Portugal venceu, esta quinta-feira, a Croácia por 2-1 e estreou-se com o pé direito na Liga das Nações. O grande destaque da noite foi para Cristiano Ronaldo que chegou ao golo 900 da carreira.

6 de outubro de 2002 – Um jovem, de Leão ao peito, marcava o primeiro golo da carreira. O menino, então com 17 anos, bisava frente ao Moreirense na primeira vez que abanava as redes enquanto profissional. Daí até ao dia cinco de setembro de 2024 iriam ser marcados mais 898. O 900 chegaria numa noite ventosa no estádio da Luz, no primeiro jogo da seleção após o campeonato da Europa. Na ressaca da participação no Europeu, muitos encomendaram-lhe a reforma. Sim, Ronaldo não é o mesmo de outros tempos. Dificilmente ganha no um para um raramente consegue acorrer a uma bola em profundidade, quando é solicitado pelos colegas. As movimentações são relativamente previsíveis. Mas o faro para o golo está lá. Foi assim – na noite em que o amigo Pepe foi homenageado – que se emocionou, uma vez mais a abanar as redes. Ao minuto 34, o capitão da equipa lusa fugiu na marcação, e emendou à boca da baliza, um cruzamento primoroso de Nuno Mendes.

A Luz foi abaixo, e o brilho, de um homem que em fevereiro irá cumprir quatro décadas de vida, mantém-se no olhar, apesar de tantos objetivos cumpridos...na vida e no futebol.

Cristiano Ronaldo conta agora 130 golos em 212 jogos pela Seleção principal de Portugal, desde a estreia em Chaves, com o Cazaquistão, em 20 de agosto de 2003.

O Jogo

O Europeu tinha sido, perante as expetativas, uma desilusão. Mesmo com a 'nemesis' França, foi Portugal a cair nos quartos de final da competição, quando o objetivo era a recuperação do ceptro conquistado em 2016. Ficaram na retina as lágrimas de Pepe, confortado pelo amigo Ronaldo, no cair do pano da participação lusa após queda nas grandes penalidades.

Portugal voltava a reencontrar-se com a Croácia, um 'velho' conhecido, que deu mais alegrias do que tristezas e um amargo de boca recente, já na Era Martínez e às portas da competição na Alemanha. Vinha aí um novo ciclo, com novos rostos, e 'quiça' (espera-se) novos protagonistas na equipa de todos nós, algo amplamente prometido por Roberto Martínez. O fulgor luso, na estreia na Liga das Nações, frente a uma Croácia em restruturação e à procura de se reencontrar com o seu melhor futebol.

Porém, o onze português ainda tem claros sinais de continuidade. Para ocupar a vaga do 'aposentado' Pepe o escolhido foi Gonçalo Inácio. Pedro Neto foi titular no onze luso, mas de resto, Martínez montou um onze sem grandes revoluções: Um 4-4-2, com Dalot e Nuno Mendes, e com Rafael Leão e Ronaldo como homens mais adiantados. Do outro lado uma Croácia mais cerrada, numa linha de cinco a defender, com o 10 Modric a municiar o ataque, onde Kramaric era a principal referência.

Novo fulgor após o Euro

Portugal começou a partida a dominar e com um fulgor diferente em relação ao que foi possível ver na competição continental, onde jogadores como Bruno Fernandes ou Bernardo Silva apareceram com demasiados minutos em cima das pernas.

Na construção, Vitinha recuava ao eixo defensivo para construir, e o ala Dalot tanto aparecia em zonas interiores, como muitas vezes trocava de posição com Pedro Neto. Foram estas marcações, que certamente confundiram a Croácia e estiveram a origem no primeiro golo de Portugal. Bruno Fernandes tinha dado o primeiro sinal num forte pontapé, que obrigou Livakovic a aplicar-se. Pouco depois, o médio português acabou mesmo por fazer a assistência para o primeiro golo da partida. Cruzamento de Bruno Fernandes e Dalot a ganhar a frente a Sosa e a fazer o primeiro.

A Croácia estava mais cerrada lá atrás, e minutos depois Portugal conseguia dilatar a vantagem, por intermédio de Cristiano Ronaldo. A euforia do golo (talvez) fez com que a equipa das quinas levantasse o pé e recuasse linhas. A Croácia cresceu, passou a ameaçar de outra forma a baliza de Diogo Costa, e conseguiu mesmo reduzir, ainda antes do intervalo. Cruzamento de Kramaric, Sosa fez o desvio, e Dalot acabou por trair Diogo Costa num desvio.

Antes do descanso, Pedro Neto ensaiou um golo 'maradoniano'. Arrancada estonteante pela direita, a passar por tudo e todos, que acabou por culminar num remate na trave.

Após o descanso, Martínez fez duas alterações, lançou João Neves e Nélson Semedo. E Livakovic foi chamado novamente a jogo para negar o segundo de Cristiano Ronaldo.

Portugal volta a baixar linhas, e a Croácia, teve chances para empatar. Primero num tiro de Matanovic, depois com Diogo Costa a afastar a bola da zona de perigo, num lance com Susic e Sosa. Martínez mantinha a estrutura, refrescava apenas o eixo da defesa, com António Silva a entrar para o lugar de Inácio. Ao minuto 87, Ronaldo saía para o aplauso, e entrava quase no fim Pedro Gonçalves, um jogador que há muito reclamava nova oportunidade na seção. Somava também minutos Jota, rendendo Vitinha. Contudo, a partida não teria mais história e Portugal soma os primeiros três pontos na Liga das Nações.