Vinte anos após ter recebido dois jogos do Euro2004, o Estádio Municipal dr. Magalhães Pessoa, em Leiria, é hoje casa para uma dezena de modalidades, e sonha com mais do que a Taça da Liga, assume o presidente da Câmara.

Diariamente, a atividade abrange atletismo, bilhar, dança, escalada, esgrima, futebol, kickboxing, pentatlo moderno, ténis de mesa e tiro com arco.

Pontualmente, recebe também andebol, basquetebol, jiu-jitsu, karaté, OCR – Corrida de obstáculos, ultimate frisbee e voleibol, avança o município

Segundo o presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, há um esforço para que o estádio “consiga trazer retorno económico e desportivo à região de Leiria”.

“Daí uma grande aposta não só naquilo que é o projeto da União de Leiria, mas também na realização de um conjunto de atividades laterais, não só desportivas mas também empresariais”, disse à agência Lusa Gonçalo Lopes.

Reconhece-se um empenho especial com o futebol: desde 2021 que Leiria acolhe a Taça da Liga, o que capacita a infraestrutura com “condições excecionais para a prática do futebol”. Tem classificação ‘premium’, reconhecida pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) a nove estádios no país – dos do Euro2004 só Aveiro e Algarve não têm.

“A Taça da Liga cresceu com o estádio de Leiria e o estádio de Leiria cresceu muito com essa competição”, realça o autarca.

Mas a parceria entre o município e a SAD da União de Leiria para recolocar a equipa nos campeonatos profissionais é o “aspeto decisivo” para o futuro do estádio. “Vai depender muito daquilo que é o crescimento da União de Leiria na I Liga”:

“Muitas vezes foi criticado o projeto da União de Leiria porque não tinha adeptos. Agora, o estádio, mesmo com jogos da III divisão e da II divisão, tem assistências muito, muito maiores do que alguns clubes da I Liga”, destaca o autarca.

Na II Liga, com entradas livres, campanhas nas escolas e de animação, a União de Leiria atraiu esta época quase 100 mil espetadores, à média de 5.700 entradas por jornada.

O presidente da SAD da União de Leiria, Armando Marques, reconhece o papel do estádio na recuperação da equipa:

“É um estádio que pertence ao município, é um estádio dos leirienses. A União de Leiria aproveitou esta infraestrutura para fazer dela o seu quartel-general e para, a partir daqui, conquistarmos aquilo que queremos”.

A reconciliação com os adeptos, mesmo com resultados menos fulgurantes – 12.º lugar na II Liga -, passa por “transformar a União de Leiria como a principal bandeira, quer da cidade, quer do concelho, quer da região centro”.

O plano passa por cativar aqueles que “são adeptos dos clubes de maior dimensão em Portugal” e, também, “um investimento muito, muito forte nas crianças do 1.º ciclo, através da nossa mascote, o MiniUni”, para os convencer de que “um dia poderão ser exclusivamente da União de Leiria” e “virem ao estádio que é deles para apoiar o seu clube”.

A modalidade mais presente no estádio é o atletismo. Os treinos mobilizam diariamente cerca de uma centena de atletas e ali já se disputaram três Taças da Europa de pista, várias Taças da Europa de lançamentos e diversas provas nacionais.

“O estádio é muito importante para nós porque é aqui que preparamos as nossas competições de âmbito nacional, distrital e internacional”, explica o diretor técnico da Associação Distrital de Atletismo e técnico nacional de marcha da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), Carlos Carmino.

O desejo é continuar a receber as mais relevantes competições nacionais e internacionais, apesar da concorrência de outras pistas em Portugal e do vento.

“Aceitamos que tem sido um ‘handicap’. Quando [o vento] entra aqui, faz redemoinho e temos dificuldade em ter um vento certo, que é melhor e mais interessante para as corridas de velocidade e também para os concursos de saltos horizontais”, explicou.

A par do desporto, o estádio é usado para eventos corporativos, como formações e reuniões. Nos últimos anos, acolheu concertos, festas e exposições de viaturas antigas e serviu de centro de acolhimento temporário para refugiados ucranianos, alojamento durante a Jornada Mundial da Juventude. Na pandemia, foi centro de vacinação contra a covid-19.

No futuro, o presidente do município aspira a organizar mais do que a Taça da Liga, cuja ‘final four’ vai ser disputada em 2025 pela quinta vez seguida no recinto, “uma final da Supertaça Cândido Oliveira” e “trazer novamente jogos da seleção nacional”.

“Ao manter o estádio como temos mantido ao longo dos anos, permite-nos ser uma das referências nos estádios nacionais e, portanto, com capacidade para poder atrair eventos”, concluiu.