A Argentina sagrou-se tricampeã do Mundo, ao bater a França por 4-2 nas grandes penalidades. Os argentinos desempatam com os franceses e chegam ao terceiro título, depois de 1972 e 1986.
Num jogo impróprio para cardíacos, as duas seleções empataram 3-3 nos 120 minutos. A Argentina esteve a vencer por 2-0 até aos 80 minutos, com golos de Messi e Di Maria, Mbappé bisou aos 80 e 82. No prolongamento, Messi fez o 3-2, Mbappé o hat-trick, de penálti, aos 118 e atirou o jogo para as grandes penalidades, onde brilhou Emiliano Martinez, guarda-redes argentino.
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Era a final do desempate. De Messi contra Mbappé. Europa contra América do Sul. França e Argentina, cada uma com duas Copas do Mundo, à procura do terceiro Mundial.
Depois da cerimónia de encerramento, procuraram-se heróis no tapete verde do Lusail Stadium para que uma seleção pudesse ostentar, até 2026, o estatuto de campeã do Mundo.
Pela sua caminhada e pela forma como venceu os adversários, a França entrou em cena como favorita, alicerçada num Mbappé imparável, num Giroud goleador, num Griezmann ao seu melhor nível e numa equipa onde abundam individualidades. Em caso de triunfo, Mbappé podia tornar-se bicampeão do Mundo com apenas 23 anos.
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Na Argentina era a genialidade de Messi quem alimentava as esperanças de um país à espera de mergulhar na euforia ou na depressão. A surpreendente derrota logo na ronda inaugural diante da Arábia Saudita fez tremer a seleção das Pampas, mas Lionel Scaloni conseguiu ajustar a equipa à volta de Messi para caminhar até a final, no meio de muito sofrimento. As entradas dos jovens Enzo Fernandes (Benfica) e Julian Alvarez (Manchester City), dois ex-River Plate, ajudou a estabilizar a equipa. Curiosidade para ver se Messi despedia dos Mundiais com o tão sonhado título, ele que se tornou no jogador com mais jogos em Mundiais de futebol (26), ultrapassando o alemão Matthaus.
Di 'Magia' Maria aparece sempre nos momentos decisivos
As dificuldades que a França evidenciou nas meias-finais diante da Inglaterra foram muito bem exploradas pela Argentina. Scaloni parece ter preparado a final melhor que Deschamps porque os sul-americanos tomaram conta do jogo e fizeram uma grande primeira parte, coroada com dois golos. A variabilidade tática, com muita mobilidade dos homens da frente, mas também dos médios e a genialidade de Messi, deixam os gauleses perdidos em campo, sem bola e sem conseguir travar o ataque adversário.
Alvarez, De Paul e Di Maria deram os primeiros sinais de perigo, até aparecer um dos lances que vai dar muito que falar. Numa incursão de Enzo Fernandez pela esquerda, o médio encontrou MacAllister que meteu em Di Maria. O extremo encarou Dembelé no um para um, entrou na área e caiu. O árbitro polaco Szymon Marciniak assinalou penálti, para desespero dos franceses. Na conversa, Messi sacudiu a pressão, fez a paradinha e marcou para um lado, com Lloris a cair para o outro. Sexto golo neste Mundial2022, o quarto de grande penalidade.
Esperava-se uma França à procura do empate, mas quem continuava a mandar no jogo era a Argentina. Messi tinha liberdade para deambular pelo terreno, procurando os melhores espaços onde podia faze a diferença. Di Maria, encostado à esquerda, ia dando trabalho, Alvarez recuava para tabelar e servir de apoio aos médios. MacAllister, excelente nos equilíbrios.
Na França, Mbappé estava desaparecido em combate, Giroud era uma ilha e Griezmann não tinha bola para desequilibrar.
De uma recuperação de bola alta, Messi voltou a brilhar com fantástico passe para MacAllister que meteu ao segundo poste para uma grande finalização de Di Maria, aos 36 minutos. Era a confirmação de como este homem está talhado para os grandes momentos: seis dos seis oito golos fases finais de competições pela Argentina foram marcados em fases a eliminar, ele que já tinha marcado na final da Copa América em 2021.
Deschamps sem tempo para esperar
Didier Deschamps, selecionador francês, nem quis esperar pelo intervalo e, aos 40 minutos, meteu Kolo Muani e Marcus Thuran para os lugares de Dembelé e Giroud, colocando Mbappé na frente. A equipa ganhava mobilidade e velocidade, com os recém-entrados a tomarem conta das faixas do ataque.
A segunda parte pedia uma outra França, mas a seleção gaulesa continuava sem conseguir igualar a Argentina nos duelos e na intensidade, mesmo tendo jogadores capazes para tal. Mentalmente, a superioridade dos argentinos era clara, assim como a nível tático. Scaloni ia batendo Deschamps na estratégia.
