O velejador Eduardo Marques manifestou hoje “sentimentos mistos” ao apurar Portugal para os Jogos Olímpicos na classe ILCA 7, confessando-se satisfeito pelo êxito, mas não com o seu desempenho nos Mundiais, em Haia.

“São ‘mixed feelings’ [sentimentos contraditórios]. Estou contente, era o principal objetivo de estar aqui, qualificar o país para os Jogos Olímpicos, mas eu próprio queria mais. Um resultado digno, sentir que fiz boas regatas”, desabafou, em declarações à Lusa.

Eduardo tem sido regularmente top 10 em regatas das principais provas internacionais, mas nos Países Baixos só por duas vezes o conseguiu nas 10 provas que fez.

“Foi tudo muito atabalhoado, com correntes, largadas fora, atrás, à frente… grande confusão. E no final, fui o último país apurado. Mas estou contente. Agora será uma nova etapa”, salientou.

Esta manhã, o atleta luso partiu para as duas últimas provas a uma posição dos 16 países qualificados para Paris2024, contudo, na primeira, foi 46.º, o seu pior desempenho na competição, que descartou, acabando por virar o cenário negro a seu favor com um quarto lugar na derradeira oportunidade.

“Estava fulo. O Luís [Rocha], o meu treinador, ainda me tentou dizer ‘agora vamos ter de arriscar um pouco’, a tentar manter-me lúcido. Mas eu disse-lhe ‘não, esquece – ainda por cima o vento começou a subir – isto agora é meu!”, contou, recordando que foi dos primeiros a largar e que cruzou a frota “sempre a fundo, sempre a dar-lhe”.

Partiu no 32.º da geral e com a quarta posição ascendeu a 24.º, o 16.º em termos de nações, a derradeira a garantir qualificação para Paris2024.

Apesar de ter assegurado a vaga para Portugal, Eduardo Marques vai ser sujeito a luta interna para ser ele a defender a sua conquista, perante o seu antigo aluno Lourenço Mateus e com Santiago Sampaio, ambos com desempenhos bem mais modestos nos Países Baixos.

“Significa que somos três velejadores que podem ir representar Portugal nos Jogos de Paris. A federação há-de decidir quais as provas em que isso vai ser decidido. Agora, só vamos pensar em ganhar uns aos outros”, gracejou.

Eduardo Marques destacou ainda a importância de a qualificação ter sido assegurada na primeira de três oportunidades, já que isso vai permitir ao eleito focar-se mais atempadamente no objetivo.

Como prémio, Eduardo Marques deve ter de transportar o seu barco, conduzindo de regresso a Portugal.

Portugal já garantiu também lugar em Paris2024 nas classes ILCA 6, por Vasileia Karachilou, e em 470, por Diogo Costa e Carolina João.