Com apenas seis anos de existência, sem massa adepta nem campo próprio, o Oriental Dragon chegou esta época ao Campeonato de Portugal, primeira meta do sonho de Qi Chen no caminho rumo às competições profissionais de futebol.
O clube fundado pelo empresário chinês, em 2014, viu a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) franquear, na quarta-feira, as portas da competição aos campeões distritais, acabando premiado pelo primeiro lugar que ocupava na 1.ª divisão da AF Setúbal, com mais 11 pontos que o segundo classificado, o Barreirense, no momento em que a prova foi cancelada, à 18.ª jornada, devido à pandemia de covid-19.
“A partir do momento em que começou a subir divisões, o clube sonha chegar aos campeonatos profissionais, tem vindo a dar passos sustentáveis e a lutar por si próprio. Este é um passo que a administração queria muito e agora estamos a estudar as hipóteses”, disse hoje à Lusa o diretor desportivo do clube, Carlos André.
O responsável pela equipa, que entrou no clube em novembro, quando este já liderava a competição, à quinta jornada, remeteu o “delinear de objetivos” da próxima época para uma reunião com a administração na próxima semana, mas não deixou de revelar a ambição de lutar pela subida à II Liga ou, pelo menos, à futura III Liga que arranca em 2021/22 sob a alçada da FPF.
“Se nos pudermos manter no Campeonato de Portugal não será desprestígio nenhum, mas lutar pelos lugares cimeiros pode ser um objetivo a surgir na reunião que vamos ter, sempre delimitado pela administração. O sonho de quem lidera a administração [Qi Chen] era chegar ao Campeonato de Portugal, que já conseguiu. Agora vamos ver”, apontou o antigo avançado que terminou a carreira, em 2016, no Cova da Piedade.
Nesse sentido, a ausência de estrutura física e massa adepta não é um entrave ao crescimento do clube que, ao que tudo indica, deverá continuar a utilizar as instalações do Moitense, no Campo do Juncal, para os jogos em casa, onde não contam com o apoio de mais do que “familiares, amigos e amigos dos amigos” dos jogadores.
“Tem de ser dado tempo ao tempo para criar bases sustentáveis de estrutura. Não temos ainda os adeptos que queríamos, mas conforme todos os projetos que começam do zero, em qualquer área, tem de se cativar as pessoas para verem o que tem de bom e isso leva o seu tempo”, desvalorizou Carlos André.
Questionado sobre o futuro da ligação de Qi Chen à SAD do Pinhalnovense, clube que vai disputar a mesma divisão que os ‘dragões orientais’ em 2020/21, Carlos André escusou-se a comentar, uma vez que, por uma “questão de princípio”, não se intromete em “assuntos da administração”. A Lusa contactou um elemento ligado à administração do clube, que remeteu para o diretor desportivo quaisquer contactos com a imprensa.
De resto, as conhecidas ligações a outros clubes por parte do empresário que, em 2006, mediou a transferência do chinês Yu Dabao para o Benfica, motivam um “olhar diferente” por parte dos adversários, com uma “desconfiança” que Carlos André não entende, mas garante que não incomoda.
“Por mais que digam, não ligamos. Se nos deixarem crescer e nos respeitarem, somos um clube que pode dar passos importantes porque estamos aqui pelo bem e pelo trabalho”, sublinhou o diretor desportivo.
O Oriental Dragon, primeiro classificado no principal campeonato da associação de Setúbal quando as competições foram dadas por terminadas, devido à pandemia de covid-19, é uma das 20 equipas das competições regionais que vão subir, na próxima época, ao Campeonato de Portugal.
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vai reestruturar o terceiro escalão, criando a III Liga em 2021/22, e, para isso, vai alargar a 96 clubes o Campeonato de Portugal para integrar os 20 campeões regionais, entre os quais o Oriental Dragon.
Os 96 clubes vão ser organizados em oito séries de 12 equipas, nas quais os campeões vão apurar-se para o acesso à II Liga, os quatro seguintes (do segundo ao quinto) para o acesso à III Liga e os últimos quatro (do nono ao 12.º) são despromovidos aos distritais.
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