televisão, foi o Cavendish que ganhou. Estou sempre a dizer-lhe: és uma lenda para mim”, disse o ciclista da Intermarché-Wanty, para quem o homem da Astana ainda é o melhor sprinter do mundo.

‘Estrela’ do pelotão atual, também Wout van Aert (Visma-Lease a Bike) teve palavras de elogio para ‘Cav’, cujo filho é seu fã: “Já o via na televisão antes de ser profissional. Respeito-o muito, é um grande campeão”.

Nas redes sociais, as reações ao recorde do britânico foram mais do que muitas, com equipas como a EF Education-EasyPost, do português Rui Costa, a gravar um vídeo de parabéns, e ‘rivais’ atuais e antigos a mostrarem-se felizes pelo feito do sprinter.

“É uma vitória para toda a comunidade velocipédica”, escreveu Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck), o homem que Cavendish derrotou para ganhar a quinta etapa da 111.ª edição.

Também os já retirados Peter Sagan, recordista de vitórias na classificação por pontos, e Marcel Kittel, vencedor de 14 etapas na ‘Grande Boucle’ congratularam o seu antigo rival, com o primeiro a defini-lo como “o rei” e o segundo a dizer-se ansioso pelos próximos sprints “da lenda do ciclismo”.

“Parabéns, Mark Cavendish. História foi feita”, escreveu o seu compatriota Chris Froome, vencedor de quatro Voltas a França, unindo-se a um coro de incontáveis homenagens que inclui grande parte do pelotão.