Na presente edição do Mundial de futebol, realizado pela primeira vez na transição do Outono para o Inverno com sede no Qatar, uma das seleções mais temidas é a da Alemanha. Por outro lado, a Hungria nem sequer consta entre os participantes da prova.
Mas porquê a referência a estes dois países? Porque, numa época em que o futebol era bem diferente, estiveram num marco importante naquilo que conhecemos da história dos Mundiais.
Corria o ano de 1954 e realizava-se a quinta edição do torneio, que teve como anfitrião a Suíça. Hoje, olharíamos para algumas seleções como a Alemanha enquanto super potência da competição, mas a verdade é que a Hungria era o 'bicho de sete cabeças' para os adversários.
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Uma equipa que estava invicta há cinco anos e que ainda contava nas suas fileiras com craques como Puskas, Kocsis, Hidegkuti e Czibor, treinados por Guzstav Sebes. A chegada até à final de Berna previa mais um triunfo dos Húngaros que deixaram pelo caminho, na fase a eliminar, o Brasil e Uruguai.
Do outro lado, a Alemanha (RFA) tinha em mãos o orgulho ferido de uma nação que, em termos políticos e desportivos, só somava derrotas.
Na verdade, tudo começou mal com uma primeira goleada sofrida perante esta mesma Hungria na fase de grupos (8-3), mas rapidamente os alemães levantaram-se e eliminaram a Jugoslávia e a Áustria rumo à final sob o leme de Sepp Herberger.
O derradeiro embate - marcado para dia 4 de julho - era a oportunidade de a Alemanha poder 'vingar' o resultado esmagador da primeira fase da competição, mas com Puskas já apto do outro lado. O avançado húngaro tinha saído lesionado precisamente no primeiro duelo frente aos alemães e regressava para o último jogo.
As apostas estavam feitas e iam todas num sentido, até acontecer o 'Milagre de Berna'. Na verdade, o jogo até começava bem para a Hungria que já ganhava por 2-0 aos dez minutos, graças aos golos de Puskas e Czibor. Ainda assim, do outro lado não se baixava os braços e a Alemanha conseguiu mesmo o empate antes dos vinte minutos por Morlock e Rahn, este último que viria a ser o herói da final com um hat-trick.
Na segunda-parte, a equipa comandada por Sepp Herberger agigantou-se e fez jus ao ditado que, na época, era impensável ouvirmos: "onze contra onze e, no final, ganham os alemães". A dez minutos do final, Rahn marcou os dois golos que deram o troféu e mais um marco na história dos Mundiais.
Este foi um acontecimento com repercussões a nível histórico. Se, para a Alemanha, deu para recuperar a confiança em tempos de devastação do pós-guerra, a Hungria deu o mote para a revolução de 1956, contra o regime da época.
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