A nomeação de Filipa Patão para o prémio de melhor treinadora de futebol feminino de 2023/24 é resultado de um trabalho de “tantas outras pessoas” pelas quais dá “a cara”, disse hoje a treinadora do Benfica.

“É um prémio individual, mas representa muito o coletivo daquilo que este clube tem feito, que estas atletas têm feito e que o futebol feminino também tem feito em Portugal”, sintetizou Filipa Patão em entrevista à agência Lusa, no Benfica Futebol Campus, no Seixal.

Segundo a treinadora tetracampeã nacional, “as atletas do Benfica não podem ser melhores se não tiverem outras atletas em Portugal a fazê-las crescer”, ela só pode ser melhor se tiver “os melhores treinadores a disputar” consigo os títulos e “o Benfica não consegue crescer se não tiver todos os outros clubes a caminhar para o mesmo e a serem cada vez melhores”.

“Portanto, isto é um trabalho conjunto que culmina numa pessoa que acaba por dar a cara por tantas outras pessoas que trabalham para o mesmo”, concluiu.

Filipa Patão está nomeada ao lado de treinadores como a luso-francesa Sonia Bompastor, campeã europeia ao serviço do Lyon (2021/22) atualmente no Chelsea, o espanhol Jonatan Giráldez, que conduziu o FC Barcelona à revalidação da Liga dos Campeões (2023/24), e os selecionadores do Brasil, Arthur Elias, de Inglaterra, a neerlandesa Sarina Wiegamn e dos Estados Unidos, a inglesa Emma Hayes.

Só o facto de estar entre nomes tão conceituados “já é muito importante para o futebol feminino português” e “para o Benfica”, pelo que vencer o galardão acaba por ter “o mínimo” de importância.

“Não há, para mim, maior prémio do que ver as minhas jogadoras a evoluírem, a minha equipa a poder conquistar coisas, a lutar para estar em decisões internacionais. E ver também como o futebol feminino português tem crescido, não quero dizer aos ombros do Benfica, mas muito também porque o Benfica tem apostado e feito com que todas as equipas tenham necessidade de crescer”, frisou a nomeada.

O vencedor vai ser anunciado durante a 68.ª gala da Bola de Ouro, que vai distinguir os melhores futebolistas masculino e feminino da época 2023/24, sob organização da UEFA, num total de 10 prémios atribuídos pela revista France Football.

Na lista de 30 nomeadas para melhor jogadora não consta, no entanto, qualquer atleta portuguesa.

“Houve um reconhecimento num treinador, mas ainda não houve nas jogadoras. Não quero utilizar a palavra injusto porque acho que tudo na vida tem o seu caminho, a sua justiça, mas acho que não pecava por excesso ter ali uma ou duas portuguesas que fizeram uma época brilhante no Benfica a nível internacional”, apontou Filipa, preferindo não individualizar.

Questionada pela agência Lusa sobre se a nomeação acaba por lhe abrir as portas para outros patamares do futebol feminino internacional, a treinadora, que em junho renovou contrato com o Benfica até 2027, respondeu que foi ensinada a “não sair de algo quando o trabalho não está finalizado”.

“O nosso trabalho, felizmente, tem aberto horizontes para as equipas estrangeiras, não só nas jogadoras, mas também do staff que está aqui. Portanto, eu quando renovei com o Benfica também tinha outros clubes [interessados] e não foi por agora ter esta nomeação que vai mudar alguma coisa”, refutou a treinadora.

Filipa Patão foi nomeada para melhor treinadora de futebol feminino da época 2023/24, após um pleno de quatro conquistas nacionais pelo tetracampeão Benfica, que chegou pela primeira vez aos quartos de final da Liga dos Campeões na época passada.

Designada em dezembro de 2020 como sucessora de Luís Andrade, Filipa Patão venceu quatro campeonatos, uma Taça de Portugal, duas Supertaças e quatro Taças da Liga no comando técnico do Benfica, mas conseguiu arrebatar pela primeira vez as quatro provas nacionais em simultâneo em 2023/24.

Em paralelo, o Benfica tornou-se o primeiro clube português a ultrapassar a fase de grupos da Liga dos Campeões, na qual tinha sido eliminado em 2021/22 e 2022/23, ao ser segundo colocado do Grupo A, atrás do futuro bicampeão FC Barcelona, mas à frente das alemãs do Eintracht Frankfurt e das suecas do Rosengard.

O prémio de melhor treinador de equipas femininas será entregue pela primeira vez na 68.ª gala da Bola de Ouro, em 28 de outubro, no Théâtre du Châtelet, em Paris, sob inédita organização da UEFA, na sequência do acordo celebrado entre o organismo regulador do futebol europeu e o grupo de comunicação social Amaury, proprietário da revista France Football, que atribui o galardão desde 1956 e continua responsável pela supervisão do sistema de votação.