O Benfica foi derrotado pelo Vitória de Setúbal por 1-0, em jogo a contar para a 19ª jornada do campeonato. Zé Manuel, jogador emprestado pelo FC Porto, fez o único golo do encontro, numa partida em que a ‘águia’, jogando no sul, nunca encontrou o norte. Depois de uma derrota frente ao Moreirense, o Benfica voltou a escorregar, desta feita frente ao Vitória de Setúbal, em jogo disputado no Estádio do Bonfim, relançando a luta pelo título, com o FC Porto a um ponto e com o Sporting a sete.
Zé Manuel marcou aos 21 minutos o golo solitário da contenda, num jogo em que os ‘encarnados’ nunca conseguiram encontrar os melhores caminhos para a baliza defendida pelo guarda-redes ex-Benfica, Bruno Varela.
O jogo: consistência defensiva e golo em contra-ataque decidem jogo para os sadinos
A primeira parte trouxe um Benfica com poucas ideias e sem impor velocidade ao seu jogo, procurando criar desequilíbrios mais pela ala direita, aproveitando a velocidade de Nélson Semedo e a técnica apurada de Zivkovic, jogador que "fez" de Salvio neste encontro. No entanto, pela frente teve uma equipa muito organizada do Vitória de Setúbal, que fechou bem o miolo e aplicou uma pressão alta ao portador da bola, complicando a criação de oportunidades.
Depois de dois lances de perigo iminente, por Mitroglou e por Cervi, foi em contra-ataque que o Vitória conseguiu o golo que ditou o resultado final deste encontro. Numa boa jogada de insistência de Edinho, a bola chega a Arnold, que cruza para a cabeça de Zé Manuel, que remata sem oposição no meio dos gigantes do Benfica.
Durante o resto da primeira parte, a equipa de Rui Vitória não conseguiu transformar a superioridade clara de posse de bola em golos, perdendo muitas bolas em zonas intermediárias e cometendo muitas faltas sobre os sadinos, que conseguiam antecipar a maior parte dos movimentos das ‘águias’. O Benfica parecia apático, sem ideias, sem fio de jogo. Pizzi não conseguiu guiar a manobra ofensiva da equipa e nem a descida de Jonas para ajudar dava clarividência ao jogo encarnado. Exceção feita a Zivkovic e Cervi, os inconformados que tentavam, através de movimentos rápidos nas laterais, desconcertar a defesa ‘setubalense’.
Mas do outro lado surgia um Vitória personalizado, com ideias bem claras na partida, fechando o corredor central das ‘águias’ e levando o Benfica para as alas, onde surgiam vários jogadores a pressionar para que os jogadores ‘encarnados’ perdessem a bola.
Na segunda parte, a entrada de Rafa para o lugar de Cervi deu mais largura ao Benfica, que estava balançado para o ataque e procurava, a todo o custo, o golo. No entanto, o clube da Luz tentava e tentava mas a muralha sadina era difícil de tombar.
Aos 70 minutos, Arnaldo Teixeira, que substituiu Rui Vitória, castigado, no banco do Benfica usou a mesma tática que o seu treinador utilizou no jogo que quinta-feira contra o Moreirense: a aposta em três centrais. André Almeida sai, Carrillo entra e o Benfica começa a jogar numa espécie de 3-5-2, com Fejsa, Luisão e Lindelof a assumirem o papel de centrais num esquema que não deu resultado frente à equipa de Moreira de Cónegos e voltou a não surtir efeito contra o Vitória de Setúbal. A entrada de Carrillo e mais tarde de Jovic (para o lugar de Pizzi) não trouxeram nada de novo ao jogo. O peruano continua a não conseguir afirmar-se e voltou a não conseguir mostrar todas as credenciais que lhe eram imputadas no Sporting.
No final, o Benfica somou a segunda derrota consecutiva e permitiu a aproximação dos rivais FC Porto e Sporting. Os dragões venceram o Estoril e estão agora a um ponto do líder, enquanto os leões derrotaram o Paços de Ferreira e estão a sete pontos das ‘águias’. Seguem-se dois jogos em casa, frente ao Nacional e ao Arouca, para tentar “dar a volta à situação”, como disse Jonas. O Vitória de Setúbal sobe ao sexto lugar e poderá aspirar a uma posição que dê oportunidade para jogar as eliminatórias europeias.
