O Estádio Moses Mabhida encerrou a sua participação no Mundial 2010 ao receber o Espanha-Alemanha, numa das meias-finais do torneio.
Com capacidade para quase 70 mil espectadores, o estádio que é hoje o orgulho da cidade de Durban recebeu durante o Mundial 2010 um total de sete jogos e fica como aquele que é para muitos o estádio mais bonito da prova que marcou a estreia do continente africano como organizador duma prova do género.
O estádio deve o nome a Moses Mabhida, que nasceu em Thornville no dia 14 de Outubro de 1923 numa família pobre que depois foi removida das suas terras. Em 1963, trabalhando na Checoslováquia para a Federação Sindical Mundial, Mabhida recebeu de Oliver Tambo o convite de voltar à África para desenvolver o grupo armado do partido ANC, o Umkhonto we Sizwe (MK). Passou por treino militar, tornou-se o principal instrutor político dos novos recrutas e posteriormente foi comandante do MK.
O estádio exemplifica a inovação arquitectónica da África do Sul e é inspirado na bandeira nacional, com o seu grandioso arco representando a união de um país apaixonado pelo desporto. Os dois mastros do arco no lado sul do estádio unem-se para formar uma única base no lado norte, simbolizando a nova unidade de uma nação anteriormente dividida pelo Apartheid.
O estádio foi projectado como uma arena multiuso e tem ainda um teleférico que leva a uma plataforma de observação no topo do enorme arco de 350 metros de extensão, mais de 100 metros acima do relvado. De lá, os visitantes têm vistas panorâmicas espectaculares da costa e da cidade.
Embora seja uma obra magnífica, este estádio pode vir a tornar-se um verdadeiro “Elefante Branco”, à semelhança do que actualmente acontece com alguns estádios em Portugal, que depois do Euro 2004 pouca ou nenhuma utilidade tiveram.
O futebol não é o desporto rei por terras sul-africanas e apenas o cricket e o râguebi parecem fazer mover as multidões necessárias para voltar a fazer o Moses Mabhida viver os dias agitados que teve neste Mundial.
Poder-se-ia pensar que o râguebi podia agora ocupar o lugar do futebol, mas aí chegamos a mais um problema no mínimo caricato: praticamente colado ao Moses Mabhida está o estádio dos Sharks, uma das equipas de râguebi mais populares da África do Sul.
O Shark Tank, como é conhecido, tem capacidade para 75 mil espectadores e chegou a ser ponderado para ser um dos palcos para este Mundial. No entanto, a opção acabou por recair na construção de um novo estádio.
Se o resultado foi uma das mais esplendorosas obras de arquitectura da África do Sul, também não é menos verdade que poderá estar prestes a ser votado ao abandono, já que a Federação de Râguebi sul-africana já mostrou a sua total indisponibilidade para abandonar o Shark Tank e usar o novíssimo Moses Mabhida.
Assim sendo, depois da glória do Mundial, o Estádio Moses Mabhida pode agora vir a enfrentar um período de calvário.
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