Jorge Jesus e Rúben Amorim, aos dias de hoje treinadores do SL Benfica e do Sporting CP, trabalharam outrora juntos ao longo de 7 temporadas. É um período considerável e, por isso, torna-se natural que o agora treinador dos leões tenha retido muito daquilo que Jorge Jesus tinha para ensinar. Essa influência foi confirmada pelo próprio Rúben Amorim, ontem na conferência de imprensa de lançamento do jogo, embora o técnico dos leões também tenha frisado que são treinadores bem diferentes: “passei muito tempo com ele e com outros, retive coisas dele, como a exigência, e de outros treinadores. Mas somos completamente diferentes, com personalidades diferentes”, sublinhou.
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Hoje, em Alvalade, será a primeira vez que os dois se enfrentam – mesmo que o técnico das águias possa não estar presente no jogo, por ter acusado positivo à covid 19 – e, também por isso, será um jogo interessante de seguir: mas será o aprendiz a “copiar” o mestre? A tendência é ser assim que acontece – o mais experiente influencia o mais jovem, que de forma mais ou menos clara acaba por aplicar conceitos que experienciou com o tal mestre – mas hoje no dérbi é uma possibilidade o cenário inverter-se.
Desde que surgiu como treinador, Rúben Amorim tem mostrado uma convicção forte no jogo que idealiza: a estrutura, em 3-4-3, é inegociável, no Sporting CP ou nos seus anteriores clubes, e os princípios também não sofrem muitas alterações, embora haja um ou outro ajuste às características dos seus jogadores. Contudo, ultimamente os leões têm vivido maiores dificuldades quando encontram adversários que replicam o seu sistema tático, provocando igualdades numéricas ao longo do campo e provocam encaixes individuais no momento da construção leonina.
Jorge Jesus, embora sem jogar em 3-4-3 de forma continuada há já muito tempo (o 4-4-2 tem sido o sistema tático mais utilizado nas últimas épocas da carreira), já experimentou esse “plano B” na atual temporada – contra o SC Braga, na Taça da Liga, curiosamente ou não frente a uma equipa que também se organiza numa estrutura semelhante à do Sporting CP. Não será, por isso, de estranhar caso as águias coloquem Weigl entre os centrais, não apenas na construção, mas de forma permanente ao longo do encontro.
O objetivo, caso se confirme a disposição táctica em 3-4-3, poderá passar por um maior equilíbrio numérico em todas as zonas do terreno (3 contra 3 na primeira fase de construção do Sporting CP, 2 contra 2 no meio-campo e nas alas e, por fim, 3 atrás para suster os 3 da frente de Amorim). Jesus costuma apostar no lado estratégico nos jogos grandes (no Dragão apostou em Grimaldo como extremo, por exemplo) e esse é também um indicador de que pode haver surpresa em Alvalade.
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