O presidente da direção da Académica de Coimbra avançou hoje que estima que a homologação do plano de recuperação financeira do clube ocorra em maio, depois de aprovado em Assembleia de credores, na primeira quinzena de março.
“Sem plano de recuperação aprovado, a SDUQ [Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas] não tem futuro. Com plano teremos seguramente uma Académica com futuro”, disse Miguel Ribeiro.
Em setembro de 2022, para fazer face à situação económica da SDUQ, a direção da 'briosa' deu entrada com um pedido de insolvência e reestruturação no Juízo de Comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra, secção de Montemor-o-Velho.
A assembleia de credores definiu que a dívida do clube dos “estudantes” é de 12,9 milhões de euros, distribuída por cerca de 60 credores, sendo que os maiores são o Estado português e a Segurança Social (cerca de dois milhões de euros), o grupo brasileiro Guimarães e Neto (750 mil euros), a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo (300 mil euros) e a Sporting SAD (150 mil euros).
Durante a conferência de imprensa de apresentação do plano de recuperação financeira da “briosa”, que decorreu ao final do dia, o presidente da direção congratulou-se por ter sido apresentado o plano de recuperação atempadamente, “sem recurso a prazos suplementares”, “apesar da sua grande complexidade”.
“Não se trata apenas de um simples plano de pagamentos, mas sim de natureza económica e financeira, pois a situação da SDUQ situa-se a esse nível. Tem uma primeira parte dedicada a um enquadramento teórico da análise histórica e previsional, que abrange os últimos quatro anos”, indicou.
De acordo com Miguel Ribeiro, este plano tem como pedra angular “o respeito integral do princípio da igualdade do tratamento entre credores, com as naturais exceções previstas no Código da Insolvência e Recuperação de Empresas”.
“Ao nível do pagamento, todos os credores vão ter o mesmo prazo de pagamento: 150 meses”, assegurou.
No que toca ao Estado e outras entidades públicas, será feito “o pagamento integral de capital e juros vencidos e vincendos”, tal como exige a lei, enquanto em relação aos trabalhadores será feito” o pagamento de capital e juros vencidos”, embora com “perdão de juros vincendos”.
“Em ambos os casos, a primeira prestação vence após a data de homologação do plano, que se estima que ocorra em maio deste ano”, acrescentou.
No que se refere à banca, fornecedores e financiamentos particulares, terá lugar “um perdão de 100% de juros vencidos e vincendos, com perdão de 80% do capital”.
Relativamente a estes credores, terá lugar um período de “carência de 12 meses”, com “reembolso em 138 prestações”, para se atingirem “os 150 meses”.
“Para sócios (do OAF) o perdão é de 100% dos juros vencidos, com conversão do crédito em prestações suplementares na data de homologação do plano. Em relação aos créditos subordinados, propõe-se um perdão de 100% dos juros vencidos e vincendos e perdão de 95% do capital, com reembolso em 24 prestações mensais, vencendo-se a primeira prestação após a data de pagamento do último crédito deste plano, ou seja, após 150 meses”, explicou.
Aos jornalistas, o presidente da Académica realçou que, embora o plano de recuperação financeira do clube tenha sido ‘desenhado’ para os próximos 12 anos e meio (150 meses), foi acautelada uma cláusula que permite à SDUQ antecipar o reembolso dos créditos, em caso de “regresso de melhor fortuna”.
“Por exemplo, uma subida de divisão e consequente aumento de receitas”, concluiu.
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