O presidente da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) disse hoje que não acredita que a World Rugby (WR) volte atrás no afastamento de Espanha do Mundial de 2023, decisão que coloca Portugal no torneio de repescagem final.

“Ter direito de recorrer, [a Espanha] tem. Mas não acredito [que a WR altere a decisão]”, disse Carlos Amado da Silva à agência Lusa, instantes após tomar conhecimento oficial da decisão.

A World Rugby (WR) confirmou hoje a presença de Portugal no torneio de repescagem para o Mundial de França2023, após a sanção de 10 pontos aplicada a Espanha, que pode, no entanto, recorrer da decisão.

“Sujeito ao direito de recurso da Espanha, a dedução de 10 pontos aplicada na classificação para o Mundial de 2023 significa que a Roménia se qualifica como Europa 2 para o Grupo B, no lugar da Espanha, e que Portugal substitui a Roménia no torneio de qualificação final, em novembro de 2022”, indicou o organismo que superintende o râguebi a nível internacional.

A FPR, no entanto, “em nada concorreu” para a decisão da WR, frisou Amado da Silva, uma vez que “não só não denunciou [a Espanha], como propôs uma solução diferente”.

Em reunião da WR, antes da nomeação do comité independente para avaliar o possível incumprimento espanhol, o líder federativo português propôs “que Portugal, Roménia e Espanha disputassem um torneio” para “decidir, dentro de campo”, quem acompanharia a Geórgia, já qualificada no primeiro lugar do apuramento.

A proposta, no entanto, não foi acolhida pela WR e Amado da Silva admitiu ter “pena” que a reentrada de Portugal na corrida para França2023 “seja feita às custas da Espanha”, uma vez que “gostava que ambos estivessem no Mundial”, mas lembrou também que “nada podia fazer para evitá-lo”.

“Finalmente tivemos um pouco de sorte, no meio de tantos azares”, desabafou.

A decisão da WR é, “sem dúvida”, muito positiva para o râguebi português, que vai, agora, tentar “reerguer uma equipa competitiva” para disputar o torneio de repescagem, em novembro.

“Temos qualidade, agora temos de trabalhar. Precisamos é de mais apoios, principalmente da WR”, apelou Amado da Silva.

O torneio de apuramento final para França2023 será jogado em novembro, no formato ‘round robin’ (todos contra todos a uma volta), em datas e local ainda a anunciar pela WR.

Portugal é, para já, a única seleção com lugar marcado na repescagem, onde irá enfrentar as seleções que saírem derrotadas dos ‘play-offs’ de Ásia/Pacífico e América, além do segundo classificado da Taça Africana de Râguebi 2022, competições que se decidem em julho.

No caminho de Portugal estarão, portanto, os derrotados dos encontros entre Tonga e o futuro campeão asiático, entre os EUA e o Chile, além da equipa que perder a final da Taça Africana, que se disputará em França.

Em 28 de março, 15 dias após a vitória sobre Portugal que qualificou a Espanha diretamente pata o França2023, a WR nomeou uma comissão independente para examinar o potencial incumprimento da lei de elegibilidade de jogadores por parte da Espanha.

Em causa estava a utilização de Gavin van der Berg, pilar de naturalidade sul-africana utilizado pelos 'leones' nos dois encontros frente aos Países Baixos, que a Espanha venceu por 43-0 e 52-7, somando cinco pontos em cada encontro por via do bónus ofensivo.

O regulamento de elegibilidade da World Rugby estabelece que um jogador pode tornar-se elegível para representar um país diferente daquele onde nasceu por ascendência familiar ou residindo no novo país durante três anos de forma ininterrupta ou 10 anos alternadamente.

Gavin Van der Berg chegou a Espanha em 2018 e estreou-se pelos 'leones' em dezembro de 2021, mas terá interrompido a sua 'estadia' em Espanha entre maio e setembro de 2019 quando, alegadamente, regressou à África do Sul após o final do campeonato espanhol.

Esta é a segunda vez consecutiva que a Espanha fica de fora do Mundial devido à utilização irregular de jogadores.

Em 2018, a World Rugby sancionou a Espanha, a Roménia e a Bélgica pela utilização de jogadores não elegíveis, decisão que resultou no apuramento direto da Rússia para o Mundial de 2019, após terminar a qualificação em quarto lugar.