Já dizia Alex Ferguson que uma boa defesa ganha campeonatos. Então e o ataque? Ora aí está uma boa pergunta que qualquer um que tenha assistido ao jogo do Benfica em Munique pode fazer.

Se por um lado os encarnados conseguiram conter o ímpeto ofensivo de uma equipa que já leva meia centena de golos marcados na época, por outro esperar-se-ia mais do que apenas um mero remate à baliza de Neuer em 95 minutos.

O plano de Bruno Lage era claro: neutralizar o ataque dos alemães e procurar rápidas transições para explorar o espaço deixado nas costas da defesa, beneficiando da velocidade dos seus homens da frente. Contudo, apenas a primeira parte deste plano foi cumprida (quase na totalidade).

Ao longo do jogo o treinador do Benfica foi refrescando o ataque, mas os resultados práticos não surgiram e as raras iniciativas ofensivas das águias acabaram por ser sempre facilmente anuladas.

Lá atrás Trubin foi adiando o que parecia provável, pelo menos até ao minuto 67, onde nada pode fazer para travar o cabeceamento de Musiala, que deu três importantes pontos aos bávaros. Já o Benfica soma a segunda derrota seguida na 'Champions' e ocupa agora o 19º lugar.

Costuma dizer-se que o respeitinho é muito bonito. É, sem dúvida, mas nunca em demasia. Obviamente que não se pedia um Benfica a jogar olhos nos olhos contra o Bayern em Munique, mas também não se esperava uma águia tão despersonalizada e inofensiva.

O jogo: Sentido único e um beco sem saída

A ideia de jogo de Bruno Lage ficou patente logo aquando da divulgação do onze inicial. O técnico chamou António Silva para uma linha de três centrais, e Kaboré para a ala direita. Lá à frente, Amdouni e Akturkoglu eram os homens mais adiantados, relegando Pavlidis e Di María para o banco.

Defender bem e atacar rápido e pela certa, esta parecia ser a mensagem. A primeira parte do objetivo foi sendo cumprida sem falhas; o bloco encarnado não dava grandes espaços ao Bayern, que procurava combinações, principalmente pelas alas para chegar perto da baliza das águias.

Contudo os esforços dos bávaros mostravam-se infrutíferos, de tal maneira que a primeira verdadeira oportunidade de golo chegou apenas aos 38 minutos, quando Gnabry viu o golo negado por uma bela defesa de Trubin. Com mais ou menos sobressaltos, os encarnados lá foram afastando as ameaças dos bávaros e chegavam assim ao intervalo com o sentimento de missão cumprida.

Para a segunda parte Lage tentou introduzir uma nova nuance. Para além de colocar Beste no lugar do amarelado Kaboré, o técnico lançou Pavlidis para o lugar de Amdouni. Perante a total inoperância ofensiva dos encarnados na primeira parte, Lage queria agora alguém que conseguisse segurar a bola e esperar pelo apoio vindo de trás.

Todavia a toada da partida em nada mudou. O Bayern continuou a atacar e a colecionar remates (ao todo foram 19, dez dos quais enquadrados), mostrando mais acutilância pelos flancos com as entradas de Coman, e principalmente de Sané.

E tantas vezes o cântaro foi à fonte que lá acabou por partir. Aos 67 minutos, Sané encontrou Kane dentro da área; o inglês serviu de cabeça Musiala e o jovem alemão repetiu o gesto do colega de equipa, apontando o primeiro e único golo do jogo.

Apesar do marcador se ter alterado, o jogo ficou exatamente na mesma: o Bayern continuou dono e senhor, controlando todas as tentativas de saída para o ataque da equipa portuguesa, que nunca conseguiu realmente criar perigo junto da baliza de Manuel Neuer.

No final fica mais uma derrota do Benfica diante do Bayern, que só não foi maior graças à grande exibição de Trubin, e que deixa os encarnados no 19º lugar da Liga dos Campeões.

O momento: Foi preciso cabeça

O Bayern continuava ainda e sempre a rondar a baliza de Trubin em busca de um golo que desbloqueasse o jogo. Aos 67 minutos Sané cruzou para a área e Kane nas alturas preferiu assistir em vez de atirar e serviu Musiala que, também de cabeça, fez o único golo do jogo.

O melhor: Trubin engatou mas não chegou

Num jogo perante uma equipa já com 50 golos marcados na temporada, seria essencial, não só organização defensiva, como também um guarda-redes inspirado. Neste último capítulo, o Benfica não tem qualquer razão de queixa, muito pelo contrário.

Foi graças à grande exibição de Anatoly Trubin que a derrota das águias não foi mais volumosa. O guardião ucraniano parou tudo o que podia parar, mas não teve hipóteses no lance que deu o golo ao Bayern. A melhor exibição do número '1' do Benfica esta temporada.

O pior: Substituto para Bah não há

Kaboré voltou a passar muitas dificuldades na Liga dos Campeões. Depois da sua estreia diante do Estrela Vermelha, onde mostrou claras fragilidades, o ala do Burkina Faso voltou a não cumprir. Desta feita o sistema de jogo até lhe favorecia, dando possibilidade para subir mais e fazer todo o corredor, tal como gosta.

Contudo, não só Kaboré nunca aproveitou os espaços na ala para conduzir jogo, como cá atrás teve claras dificuldades em travar Davies e Gnabry. Ao intervalo, e temendo o pior devido ao cartão amarelo, Bruno Lage tirou o africano de jogo, por troca com Beste.

O que disseram os treinadores

Vincent Kompany, treinador do Bayern de Munique

Bruno Lage, treinador do Benfica