A reta final de campeonato é de muita emoção e nervosismo que só se acalma com golos na baliza adversária. Depois de mais de 80 minutos em sofrimento e ansiedade pelo golo, os sportinguistas tiveram em Jovane Cabral o calmante necessário para baixar o ritmo cardíaco.
O cabo-verdiano entrou na partida e desbloqueou o enguiço leonino, estando envolvido nos dois golos da vitória do Sporting por 2-0 na receção ao Nacional da Madeira, vitória essa que permite aos leões darem mais um passo no caminho para o título, voltando a somar seis pontos de vantagem para o FC Porto.
O Jogo: Domínio leonino, menos na hora de finalizar
O Nacional entrou atrevido na partida, contando com a primeira oportunidade de perigo, por Camacho logo aos cinco minutos, com um remate que Max defendeu com a ponta dos dedos. Mas a partir daí, o Sporting assumiu o controlo do jogo, muito em parte graças a um conjunto madeirense que entregou a iniciativa de jogo à equipa de Rúben Amorim e que apostava nos contra-ataques para tentar criar perigo à baliza do jovem guarda-redes que este sábado rendeu Adán nas redes leoninas.
A equipa verde e branca apostava em bolas nas costas da defesa madeirense - principalmente pelo corredor esquerdo com Nuno Santos em destaque - para chegar ao último terço e junto à baliza de António Filipe. Contudo, e como já vem sendo rotina nos últimos jogos do líder do campeonato, na hora de finalizar os leões voltaram a não encontrar o caminho para o golo, com Paulinho, mais uma vez, a não aproveitar os diversos lances que teve para marcar, quer pelas defesas do guardião do Nacional, quer pelo poste, que lhe tirou o golo ao cair do pano da primeira parte.
O avançado mostra-se cada vez mais entrosado com a equipa e este sábado fundou uma parceria com Pedro Gonçalves, que o serviu um par de vezes para o golo, que até acabou por surgir ainda no primeiro tempo, mas que não subiu ao marcador, uma vez que houve fora de jogo no início da jogada. A ligação com a equipa é um sinal positivo, mas um avançado faz-se de golos.
Depois de um primeiro tempo de sentido único e com um 0-0 injusto para os leões no marcador, o Sporting entrou no segundo tempo com um sério aviso do Nacional, com Éder Bessa (acabado de entrar em campo) a aproveitar um erro de Coates e a provocar calafrios, prontamente travados por Maximiano, que se antecipou ao jogador madeirense.
Depois disso, repetiu-se o filme da primeira parte: o Sporting dominava, tinha mais bola, criava mais perigo, mas golos nem vê-los. Até que aos 62 minutos, Rúben Amorim saca do trunfo e lança Jovane Cabral para o lugar de João Palhinha. O cabo-verdiano marcou um antes e um depois nesta partida. Apenas cinco minutos depois de entrar em campo, sofreu a falta que deu o segundo amarelo a Alhassan e deixou o Nacional a jogar com menos uma unidade no resto do jogo.
Mas mesmo com mais uma unidade, o Sporting continuava a sentir dificuldades na hora de finalizar, ainda que as entradas de Jovane e Plata (aos 73') tenham aumentado as unidades no ataque leonino. Já o Nacional limitava-se a defender, segurando o ímpeto leonino e aguentando o empate, numa altura em que os pontos são tão necessários para os madeirenses.
Depois do ataque não resolver o assunto, foi da defesa que surgiu o golo. Aos 83 minutos, Nuno Santos marcou um canto do lado direito e o esférico acabou nos pés de Jovane Cabral, depois de um alívio da defesa madeirense. O cabo-verdiano parou, temporizou e picou a bola para Feddal aparecer no sítio certo e cabecear para o fundo das redes, quebrando a muralha insular.
Em desvantagem, o Nacional correu atrás do prejuízo, lançando-se mais na frente, mas sem sucesso. E quem acabou por voltar a sorrir foi o Sporting quando aos 90+1' e depois de uma bola (mais uma) colocada nas costas da defesa madeirense, Jovane arrancou rumo à baliza, sendo apenas travado por falta de Rui Correia no interior da área.
Manuel Oliveira não teve dúvidas em apontar para a marca de onze metros e Jovane, depois de ajudar a deixar o Nacional com menos um e de assistir para o primeiro, teve nos pés a oportunidade de deixar (ainda mais) a sua marca no encontro.
O camisola 77 rematou forte, alto e colocado, com o esférico a bater na barra antes de acabar no fundo das redes do Nacional. Estava feito o 2-0 e sentenciada a partida.
O Sporting voltou a vencer de forma consecutiva (não acontecia desde 20 de março) e por dois golos de diferença (não acontecia desde 20 de fevereiro), num jogo em que o resultado acaba por saber a pouco aos leões, tendo em conta o que criaram ao longo da partida.
Os leões voltam a distanciar-se do FC Porto, somando seis pontos de vantagem, numa altura em que faltam disputar quatro jornadas.
Contas feitas, para os sportinguistas - que mostraram um forte apoio à equipa antes, durante e após o jogo nas imediações de Alvalade - voltarem a celebrar, a equipa de Rúben Amorim precisa de somar sete pontos nos 12 ainda em disputa, ou seja, duas vitórias e um empate.
Na próxima jornada, o Sporting visita o Rio Ave, um dia antes de um Benfica-FC Porto que pode mexer nestas contas.
Momento: Minuto 83 - Golo de Feddal
O melhor: Jovane Cabral
A chave estava no banco e chama-se Jovane Cabral. O avançado cabo-verdiano esteve presente em todos os lances capitais do encontro: sofreu a falta que deixou o Nacional com 10, assistiu Feddal para o primeiro golo, sofreu a falta que deu penálti e ainda o marcou. Foi o trunfo que Amorim sacou da manga.
O pior: Desperdício e sofrimento
O resultado não foi pela margem mínima como tem sido hábito, mas o sofrimento leonino não faltou e (de novo) por culpa própria. Os leões continuam com dificuldades em encontrar o caminho para o fundo da baliza. Paulinho voltou a ser a cara do desacerto verde e branco.
Reações
Rúben Amorim: "Quando chegámos havia também manifestações, mas contra"
António Filipe: "Está difícil, mas não baixamos os braços"
Manuel Machado: "Uns são filhos de um Deus grande, outros de um Deus menor"
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