A velejadora Kirsten Neuschäfer disse hoje que visitar o Arquipélago Da Madeira sempre foi um sonho e que serviu para “digerir a experiência” que a permitiu tornar-se na primeira mulher a vencer o ‘Golden Globe 2022’.
“Já há vários anos que sonho em vir à ilha da Madeira e a Porto Santo e como tenho de vender o barco, sabia que tinha de cá vir antes de o fazer”, afirmou a navegante sul-africana, respondendo afirmativamente quando questionada sobre se a deslocação à região serviu igualmente para digerir toda a experiência de dar a volta ao mundo.
A atleta, de 41 anos, fez história ao tornar-se na primeira mulher a vencer o ‘Golden Globe Race’ 2022, ao completar a volta ao mundo no seu veleiro de 36 pés, em 235 dias, sem interrupções ou qualquer apoio.
“Foi uma experiência espetacular, mas foi muito difícil antes de a iniciar para garantir que tinha o barco 100% preparado. Após iniciar foi absolutamente maravilhoso e aprendi muito ao longo de todo o trajeto”, adiantou a velejadora que percorreu cerca de 21.638 milhas náuticas, em oito meses.
A travessia que começou em 04 de setembro de 2022 e terminou em 28 de abril deste ano, na francesa Les Sables d'Olonne, tem como regra que os navegadores façam todo o percurso a solo, em pequenas embarcações projetadas antes de 1988 e desprovidas de qualquer tecnologia moderna, utilizando sextantes em cartas de papel e determinando o clima sem a ajuda de qualquer dispositivo eletrónico, o que se revelou a maior dificuldade de Kirsten Neuschäfer.
“Estar sozinha não foi muito difícil, porque sou uma pessoa solitária, mas não ter qualquer informação sobre a meteorologia tornou a viagem muito difícil, especialmente, na zona do Equador, porque não tinha qualquer vento e não sabia quanto tempo iria ficar lá ‘presa’”, sublinhou, explicando que acabaram por ser duas semanas “sem poder fazer nada, apenas ser muito paciente”.
A competição que se iniciou com um total de 16 velejadores, contou apenas com uma mulher na lista de participantes, a vencedora Kirsten Neuschäfer, tendo terminado apenas com mais dois navegadores, nomeadamente o indiano Abhilash Tomy e o belga Micheal Guggenberger.
Questionada sobre se sente que se tornou num exemplo de superação para as mulheres, a sul-africana sublinhou que nunca foi o seu foco inicial, mas que fica muito feliz por ser esse o desfecho.
“Não foi uma das coisas que me foquei, porque queria competir como igual, mas se encorajar as mulheres a sair e lutar pelos sonhos como deviam sempre fazê-lo deixa-me muito feliz”, frisou.
A atleta, que já escreveu o seu nome na história da navegação, garantiu que não tem nenhuma aventura para breve, porque pretende “digerir a experiência e escrever sobre ela”, revelando que já recebeu várias propostas para fazer um documentário e que isso será, certamente, naquilo em que irá se focar nos próximos tempos.
A competição em que participou é uma recriação do ‘Sunday times Golden Globe Race’, de 1968/69, vencido pela primeira vez por Robin Knox-Johnston, que se tornou na primeira pessoa a dar a volta ao mundo, sem qualquer interrupção ou assistência.
A quarta edição, após 1968, 2018 e 2022, vai acontecer em 2026, mas Kirsten Neuschäfer afasta a possibilidade de voltar a participar.
“Já o fiz e aprendi muito com isso, mas levou-me quatro anos de preparação e de corrida, por isso gostaria de experimentar algo diferente”, afirmou.
A atleta contou com uma breve homenagem junto à nova Marina, no Funchal, onde marcaram presença elementos ligados ao Turismo da Madeira e do Clube Naval do Funchal.
Kirsten Neuschäfer, que chegou à ‘pérola do Atlântico’ na segunda-feira ao final da tarde, vai permanecer na região até quinta ou sexta-feira.
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