Aos 47 minutos, foi por muito pouco que MacAllister não chegou a um passe fantástico de Enzo Fernández. Valeu Lloris a sair na hora certa. Aos 49, novo ataque argentino pela esquerda, com Messi a centrar para um remate de primeira de De Paul. Lorris amarrou com segurança.
Era pelo lado direito da França, esquerda do ataque argentino, que a seleção das Pampas desequilibrava porque Di Maria, Messi e MacAllister caiam nesse lado. Aos 59 minutos, Di Maria encontrou Alvarez solto, o remate do avançado foi defendido a dois tempos por Lloris.
A incapacidade francesa, mental, física e tática, era patente. Mbappé, por exemplo, um dos jogadores mais perigosos em campo, só apareceu aos 71 minutos, num remate por cima da barra. E a França continuava sem fazer qualquer remate enquadrado. E, aos 75, tentou passar por tudo e todos e perdeu a bola. Era o sinal claro do desespero e incapacidade franceses.
Scaloni não estava com meias medidas e trocou Di Maria por Acuña, reforçando o seu lado esquerdo da defesa. Deschamps respondeu com Coman e Camavinga nos postos de Griezmann e Theo Hernández.
E em dois minutos tudo mudou
Um golo era tudo o que a França pedia entrar na discussão da partida. E chegou aos 80 minutos, na conversão de uma grande penalidade por parte de Mbappé. Otamendi agarrou e derrubou Kolo Muani dentro da área, o árbitro não teve dúvidas.
E de repente, a França acordou e empatou aos 82. Coman recuperou a bola em duelo com Messi, correu para a área, deu em Rabiot que deixou em Mbappé. O craque francês tabelou com Thuram para rematar de primeira, fazendo um golaço. Loucura no Lusain Stadim, com o presidente francês Emmanuel Macron a festejar de forma efusiva na tribuna VIP.
Até ao final do tempo regulamentar, dois lances que podiam decidir o jogo: aos 90+5, Rabiot testou a atenção de Emiliano Martinez, que defendeu o remate do francês a dois tempos; aos 90+7, fantástica defesa de Lloris a negar o golo a Messi, num remate de fora da área que quase resolvia a partida.
Tinha de ser Messi, claro
No prolongamento, a Argentina voltou a crescer no jogo, mas nunca com os índices de agressividade e controle que teve durante 80 minutos. Os franceses estavam melhores, graças a um Mbappé que tinha crescido e muito, e das entradas de Kolo Muani e Coman.
Destaque para duas oportunidades de golo da seleção albiceleste: aos 105 minutos, corte fantástico de Upamecano, num lance em que Messi tinha isolado MacAllister para o golo; aos 105+1, é Acuña a isolar Lautaro (entrou no posto de Alvarez) mas o avançado do Inter perdeu tempo e rematou para fora.
Das ameaças ao golo, demorou pouco. Aos 109 minutos, Lautaro ganhou e meteu em Messi que deu em Enzo Fernandes. O médio do Benfica picou para o remate de Lautaro, Lloris defendeu para a frente onde apareceu Messi a colocar a bola no fundo das redes, aperar do corte (dentro da baliza) de Upamecano.
A festa nas bancadas
Mas este jogo estava longe de terminado. Aos 117 minutos, um remate de Mbappé bateu nos braços de Gonzalo Montiel, dentro da área. O juiz polaco Szymon Marciniak marcou penálti. Na conversão, Mbappé não tremeu e fez o 3-3, com Dibu Martinez a cair para um lado e a bola a entrar noutro. Hat-trick do avançado francês na final.
Numa final onde se deu tudo e todos quiseram ganhar, destaque para dois lances fantásticos nos três minutos de compensação... da compensação. Aos 120+3, Kolo Mauni foi isolado e teve nas mãos o casaco de herói mas o seu remate encontrou as pernas de Emiliano Martinez.
A Argentina ganhou a bola, saiu para o ataque com Messi que deu na hora certa para Montiel que centrou para Lautaro. No entanto, o remate do avançado foi muito mau e saiu por cima.
Nas grandes penalidades, Dibu Martinez defendeu o remate de Coman e viu Tchouameni atirar ao lado. Mbappé e Kolo Muani foram os únicos a marcar pela França. Na Argentina, Messi, Dybala, Montiel e Paredes não falharam.
A Argentina vence assim o Mundial2022 por 4-2 nas grandes penalidades, depois de 3-3 no tempo regulamentar. É o terceiro título mundial da Seleção das Pampas, depoios de 1972 e 1986.
Messi consegue assim o título que lhe faltava na carreira.
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