O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, assegurou que José Maria Pedroto "continua a marcar profundamente a identidade portista", na véspera de se assinalarem 40 anos desde a sua morte.
Na antestreia do documentário "José Maria Pedroto, um Homem Superior", o líder portista lembrou que o legado do 'mestre', como é conhecido no universo 'azul e branco', no clube e no futebol português perdura até aos dias de hoje.
"Não foi apenas um treinador inovador, mas também um líder visionário que marcou e continua a marcar profundamente a identidade portista. José Maria Pedroto não é uma figura do passado, ele continua a ser uma fonte de inspiração para o clube e para os seus sócios e adeptos. Tal como o seu FC Porto, José Maria Pedroto é maior do que a vida e vive omnipresente através do legado que nos deixou", garantiu Villas-Boas, no seu discurso.
Enquanto técnico, o ex-médio ficou na história como o obreiro do bicampeonato conquistado pelos 'dragões' em 1977/78 e 1978/79, que marcou o fim de um 'jejum' de 19 anos, e, na sua terceira e última passagem, ter alicerçado com Jorge Nuno Pinto da Costa, que não marcou presença no evento, as fundações do FC Porto que viria a tornar-se campeão europeu com Artur Jorge, dois anos e meio depois da sua morte (1986).
O atual presidente portista lembrou a "singularidade" com que o Pedroto transmitia a sua mensagem, destacando a capacidade de transformar esse "dom da palavra" numa mentalidade batalhadora incutida nos seus jogadores, que, por sua vez, se traduzia em vitórias.
"Essa comunhão de vontades, esse vício de vencer que se entranhou no FC Porto, esse orgulho de sermos construtores do nosso futuro, de sabermos o que vale o trabalho diário, muito se deve a um homem simples que mais não quis do que ser respeitado pelo seu trabalho e por ter defendido com sabia e honradez a sua família e o FC Porto. Partiu cedo de mais e deixou saudades", recordou o atual presidente portista.
A juntar-se ao 'coro de louvores' estava João Pinto, o jogador com mais jogos de sempre pelos 'dragões' (586) e que foi orientado por Pedroto no início da sua carreira, antes do forçado afastamento do treinador por motivos de saúde.
Em declarações à margem aos jornalistas, o emblemático capitão portista constatou que o presente FC Porto tem ilações a retirar das memórias do ex-treinador, nomeadamente em termos de competitividade com que se batia com os rivais.
"O que o FC Porto atual tem a aprender com o senhor Pedroto é que, naquela altura, era um clube que lutava contra os dois clubes rivais da capital, o Benfica e o Sporting. Como foi dito no documentário, passei várias vezes por isso quando comecei a jogar futebol profissional, quando atravessávamos a ponte e já estávamos a perder 3-0. As pessoas de Lisboa brincam com isso, mas nós, que sentíamos na pele, sabíamos que era verdade. A vinda do senhor Pedroto, juntamente com a entrada de Pinto da Costa para a presidência, fez-nos ver que tínhamos de lutar muito para ganhar o que nunca tínhamos ganho", sentenciou.
Rui Pedroto, filho do homenageado e o escolhido da André Villas-Boas para vice-presidente com a tutela dos projetos sociais, também expressou à comunicação social, num tom visivelmente emocionado, a garantia de que o pai estaria a torcer pelo sucesso da "nova época" do clube.
"Ele está atento ao FC Porto. Estaria a viver com entusiasmo esta nova época e a torcer do lado de fora para que consigamos conquistar o título de campeões nacionais. Tenho a certeza de que lá, onde ele estiver, e se 'Memória desta vida se consente', citando Camões, ele estará a repousar eternamente e a desejar que o FC Porto tenha muito sucesso. Um sucesso que é de outros, mas é como se fosse dele", concluiu.
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