Jorge Jesus disse e tem de facto um vasto grupo de jogadores que lhe garante formar uma equipa de grande qualidade. Ontem comprovou-o dado que as ausências de Gáitan e Salvio foram parcialmente bem colmatadas pelos substitutos.
Jesus está também a flexibilizar as suas ideias. O regresso de Enzo e de Maxi aos seus lugares de origem demonstra isso mesmo. É óbvio que a aquisição de Fejsa, um excelente jogador, estabilizou o corredor central, valorizando a consistência nessa zona. Essa opção desviou Enzo. Mas as mudanças não ficaram por aqui, dado que Lima e Rodrigo ficaram no banco. Com todos os jogadores aptos para jogar, o embaraço de Jesus vai estar na escolha.
Outra surpresa de Jesus é o regresso ao aproveitamento dos lances de bola parada. Os quais muito contribuíram para a conquista do seu único título de campeão. O golo de livre, frente ao Paços de Ferreira, apesar de não ser inédito, não deixa de ser uma obra de arte. Ontem, surgiu outro livre muito semelhante na estrutura, ao executado pelo Red Leipzig. Sabendo que estes lances ultrapassam os 50% dos golos obtidos, é fundamental, imitar, mas de preferência inovar para surpreender!
Neste início inesperado de época do Benfica, “não há bela sem senão”. As lesões, a paragem, a recuperação e a mudança de jogadores alteram e afectam o estilo de jogo e a capacidade física. Estas situações pesam no rendimento. As ausências de Gáitan e de Salvio aliadas às alterações realizadas obrigaram Jesus a apresentar um estilo atacante diferente nas movimentações e na evolução, o que de certa forma desgastou prematuramente alguns jogadores.
Contudo o Benfica realizou uma excelente primeira parte, praticou um futebol veloz e bem jogado, que eclipsou o Anderlecht. Forte e seguro a defender, rápido e prático nas ações atacantes. Teve momentos deslumbrantes a relembrar a filosofia de jogo de Jesus. Futebol de ataque, para marcar golos e vencer, praticando o futebol espectáculo.
Jesus apresentou um trio atacante sem posição fixa; esta troika deambulou em envolvimentos perturbadores para a defesa dos belgas. Até Cardozo pisou várias vezes os corredores laterais.
Os sérvios? Servem e de que maneira. Fejsa foi o melhor em campo. Um pêndulo no tic-tac de defesa-ataque. Markovic é o motor do futebol encarnado, este jovem e criativo jogador alia a técnica à velocidade e torna-se num bólide quase imparável. Djuricic, fez um golo fácil, tem a vantagem de ser rápido. Se crescer tacticamente e conseguir conciliar a técnica com a velocidade será um elemento a considerar.
A segunda parte, pelos motivos apresentados, foi um período menos brilhante. Pode argumentar-se que esta fase foi mais do que suficiente para controlar o maior ímpeto do Anderlecht. Mas na realidade, este facto surgiu face ao desgaste físico originário das alterações individuais e tácticas. Por isso o Benfica não conseguiu manter o ritmo ou o fulgor da etapa inicial.
O Benfica neste momento só necessita adquirir capacidade física para aguentar os noventa minutos e definir os seus estilos de jogo. Porque jogadores e treinador, tem!
Comentários