A temporada tenística de 2024 chega ao fim esta semana, na cidade espanhola de Málaga, com o torneio final da Taça Davis 2024, que arranca esta terça-feira.

Mas, desta vez, mais do que nos grandes duelos que se aguardam ou na dúvida sobre qual o país que celebrará, a conquista do prestigiado troféu, este ano o centro das atenções será outro: o mundo do ténis vai despedir-se de Rafael Nadal, um dos seus maiores jogadores de todos os tempos, vencedor de 22 torneios do Grand Slam.

Efetivamente, a Taça Davis ganha, este ano, uma visibilidade que há muito perdeu, mesmo com a reformulação do formato competitivo da prova, introduzido há uns anos com o intuito de recuperar o interesse perdido: aos 38 anos, Nadal vai disputar o(s) seu(s) derradeiro(s) encontro(s) como tenista profissional, depois de ter anunciado que colocaria um ponto final na carreira após esta competição por equipas.

A Espanha vai entrar em ação nos quartos-de-final já nesta terça-feira, diante dos Países Baixos, e se triunfar medirá depois forças com o vencedor do duelo entre Alemanha e Canadá.

Do outro lado do quadro estão a a Itália, detentora do troféu, que conta com o atual número um do mundo, Jannik Sinner, e que vai começar por enfrentar a Argentina. Quem triunfar defrontará nas meias-finais o vencedor do Estados Unidos-Austrália.

A despedida de Rafael Nadal

O último encontro oficial de Nadal poderá então ser já esta terça-feira. Apropriadamente, a jogar em casa, diante do público do seu país. O primeiro embate do duelo Espanha-Países Baixos está marcado para as 16h00.

Ao todo, Nadal conquistou 92 títulos individuais, 22 dos quais Grand Slams, além de duas medalhas de ouro Olímpicas (uma individual e outra em partes), e ajudou já a Espanha a conquistar por quatro vezes a Taça Davis, a última das quais em 2019. Ajudar Espanha a vencer uma vez mais a competição, e a jogar em casa, seria sem dúvida um adeus de sonho para o tenista de Maiorca.

Com Nadal e Carlos Alcaraz a poderem retomar a parceria de pares 'Nadalcaraz' que formaram no verão, nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a Espanha estará assim mais motivada do que nunca para garantir o seu primeiro título desde 2019. Porém, a atual campeã Itália é vista como a principal favorita, liderada por Jannik Sinner, acabado de conquistar as ATP Finals em Turim.

Ainda não se sabe se Nadal jogará singulares ou duplas, dependendo da sua condição física, com a Espanha a contar também com Pedro Martinez, Roberto Bautista e Marcel Granollers nos convocados para o torneio. Nadal não quer que o peso do momento e a sua despedida interfiram em nada que possa condicionar um possível triunfo espanhol.

"Primeiro temos que ver como me sinto. Já disse à equipa para não tomarem nenhuma decisão com base em esta ser a minha última semana como tenista profissional. Se realmente não estiver preparado para ganhar em singulares, serei o primeiro a dizer que não vou jogar. Quero desfrutar desta semana, seja de que forma for e encerrar uma etapa muito bonita e longa da minha vida. Estou mais do que grato e satisfeito com tudo o que me aconteceu durante todos esses anos", fez questão de afirmar.

Nadal e Alcaraz na conferência de imprensa
Nadal e Alcaraz na conferência de imprensa Nadal e Alcaraz na conferência de imprensa créditos: AFP or licensors

O que é a Taça Davis?

A Taça Davis é vista como uma espécie de Campeonato do Mundo de ténis masculino, com os melhores jogadores a representarem os seus países para serem coroados 'campeões mundiais'. Pelo terceiro ano consecutivo, o Palacio de Deportes José María Martín Carpena, em Málaga, vai acolher o torneio final.

Trata-se, pois, da maior competição de ténis por equipas, organizada pela Federação Internacional de Ténis (ITF). No feminino, o equivalente da Taça Davis é a Copa Billie Jean King.