Momento-chave: Golo de Zé Manuel
Contra a corrente do jogo, num contra-ataque venenoso, Zé Manuel fez o primeiro e único golo dos sadinos, abrindo as portas para um encerramento das linhas do Vitória de Setúbal, numa muralha muito forte, que o Benfica nunca conseguiu penetrar.
Polémica: Nos descontos, Carrillo cai na área sadina, João Pinheiro nada assinala
Nos derradeiros momentos do encontro, André Carrillo circula na área sadina e é derrubado por Nuno Pinto, num lance de difícil análise para o árbitro. João Pinheiro nada assinala e o jogo termina pouco tempo depois.
Os melhores: Mikel, Arnold e defesa do Vitória de Setúbal
Mikel: o médio emprestado pelo FC Porto foi o tampão que bloqueava e desbloqueava jogo. O nigeriano quebrou muitas manobras ofensivas do Benfica e foi um dos principais motores do jogo sadino nas recuperações de bola e nas saídas para o contra-ataque.
Arnold: O extremo foi sempre um dos elementos mais perigosos nos contra-ataques que o Vitória de Setúbal criava. Fez a assistência para o golo e esteve sempre presente nas manobras atacantes ou nas recuperações de bola dos sadinos.
Defesa do Vitória de Setúbal: Fábio Cardoso e Frederico Venâncio foram imperiais em quase todos os lances, impedindo uma boa posição de remate de cabeça para executantes como Mitroglou ou Luisão. Nas alas, Nuno Pinto e Vasco Fernandes realizaram um jogo bastante esforçado, travando muitas vezes as iniciativas de Rafa, Cervi ou Zivkovic.
Os piores: Pizzi, substituições do Benfica e primeira parte do Benfica
Pizzi: o “comandante encarnado” não está a render aquilo que já rendeu no Benfica. Perdeu muitas bolas e falhou vários passes, nunca conseguindo assumir a batuta do xadrez dos ‘encarnados’. Mérito do Vitória de Setúbal, que condicionou a capacidade de pensar o jogo do médio.
Substituições do Benfica: Rui Vitória continua a apostar, em situação de desvantagem, na colocação de mais peças de ataque no retângulo do jogo. Se a entrada de Rafa ainda mexeu com a partida, a escolha de Carrillo e de Jovic, com a consequente alteração tática do onze das ‘águias’ resultou num Benfica mais aberto e levou mesmo a um ascendente do Vitória de Setúbal, que conseguiu espaços na defesa ‘encarnada’ que ainda não tinha conseguido na segunda parte.
Primeira parte do Benfica: Se o Benfica entrou bem no jogo, essa vontade de vencer esmoreceu após o golo sofrido. Os ‘encarnados’ não souberam encontrar o caminho para o golo, terminando a primeira parte com 6 remates e apenas 2 deles em direção à baliza.
Reações:
Couceiro: "Se acabasse empatado, não sairia triste"
Couceiro: "Se o árbitro marcasse penálti sobre Carrillo teria de aceitar"
Jonas: "Pressão? Se mantivermos até ao fim essa vantagem vamos ser campeões"
Zé Manuel: "Mostrámos que somos uma grande equipa"
Adjunto de Rui Vitória responde a NES: “Pressão não existe no nosso dicionário”
Curiosidades:
- O Benfica mantém uma tendência negativa esta época: nos sete jogos em que esteve em desvantagem, nunca conseguiu uma reviravolta (7 jogos, 2 empates e 5 derrotas)
- A última vitória do V. Setúbal contra o Benfica havia sido em 2007/2008, em jogo a contar para a Taça da Liga. Para o campeonato, os sadinos não venciam as ‘águias’ desde 1998/1999.
- Com 45 pontos à 19ª jornada, esta é a pior pontuação do Benfica desde 2010/2011, quando somava os mesmos pontos.
- Benfica não marcou qualquer golo pela 1.ª vez esta época.
- Com 28 pontos à 19.ª jornada, esta é a melhor pontuação que o Vitória de Setúbal tem desde 2007/2008.
- Antes deste jogo, o Benfica marcava consecutivamente há 42 jogos. A última vez que tinha ficado em branco acontecera em Munique, em abril.
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