Antes de lerem esta crónica, devem ter noção que por engano ela foi enviada para o William Carvalho e só por esse motivo vem com três dias de atraso.

Na passada terça-feira, um dia bonito, pelo menos em Portugal, (em Leipzig não sei, porque sou pobre e ninguém me oferece bilhetes) a nossa Seleção levou de vencida a Chéquia, mais conhecida na minha geração como a República Checa de 96, pela 'chapelada' do 'Poborský' ao Vítor Baía. Por falar em Vítor Baía, alguém sabe se o homem já saiu da depressão pós eleições do FC Porto?

Foi a estreia de Roberto Martinez no banco de Portugal e como conhecedor atento da realidade portuguesa, o espanhol quis impressionar.

Como bom português, pôs-se a inventar. Tipo os tios quando vão a vossa casa fazer um churrasco e dizem que isto estava bem era ali, aquilo não era preciso aqui e quando dão conta têm a casa do avesso e muito menos funcional.

Fez uma revolução à esquerda a lembrar os velhos tempos da 'Geringonça', mas com o mesmo efeito da altura, pouco ou nada a funcionar.

Martinez tirou Inácio e Palhinha do 11 habitual e lançou Pepe e Vitinha. Não sei se os jogadores preteridos teriam apenas pulseira laranja como no "Rock in Rio", mas foram a Sónia Tavares e Bárbara Guimarães da Seleção. Falta saber se comeram o croquete com a salada russa ou não. Em todo o caso, croquete não é aperitivo de uma área VIP, é aperitivo de um bom tasquinho.

O jogo, ora bem, o que dizer do jogo? Foi remar sempre contra a maré, mas sem termos os braços do Fernando Pimenta. Tentamos e tentamos marcar e a Chéquia na primeira vez que vai lá com perigo inaugura o marcador.

É nesta fase em que entra em jogo a nova sensação de Portugal, "Fernando Martinez Schmidt". Nascido de uma relação extraconjugal entre o ex-selecionador Fernando Santos e o futuro ex-técnico encarnado, Roger Schmidt. Se de um lado tem o talento para atar jogos e desperdiçar oportunidades, do outro tem o medo abismal de fazer substituições antes dos 90 minutos.

Assim foi, Portugal começou a lançar bolas para a área mais rápido do que José Malhoa lança "hits" de verão e num desses lances Hranac (parece nome de antidepressivo) marca na própria e devolve a esperança aos portugueses.

É aqui que Martinez falha ainda. Não pode lançar um jogador aos 90 e ele resolver o jogo. É aqui que Fernando Santos e Roger Schmidt deixam o treinador espanhol a léguas. Nunca na vida com aqueles dois mestres do futebol moderno isto aconteceria. É por isso que agora uns estão a treinar o todo poderoso Azerbaijão e outros estão a disputar torneios menores como o Euro24 ao serviço da modesta Seleção Portuguesa.

O jogador a que me refiro acima, já agora, é o Francisco Conceição. Conhecido na atual gíria futebolística, como o "Espalha brasas".

Estamos em Junho, época de Santos, faz sentido, neste momento não há um português que não goste de um bom espalha brasas. Em Julho e Agosto, se calhar é melhor mudar o nome, principalmente se morar perto de uma corporação de bombeiros.

Francisco bateu ontem um recorde que será difícil de quebrar, um minuto, um toque, um golo e um cartão amarelo.

Cristiano Ronaldo no final do jogo abraçou o jovem português, por dois motivos:

1 - Não quer guerras familiares, uma disputa entre o Clã Aveiro e o Clã Conceição poderia ser mais devastador do uma luta entre os "Peaky Blinders" e a família de 'Luca Changretta'.

2 - Ainda não tinha reparado no recorde absurdo que o Francisco Conceição tinha conseguido alcançar.

Com três pontos no bolso, Portugal espera pela Turquia, na esperança de que Ventura esteja certo e que eles não se esforcem muito por trabalhar.