As voleibolistas portuguesas Marta Hurst e Neusa Neto, ao serviço do OSACC Haro Rioja Vóley e Avarca de Menorca, respetivamente, manifestaram-se hoje apreensivas face à pandemia de Covid-19 e apelam a que todos cumpram as diretrizes das autoridades.
A Real Federação Espanhola de Voleibol (RFEVB) decidiu-se pelo cancelamento dos campeonatos, tendo a Liga feminina terminado à 20.ª jornada, com o May Deco Voleibol Logroño, campeão em título, na liderança, com 57 pontos, o Avarca de Menorca, de Neusa, em segundo, com 48, e o OSACC Haro Rioja Vóley, de Marta, em quinto (40).
Marta Hurst, que liderava o ‘ranking’ das melhores zonas 4 (atacantes) e Neusa Neto, central que regressava aos pavilhões após lesão, veem com apreensão o desenrolar dos acontecimentos e apelam à “solidariedade e compreensão de todos”, para enfrentar “um adversário comum”.
As atletas referem, em declarações aos canais de comunicação da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV), que a cicatriz deixada pela pandemia do novo coronavírus irá levar a uma sociedade mais consciente e unida e a um futuro melhor.
“Decidi ficar em Espanha porque a zona onde resido (Haro, La Rioja) foi das primeiras do país a ter um surto de casos. Antes de Madrid, era a zona do país com mais casos por habitante”, referiu a internacional portuguesa Marta Hurst.
Para a atleta não fazia sentido voltar para Portugal, não só pelo facto de ter de fazer a viagem em si, mas também pela simples razão de poder ser portadora doo vírus e não ter nenhum sintoma.
“Não achei que fosse responsável da minha parte voltar a casa, por mais que gostasse de poder estar junto da minha família”, explicou.
Em relação ao plano de treino, Marta Hurst, como atleta profissional, tenta manter a forma física já a pensar na próxima época.
“É uma manutenção mais difícil de obter, pois a quarentena obriga a que eu esteja sempre em casa. A única opção são circuitos com exercícios possíveis de fazer em casa, que apesar de serem sem uma adição de carga externa elevada, ajudam o corpo a manter-se ativo”, disse.
Por seu lado, e face ao fim abrupto do campeonato, Neusa Neto tem procurado “soluções para poder regressar a casa em segurança o quanto antes”, sendo que “por enquanto”, não tem “grandes opções” sem ser ficar onde está de momento, “em Menorca”.
A atleta refere que desde que foi imposto em Espanha o estado de alerta, apenas saiu para ir às compras e os dias têm-se resumido a estar em casa, manter-se a par das últimas notícias, da família e amigos, e organizar forma de regressar a Portugal.
“O exercício físico em casa tem sido um desafio, principalmente porque passei a última semana preparando-me para viajar no passado dia 20 [o que não me foi permitido], mas nos próximos dias já terei um plano individual de treinos mais organizado, já que sei que não poderei deslocar-me pelo menos até ao final do mês”, frisou Neusa Neto.
Na sociedade espanhola, vivem-se tempos muito complicados – com 2.696 mortos, 514 nas últimas 24 horas, número que só é superado pela Itália e pela China – e o país está praticamente parado.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro de 2019, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, há 33 mortos e 2.362 infetados confirmados. Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril
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