A 45.ª edição da Taça Ibérica de Râguebi opõe este sábado (15h30, transmissão BOLA TV), o Valladolid Rugby Asociación Club (VRAC), campeão da Divisão de Honra espanhola e Belenenses, campeão português. A partida disputa-se em Valladolid, Espanha, no estádio Pepe Rojo (4 mil espetadores de capacidade).

O troféu que opõe os campeões nacionais de Portugal e de Espanha, criado em 1965 (ver CAIXA), tem sido dominado por clubes espanhóis, em especial nos últimos anos. Os emblemas do outro lado da fronteira contabilizam 27 triunfos, 13 dos quais desde 2000, contra 17 dos clubes portugueses (sete, a partir da viragem do milénio).

O VRAC é o atual “campeão” em título do duelo ibérico e o clube com mais taças da prova peninsular guardadas na sala de troféus: sete, seis delas, consecutivas (desde 2018). Procura a oitava taça.

Campeões em título e líderes dos respetivos campeonatos, este é o terceiro duelo entre azuis do Restelo e os “queijeiros”. A balança pende totalmente para o XV espanhol, que soma duas vitórias, em 2018 (34-25) e 2020 (19-13).

Na prova que “mexe” com os respetivos orgulhos nacionais, o VRAC Queso Entrepinares é comandado por Diego Merino, no cargo desde 2013. O antigo jogador, é obreiro das sete taças ibéricas, 9 títulos espanhóis (em 13, no total), 4 taças do Rei (6) e sete supertaças (8), 30 troféus, no total, números de que lhe conferem o título de treinador mais galardoado do râguebi espanhol.

O Belenenses é orientado por João Mirra. Desde 2018, conquistou três campeonatos (no total os azuis de Belém têm 9), três Taças Portugal (6), cinco Supertaças (7) e uma Taça Ibérica, erguida em 2023, conquistada em Barcelona, frente ao Santboiana.

Longe de ser David contra Golias

Face às estatísticas, o termómetro do duelo ibérico poderia, à partida, marcar subida de temperatura para o lado espanhol. No entanto, João Mirra esfria essa leitura.

“Talvez a equipa do VRAC possa ter um ligeiro favoritismo, mas está longe de ser o David contra Golias. Não há essa diferença, até porque esta equipa (Belenenses), e estes jogadores, já disputaram Taças Ibéricas e, por isso, não vamos com uma perspetiva de pequeninos e inferiores”, assumiu ao SAPO DESPORTO.

“Vamos disputar o jogo para ganhar e não fazemos nove horas de viagem (de Lisboa) só para ver a bonita cidade de Valladolid”, assegurou o treinador azul.

“Sabemos que vamos defrontar uma equipa muito boa, se é profissional, ou não é, não nos interessa, quando o árbitro apitar, isso já não existe”, afiançou.

O Belenenses perdeu nas duas ocasiões em que defrontou o VRAC, ambas com João Mirra sentado no banco português. “Da primeira vez que este grupo, que tem trabalhado nos últimos seis ou sete anos, veio aqui, a Valladolid, eles eram individual e coletivamente superiores a nós, competimos, mas mereceram ganhar”, recordou.

“A segunda vinda a Valladolid, foi o contrário. Fomos nós que perdemos o jogo por erros individuais e coletivos. Éramos melhores, fomos melhores, mas não conseguimos materializar essa superioridade”, continuou na viagem ao passado recente.

Uma taça ibérica no meio de um campeonato nacional 

Habitualmente disputada no final de cada ano civil, este ano (2024), a Taça Ibérica acontece em abril de 2025, altura em que já se disputou o primeiro terço da fase final do campeonato nacional, esta época debaixo de um novo modelo competitivo, no qual seis clubes lutam pelo título ao longo 10 jornadas, sem direito a play-off.

O treinador do Belenenses rejeita eventual impacto do duelo ibérico nas contas da luta pelo título nacional. “São 10 finais, aqui são 10+1. Não fazemos 11. São 10+1”, afirmou. “É uma prova diferente, com adversários diferentes, estímulos diferentes e penso que não vai ter impacto no resto”, frisou, ao referir-se à competição doméstica.

“Vemos a Taça Ibérica como um estímulo, estamos aqui porque fomos campeões no ano passado, por mérito e, por isso, não olhamos para isto como um problema, mas como algo que temos de fazer uma gestão (de jogadores)”, disse.

“Mas também já o estávamos a fazer para 10 (jornadas do campeonato), logo fazemos só 10+1”, reforçou João Mirra. “Por isso, é um bom problema, quem nos dera ter mais competições internacionais e ter esses problemas”, finalizou.

Caixa: VRAC dominador     

VRAC é o “campeão” do duelo ibérico. Tem sete taças. Venceu por duas vezes o CDUL e o Belenenses e uma vez a Agronomia, Técnico e Direito. Perdeu numa ocasião com o Benfica, outra contra os Universitários e três finais frente ao Direito, a “besta” negra dos espanhóis da província de Castela e Leão.

O Direito é o clube português mais titulado (4 Taças) a par do Benfica, ergueu em 2014 o último troféu e saiu derrotado em cinco jogos, o último em 2016, diante o El Salvador, outro dos grandes clubes de Espanha e de Valladolid.

Criada em 1965, até 1971 o modelo competitivo da Taça Ibérica incluía os campeões e vice-campeões de ambos os campeonatos na Península Ibérica para disputar as meias-finais, 3º e 4º lugar e a final. Viria a ser suspensa, pela primeira vez, entre 1971 e 1982. Retomaria em 1983. A pausa seguinte deu-se de 2009 a 2011.

O clube espanhol foi fundado em 1986 (cuja origem recua ao Colégio N. Sra. de Lourdes na década de 70 do século passado) é conhecido como os “El Queso” devido à forte ligação ao sector lácteo da região de Valladolid, capital do râguebi espanhol. Tem 13 títulos nacionais e sete taça ibéricas.

Quadro: Vencedores da Taça Ibérica

VRAC (7): 2014-15, 2017-18, 2018-19, 2019-20, 2020-2021, 2021-2022

C.R. El Salvador (5): 1991-92, 1998-99, 2003-04, 2004-05, 2016-17

Benfica (4): 1970-71, 1986-87, 1988-89, 2001-02

U.E. Santboiana (4): 1987-88, 1989-90, 2005-06, 2006-07

Grupo Desportivo Direito (4): 1999-2000, 2002-03, 2013-14, 2015-16

Cascais (3): 1992-93, 1993-94, 1996-97

C.R. CRC Pozuelo (3): 1964-65, 1966-67, 2000-01

CDUL (3): 1983-84, 1984-85, 2012-13

C.R. Complutense Cisneros (2): 1967-68, 1985-86

C.D. Arquitectura (2): 1990-91, 1995-96

C.D.U. Barcelona (1): 1965-66

C. Atlético San Sebastián (1): 1968-69

F.C. Barcelona (1): 1969-70

C.R. Ciencias Sevilla (1): 1994-95

Académica de Coimbra (1): 1997-98

Agronomia (1): 2007-08

Belenenses 2022-2023

Total por país: 

Espanha: 27

Portugal: 17