“Na minha opinião, [o SC Braga] é a melhor equipa a jogar em Portugal. Estou a falar da beleza e da forma como chegam à baliza adversária. Quando têm bola, para mim, talvez seja a melhor equipa a jogar em Portugal”. As palavras são de Sérgio Conceição, remontam ao início do mês e, desde então, este tem sido o debate: é de facto a equipa bracarense a que melhor joga em Portugal?
O técnico do FC Porto falou especificamente do momento ofensivo – “quando têm bola” – e, além disso, deixou claro que está em causa uma questão de estética – “estou a falar da beleza”. Nesse sentido, e embora os gostos cada um tenha os seus, parece-me justo considerar que os guerreiros são, efetivamente, a equipa com a organização ofensiva mais interessante de Portugal. Capazes de atacar por dentro e por fora, em espaços curtos ou maiores, são a equipa mais completa e com mais soluções a nível coletivo.
O que acaba por limitar este modelo de jogo positivo, que se desdobra em mais do que um sistema (o 3-4-3 é muito utilizado, mas também já se viu a equipa disposta em linhas de 4 defesas), é a menor qualidade individual da linha defensiva quando comparada com a dos restantes candidatos, especialmente no que aos centrais diz respeito. O SC Braga acaba, por isso, por ser uma equipa bem menos segura do ponto de vista defensivo sobretudo do que o Sporting CP.
Ainda assim, mesmo com a longuíssima sucessão de jogos que teve, várias ausências prolongadas por lesão e até a saída de Paulinho no mercado de janeiro, Carlos Carvalhal tem conseguido manter uma regularidade espetacular. O SC Braga encontra-se no 2.º lugar da Liga NOS e na final da Taça de Portugal, isto já depois de ter chegado à final da Taça da Liga, que perdeu para os leões, e à fase a eliminar da Liga Europa, caindo somente perante a AS Roma de Paulo Fonseca.
A competência coletiva que o técnico conseguiu incutir é o principal fator de diferenciação, mas quando há esta clarividência de todo o grupo perante as ideias do treinador, os valores individuais aparecem com maior regularidade. Além dos já estabelecidos Ricardo Horta e Paulinho, a equipa tem visto Matheus realizar a melhor temporada desde que está em Portugal, Al Musrati confirmar o potencial que lhe era reconhecido em Vila do Conde (é dos melhores médios defensivos da Liga), e até Piazon e Abel Ruiz têm aparecido muito bem nesta 2.ª volta, fazendo esquecer rapidamente a perda de Paulinho.
Assim, a 9 pontos do líder Sporting CP, pensar no título pode suar a uma meta demasiado alta, mas existindo ainda um encontro entre as duas formações por se jogar, não é um cenário a excluir totalmente, embora garantir um lugar na próxima Liga dos Campeões pareça o cenário mais viável. Num ano em que o SL Benfica investiu como nunca, em que os leões realizam uma das melhores temporadas de sempre e, claro, ainda há o campeão FC Porto, garantir um lugar no dois primeiros seria magnífico e mesmo no top-3 seria sempre um sucesso para o clube de Braga.
Sendo ou não quem melhor joga em Portugal, por aquilo que fez até aqui, a equipa dos guerreiros e os seus adeptos têm toda a legitimidade para sonhar alto. Seja isso imaginar o hino da Liga dos Campeões a tocar na Pedreira no próximo ano ou até pensar no título daqui a poucos meses. Para tal, todos os jogos até ao final serão fundamentais, mas o embate com o SL Benfica daqui a duas jornadas é fundamental. E, nesse confronto direto, nos últimos três jogos… ganharam os de Braga.
Comentários