Após 132 jogos e 39 golos pela seleção, Edite Fernandes acabou a carreira em 2021, então com 41 anos, e foi “lavada em lágrimas” que hoje viu, às primeiras horas da manhã, o apuramento histórico, na vitória contra os Camarões (2-1), na final do Grupo A do play-off intercontinental, disputado na Nova Zelândia.
“Foi um momento único para o país, para a nossa seleção e para todas as gerações que por lá passaram e representaram a seleção. (...) Deram o corpo às balas e conseguiram o feito em campo”, explicou à agência Lusa.
Até a forma como foi conseguido, com um penálti nos descontos concretizado por Carole Costa, demonstra uma sina de “povo sofredor”, disse, mas no cômputo geral “seria extremamente injusto” não conseguir a qualificação, até porque Portugal “teve as melhores ocasiões”.
A antiga referência da seleção, com marcas recordistas na hora de alvejar a baliza, vê neste grupo um conjunto de atletas que “têm nítida noção e reconhecem que foi um longo percurso, ao desbravar caminhos”, até este momento.
“Muitas destas miúdas passaram por mim com 18 e 19 anos. Há um conhecimento, amizade, carinho e cumplicidade. E, da parte delas, um reconhecimento, de um percurso longo, de várias gerações”, comenta a antiga avançada, que envergou a camisola da seleção nacional pela última vez em setembro de 2016.
Em declarações ao canal da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Carole Costa lembrou precisamente Edite Fernandes e Carla Couto como símbolos das gerações anteriores, com a sua quota parte de direito a festejar o feito inédito.
“Chegámos a ser referências para elas, e é motivo de orgulho elas reconhecerem. Foi um longo caminho, de luta e sacrifícios, também com elas. Também tiveram de passar por todo o processo”, considerou Edite Fernandes.
Aos 48 anos, Carla Couto (148 internacionalizações e 29 golos) ainda se cruzou com algumas das futebolistas que hoje fizeram história para o futebol português, e mostrou, à Lusa, ter um “orgulho enorme nesta conquista, um marco importante”.
Este apuramento, considerou, é o culminar “da dedicação, trabalho e entrega tanto de atletas como dirigentes, associações, federações, sindicatos e clubes”, e, por isso, “não podia estar mais feliz e orgulhosa” do feito.
A “palavra de apreço para quem tanto lutou numa outra era, e em outras condições”, é devolvida com “muito carinho, amizade e consideração”, além do reconhecimento do que “muito lutaram para que a modalidade se mantivesse viva e ativa” em Portugal.
Para a frente, e “pelo menos a nível internacional, é uma afirmação clara de potencial e valor”, e Carla Couto espera que este seja “só o primeiro de muitos outros que virão”, deixando um pedido para dentro de fronteiras.
“Em Portugal, que as pessoas comecem a olhar para nós de uma forma ainda mais consistente e séria, e que juntos possamos crescer cada vez mais, com cada vez melhores condições para estas atletas e para as que estão a começar. Isto já não tem volta a dar”, vincou.
A seleção portuguesa feminina de futebol qualificou-se hoje para o Mundial de 2023, ao vencer os Camarões por 2-1, na final do Grupo A do play-off intercontinental, em Hamilton, na Nova Zelândia.
Uma grande penalidade apontada por Carole Costa, aos 90+4 minutos, selou a inédita qualificação lusa, depois de, aos 89, a camaronesa Ajara Nchout ter ‘anulado’ o tento inicial de Portugal, apontado por Diana Gomes, aos 22.
As comandadas de Francisco Neto juntam-se no Grupo E aos vice-campeões em título Países Baixos (23 de julho), ao Vietname (27) e aos detentores do troféu Estados Unidos (01 de agosto), de 20 de julho a 20 de agosto, na Austrália e Nova Zelândia.
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