O Departamento de Justiça norte-americano anunciou hoje um acordo de 130 milhões de euros com mais de 100 pessoas, que acusaram a polícia federal (FBI) de lidar incorretamente com denúncias de agressão sexual contra um médico de desporto.
O FBI foi acusado de lidar de forma incorreta com as denúncias de agressão sexual sobre Larry Nassar, feitas em 2015 e 2016, um intervalo de tempo crítico que permitiu ao médico de desporto continuar atacar as vítimas antes de ser detido.
Com este acordo de 138,7 milhões de dólares, no total já foram reivindicados mil milhões de dólares por várias organizações para compensar centenas de mulheres que afirmaram que Nassar as agrediu sob o pretexto de tratamento de lesões desportivas.
Nassar trabalhou na Michigan State University e também atuou como médico da Federação de Ginástica dos Estados Unidos (USA Gymnastics), com sede em Indianápolis.
Atualmente cumpre décadas de prisão por agredir atletas femininas, incluindo ginastas olímpicas vencedoras de medalhas, como Simone Biles, Aly Raisman e McKayla Maroney.
O procurador-geral associado em exercício, Benjamin Mizer, frisou que Nassar traiu a confiança daqueles sob seus cuidados durante décadas e que as “alegações deveriam ter sido levadas a sério desde o início”.
“Embora estes acordos não desfaçam os danos infligidos por Nassar, a nossa esperança é que ajudem a dar às vítimas dos seus crimes algum do apoio fundamental de que necessitam para continuar a cura”, acrescentou Mizer, sobre o acordo que resolve 139 reclamações.
O Departamento de Justiça reconheceu que não interveio. Durante mais de um ano, agentes do FBI em Indianápolis e Los Angeles tinham conhecimento das acusações contra o médico, mas não tomaram nenhuma medida, de acordo com uma investigação interna.
Na sequência de uma busca, os investigadores revelaram em 2016 que encontraram imagens de abuso sexual infantil e prosseguiram com acusações federais contra Nassar.
Em separado, o gabinete do procurador-geral do Michigan tratou das acusações de agressão que acabaram por chocar o mundo do desporto e levaram a uma audiência extraordinária de condenação que durou dias, com testemunhos emocionantes sobre os seus crimes.
“Estou profundamente grata. A responsabilização do Departamento de Justiça demorou muito", frisou Rachael Denhollander, de Louisville, Kentucky, que não faz parte do último acordo, mas foi a primeira pessoa a apresentar-se publicamente e a detalhar os abusos cometidos por Nassar.
A Universidade Estadual de Michigan, que também foi acusada de falhar durante anos e permitir o comportamento de Nassar, concordou em pagar 500 milhões de dólares a mais de 300 mulheres e meninas que foram agredidas. A USA Gymnastics e o Comité Olímpico e Paraolímpico dos EUA fizeram um acordo de 380 milhões de dólares.
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