O presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS), Francisco Rodrigues, considerou que o crescimento da prática e da indústria de surf em Portugal é positivo para o país e contribui para a conservação dos oceanos.

“Portugal tem-se posicionado nos últimos anos como um destino de surf”, afirmou o responsável, numa entrevista à Lusa em San Diego. “Não estamos a falar só da prática do surf propriamente dita, há toda uma vida à volta”.

Francisco Rodrigues foi um dos oradores convidados para a conferência “Iniciativas de sustentabilidade da indústria do surf”, que decorreu no Scripps Institution of Oceanography, e falou sobre a crescente importância do desporto.

“Acreditamos que o surf é importante para o país”, afirmou. “Toda a gente reconhece que o surf é uma coisa muito positiva em Portugal”.

O trabalho que a ANS tem desenvolvido, considerou, permite aos surfistas portugueses ganharem mais relevância na sociedade portuguesa e assumirem um papel de proteção nas praias.

“Aquilo que nos orgulha é ver surfistas como Tiago Pires, Frederico Morais, Teresa Bonvalot ou Francisca Veselko, que foi campeã do mundo a alguns quilómetros daqui”, sublinhou. “Eles acabam por ser também os naturais embaixadores de Portugal e que têm vindo a ajudar o nosso país”.

Rodrigues explicou que a sua intenção na conferência foi “falar sobre o papel do surf nesta lógica da sustentabilidade e da preservação dos oceanos e por outro lado fazer uma troca de boas práticas entre Portugal e a Califórnia”.

Foi também isso que salientou João Macedo, cofundador da World Surfing Reserves, em entrevista à Lusa à margem da conferência.​​

“A comparação é muito interessante de casos na Califórnia e em Portugal na área da conservação”, considerou. “A temática que eu agarrei foi que a Reserva Mundial de Surf da Ericeira acaba por ser um exemplo muito positivo para todo o mundo de uma ideia que nasceu na Califórnia”.

A classificação como reserva mundial de surf obedece a quatro critérios: as características de surf da zona, incluindo consistência e qualidade das ondas; as características ambientais, como fauna e flora; a cultura de surf local e o envolvimento da comunidade.

A Ericeira foi reconhecida em 2011 com todos estes critérios e João Macedo acredita que outras zonas, como a Nazaré, podem vir a consegui-lo.

“O trabalho que estou a fazer é para que a Nazaré alavanque toda a fama da onda e comece a fazer ações de conservação dos oceanos”, indicou o responsável. “É complicado porque é uma comunidade piscatória muito antiga e áreas marinhas protegidas têm sempre um efeito negativo na maneira destas comunidades viverem”, explicou.

Para João Macedo, há um trabalho a fazer para que a conservação sirva as comunidades e não seja percebida como algo negativo. “A conservação tem de ser algo sustentado em termos humanos”, disse.

“Como Portugal é líder na Europa em termos de território marítimo, é uma oportunidade enorme que nós temos, como portugueses, de ter um impacto grande na conservação”, opinou.

“Portugal tem todas as características naturais, legais e políticas e cada vez mais também de negócio para ser um epicentro, um líder mundial de conservação e que possa provar, através de casos no concreto”.

Até porque, salientou, fazer bem ao planeta “é uma coisa boa também para o negócio”.