
O futebolista português Dani Silva chegou em fevereiro à Dinamarca desejoso de escrever uma “história bonita” e levar o Midtjylland ao inédito bicampeonato, após ter evoluído com a intensidade e fisicalidade da Liga italiana.
“A luta vai ser até ao fim, porque este campeonato é competitivo e o primeiro classificado pode perder com o último. Por isso, pensamos jogo a jogo. Estamos no topo, mas custou-nos muito lá chegar e não queremos voltar para segundo. A equipa é muito jovem e está motivada. Ser campeão é um grande objetivo, ainda para mais tendo em vista esse feito histórico do bicampeonato”, apontou o médio, de 24 anos, em entrevista à agência Lusa.
Vencedor em 2014/15, 2017/18, 2019/20 e 2023/24, o clube de Herning terminou a fase regular da Liga dinamarquesa na liderança, com 45 pontos, quatro acima do Copenhaga, segundo colocado e um dos recordistas, com os mesmos 15 troféus do rival citadino KB.
“Por aquilo que tenho visto e falado com outras pessoas, o campeonato é muito rico em transições e futebolistas técnicos, mas, sobretudo, tem boas ideias de jogo. Os encontros têm sido bem disputados, as equipas jogam sempre para ganhar e veem-se muitos golos. O campeonato surpreendeu-me bastante pela positiva e crescerá de ano para ano”, notou.
Ao fim de 22 jornadas, a prova vai ser dividida em duas metades, com os seis primeiros classificados a lutarem pelo título e os restantes seis clubes a tentarem evitar a descida.
Essas fases serão jogadas a duas voltas depois da paragem para as seleções nacionais, na qual Portugal e Dinamarca se cruzam nos quartos de final da Liga das Nações, com a primeira partida em Copenhaga, na quinta-feira, três dias antes do reencontro em Lisboa.
“Há clubes em Portugal com cento e tal anos que não têm a visibilidade ou as condições que o Midtjylland tem na Dinamarca. Foi algo que me chocou, porque o clube só tem 26 anos, mas o estádio está sempre cheio e estão a pensar em elevar a sua capacidade. O clube é muito respeitado e, se tivesse mais idade, se calhar tinha outra dimensão, até no plano europeu. O Copenhaga é da capital e é conhecido por ter mais títulos, mas, neste momento, o Midtjylland é a equipa com mais talento e margem de progressão”, assumiu.
Primeiro português de sempre a alinhar pelos ‘lobos’, Dani Silva contabiliza sete jogos e estreou-se a marcar no domingo, ao rubricar o segundo golo na vitória caseira perante o Randers (4-2), no fecho da primeira fase, para voltar a festejar mais de 15 meses depois.
“Está a ser uma experiência ótima. As pessoas receberam-me bem e o estilo de vida na Dinamarca é muito bom, mas já estava um pouco à espera disso. O centro de treinos é novo, com cerca de um ano, e tem tudo. Eles mostram mesmo orgulho em dizer que são um clube de família. Uma coisa que nunca tinha visto é que as famílias podem tomar lá o pequeno-almoço e almoçar connosco. A adaptação foi rápida também por isso”, ilustrou.
Na janela de transferências de inverno, o internacional sub-21 português firmou contrato com o Midtjylland por quatro épocas e meia, até 2029, deixando o Verona, 14.º classificado da Liga italiana e distante do fulgor do inédito título conquistado em 1984/85.
“Tomei essa decisão para lutar por títulos, jogar nas provas europeias e valorizar-me. É sempre diferente, pois vim de um contexto em que o ‘scudetto’ do Verona era manter-se na Serie A. Jogávamos um bocado com o coração nas mãos em todos os encontros e a tentar somar cada pontinho com um jogo, por vezes, não tão limpo. Não me identificava muito com isso. Sou um jogador que gosta de ter a bola e de jogar para ganhar”, vincou.
Dani Silva, vice-campeão europeu de sub-19 em 2019, acredita estar a tirar proveito das vivências e valências acumuladas em Itália, onde encarou um campeonato físico e tático.
“Quando cheguei lá, foi um choque a forma de treinar, de o ‘mister’ dar a tática e de jogar. É uma prova intensa e muito tática, com duelos homem a homem pelo campo inteiro. Se perdes uma disputa, há sempre perigo. Cresci muito, mesmo a nível defensivo”, avaliou.
Além da luta pela revalidação do título, o médio foi titular nas duas derrotas do campeão da Dinamarca frente aos espanhóis da Real Sociedad no play-off de acesso aos ‘oitavos’ da Liga Europa, estreando-se pelo Midtjylland em casa (1-2) e sendo expulso fora (5-2).
“Entrámos muito bem na primeira mão e podíamos ter marcado dois ou três golos, mas o guarda-redes deles fez uma grande exibição e a história foi ditada por um penálti e um grande golo. Em Espanha, começámos muito mal. Ainda conseguimos o empate, mas o desenrolar do jogo, a minha expulsão e tudo mais… Já sabíamos que a Real Sociedad é uma equipa muito difícil, que esteve na Liga dos Campeões na última temporada, mas a derrota por 7-2 [no agregado] não espelha o que se passou nas quatro linhas”, finalizou.
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