A Taça Davis teve a sua 1ª edição no bem longínquo ano de 1900. As primeiras edições foram disputadas apenas por EUA e Reino Unido, com Bélgica e França a entrarem em cena em 1904. Aos poucos, o número de participantes foi aumentando e em 1923 a organização viu-se mesmo forçada a dividir as equipas em duas zonas: americana e europeia. Em 1960 a direção da Davis foi obrigada a criar uma terceira Zona, já que naquela época, 39 países disputavam a competição.

Com o avançar do século XX, contudo, e com o circuito ATP a ganhar cada vez mais visibilidade, a outrora muito prestigiada Taça Davis foi perdendo preponderância e passando por várias reformulações, a última das quais em 2019, com a introdução de uma fase final a 8, a eliminar, disputada num só palco (até aí as eliminatórias - e a final - iam decorrendo normalmente, com um país a receber o adversário, escolhendo a superfície em que os duelos seriam jogados).

O prestigiado troféu da Taça Davis
O prestigiado troféu da Taça Davis O prestigiado troféu da Taça Davis créditos: AFP or licensors

Qual o formato da competição?

A decisão da Taça Davis joga-se então, agora, numa fase final a oito, com oito países a defrontarem-se num torneio a eliminar que começa nos quartos de final.

As equipas defrontam-se num formato à melhor de três, com dois encontros de singulares, antes de um de pares, se necessário, para desempatar a contenda.

Por norma, os jogadores individuais com melhor classificação no ranking ATP disputam entre si o primeiro jogo, seguidos pelos segundos jogadores individuais com melhor ranking. Os embates, contudo, só são confirmados uma hora antes da hora de início de cada duelo.

Quem vai estar em ação? E quando são os jogos?

A ação arranca então na tarde desta terça-feira, com os primeiro duelo dos quartos de final a colocar frente a frente a anfitriã Espanha aos Países Baixos, com o primeiro encontro marcado para as 16h00.

Para quarta-feira está marcado o segundo dos quatro embates dos quartos de final: o Alemanha-Canadá, a partir das 11h00.

Quinta-feira jogam-se os outros dois duelos desta fase: o Estados Unidos-Austrália (a partir das 9h00) e o Itália-Argentina (não antes das 16h00)

A primeira meia-final, que colocará frente a frente o vencedor do Espanha-Países Baixos com o vencedor do Alemanha-Canadá, será apenas sexta-feira. Quer isto dizer que se a Espanha vencer esta terça-feira, o adeus de Nadal será adiado - pelo menos - para dia 22.

A outra meia-final, entre o vencedor do Estados Unidos-Austrália e o vencedor do Itália-Argentina, será sábado, com a final guardada para domingo, a partir das 15h00.

A Itália é a detentora do troféu e vai tentar revalidar o título
A Itália é a detentora do troféu e vai tentar revalidar o título A Itália é a detentora do troféu e vai tentar revalidar o título créditos: AFP or licensors

Quem ganhou mais vezes?

Ao todo, foram 16 os países que já conquistaram a Taça Davis ao longo da história da competição. O Estados Unidos, com 32 triunfos, foram quem mais vezes ergueu o prestigiado troféu, mas contudo não o erguem desde 2007. Seguem-se a Austrália, com 28, a Grã-Bretenha e a França, com 10, e a Suécia, com 7 conquistas, a última das quais, porém, ainda no século passado (1997). A Espanha surge no sexto lugar, com 6 triunfos, quatro dos quais com Nadal em ação.

A edição do ano passado foi conquistada pela Itália, que ergueu o troféu pela segunda vez ao bater na final a Austrália. Os italianos sucederam ao Canadá, vencedor em 2022.

O australiano Roy Emerson e o norte-americano Stan Smith foram os tenista que mais vezes ajudaram os seus países a vencer a prova (8). Nadal surge um pouco mais abaixo, com 4, ao lado de nomes como Rod Laver ou John McEnroe. Roger Federer e Novak Djokovic (ambos por uma vez) também contam com uma Taça Davis conquistada ao serviço dos respetivos países, Suíça e Sérvia.