Os juízes responsáveis pelo julgamento da ‘Operação Malapata’, que tem o empresário de futebol César Boaventura como um dos principais arguidos, solicitaram hoje a colaboração das autoridades canadianas para localizar uma das testemunhas no processo.

Este pedido de cooperação internacional, emitido hoje em nova sessão do julgamento, no Tribunal de S. João Novo, no Porto, visa que o empresário luso-canadiano José Lima, que terá ligações a Boaventura, possa prestar esclarecimentos, pois, até ao momento não correspondeu aos contactos para participar nas sessões, através de videoconferência.

O tribunal considerou essencial o depoimento de José Lima para o apuramento da verdade, tal como o de Paulo Lopo, ex-presidente da SAD do Leixões, e agora dirigente do Estrela da Amadora, que também ainda não prestou esclarecimentos, e será notificado pessoalmente pela PSP ou GNR para testemunhar numa próxima sessão.

A ausência dos contributos destas duas testemunhas fizeram adiar as alegações finais, que estavam previstas para hoje, sendo que a próxima sessão do julgamento ficou agendada para 20 de junho, às 14:00.

Ainda assim, a sessão de hoje contou com novos esclarecimentos dados ao tribunal por César Boaventura, sobre uma verba de 900 mil euros, adiantada pelo empresário Marco Carvalho, que atua na área da metalurgia, referente a um investimento na empresa de agenciamento de jogadores FCC.

Boaventura explicou que parte desse valor, a rondar os 400 mil euros, foi utilizado para agilizar a transferência do jogador Houssem Aouar, dos franceses do Lyon para os alemães do Bayern de Munique, em 2022, num negócio que estaria avaliado em 15 milhões de euros.

O empresário disse que esses 400 mil euros foram entregues ao irmão e agente do jogador, mas que este, quando o negócio acabou por não se concretizar, prometeu devolver, algo que, até ao momento, não terá acontecido.

César Boaventura detalhou ainda que outra parte dos 900 mil euros adiantados por Marco Carvalho foram consumidos pelo funcionamento da empresa FCC, nomeadamente com gastos com pessoal, mas também em outros negócios que ambos detinham, nomeadamente em obras de recuperação de dois imóveis, em Barcelos e Samora Correia, e também num negócio envolvendo um ginásio.

As explicações da aplicação e destino desse dinheiro, assim como de outros negócios, preencheram grande parte do tempo da sessão, onde, na parte final, foi ouvida uma testemunha.

Tratou-se de José Bandeira, amigo de César Boaventura, e contabilista de profissão, que confirmou ter emprestado, a título pessoal, mais de 200 mil euros ao empresário de futebol, ao qual o mesmo terá devolvido cerca de 60 mil euros.

César Boaventura, um dos arguidos no âmbito da 'Operação Malapata', que investiga transferências de jogadores, está acusado de 10 crimes.

Em causa estão crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

A próxima sessão do julgamento acontece a 20 de junho, às 14:00, também no Tribunal de S. João Novo, no Porto.