Lidera o ranking mundial após duas etapas, Pipe, Havai, nos Estados Unidos da América, e a piscina de ondas em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Italo Ferreira, campeão mundial em 2019, chegou a Peniche, 3.ª paragem do Championship Tour (CT), de licra amarela vestida.

Habitualmente, não veste esta cor em fase tão precoce do circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL) e sente-se mais à vontade a escalar na hierarquia, de trás para a frente, à medida que a competição avança.

A liderança, contudo, não o perturba e o surfista brasileiro não embarca em euforias.

“É muito cedo para falar, porque temos muitas etapas até atingirmos as finais do circuito. Mas, é claro, que o objetivo é vencer a última, sem dúvida”, sintetizou.

“Tenho alguns momentos no ano que gostaria de vencer e algumas etapas que ainda sinto que posso ir um pouco mais além”, adiantou ao SAPO DESPORTO o campeão olímpico, primeiro surfista a receber o ouro, nos Jogos Olímpicos Tóquio2020.

Sabe o que é vencer em Peniche, praia de Supertubos onde conquistou duas vitórias (2018-2019), primeiro atleta a conseguir a dobragem na etapa portuguesa do CT.

Natural de Baía Formosa, Rio Grande do Norte, traça a meta para o MEO Rip Curl Pro Portugal cujas rondas cujas finais devem acontecer este domingo depois de ter sido decretado off desde 4.ª feira devido à Depressão Martinho que “varreu” o país.

Vencer em Portugal? Seria incrível 

“Vencer em Portugal, novamente, seria, para mim, algo incrível, vencer pela terceira vez e completar a bancada da minha casa com mais um troféu lindo, como é o troféu de Peniche, é o meu maior objetivo aqui”, assinalou o surfista de 29 anos, finalista vencido em 2015.

Uma das inovações introduzidas em 2025, e doravante, pela WSL foi o aumento do número de etapas (10 para 12) e o arrastar de duas casas, da 5.ª para a 7.ª, a partir das quais se fará o cut (corte) do meio da temporada e a partir do qual 22 surfistas masculinos, de um total de 34 e 10 femininas (17) seguem para a segunda parte da temporada, e em que cinco cada género disputará as finais.

“Este ano, vivo tão focado em mim que esqueci do cut”, confessou. “No ano passado, posso confessar que pensei no cut, mas não era para pensar”, assumiu.

“Hoje, pergunto, porque (um surfista) do meu nível estava pensando no cut, então algumas coisas não estavam corretas e tiraram-me do meu caminho. E, este ano, falei que não existe cut, vamos para cima”, apontou.

“Disputa é comigo mesmo”

O Italo do passado não chega 90% aos calcanhares do atual e considera-se que a maior “disputa é comigo mesmo”, avançou.

“Sei o que tem de ser feito, de trabalhar e dedicar. Comecei muito bem e o objetivo é ficar no topo”, apontou na conversa com o SAPO DESPORTO antes do arranque da etapa portuguesa.

“Sinto-me mais preparado e confiante no meu potencial e no que venho fazendo e isso reflete na minha performance e nos resultados”, espelhou.

“O meu objetivo é estar bem fisicamente, mentalmente para fazer o que mais amo que é competir”, asseverou.

Neste processo de transformação, mudou de treinador no arranque de 2024 (Rainos Hayes, Havai). Parece ter, de vez, enterrado alguns conflitos entre quem ensina e quem compete.

“Era o Italo de cabeça dura e já não é mais. Vamos aprendendo com os erros e isso cada vez mais te vai motivando a cada dia”, desenvolveu.

“Há momentos que as coisas acontecem para serem necessárias para que possas evoluir e melhorar”, sublinhou.

Por duas vezes vice-campeão WSL, na temporada 2022 e 2024, por duas vezes bateu com a cabeça na trave. O facto não o incomoda, antes o motiva.

“Mostra que ainda assim estou no caminho certo. Continuo no topo, estou há 10 anos no circuito mundial, muitas vitórias, dois vice campeonatos, um 1.º primeiro e ótima posição este ano por isso muitas coisas boas a acontecer”, antecipou.

A compra da casa em 2014. Já tinha valorizado

A relação especial com a praia de Supertubos e Peniche, paragem anual do circuito mundial de surf e com Portugal, um dos campos de treino do brasileiro, é algo que Italo Ferreira gosta de vincar a casa passagem.

Poderia ter sido cimentada no passado mais forte, já tendo assumido que gostaria de ter uma casa numa praia portuguesa, entre a Costa de Caparica e Ericeira.

“É esperar uma boa oportunidade para ter um momento, mas se tivesse comprado em 2014 já era mais fácil e já tinha valorizado”, gracejou. “Portugal tornou a minha casa também”, disse.