O Benfica quer perceber como foi possível à Polícia Judiciária infiltrar-se, durante meses, em zonas sensíveis do Estádio da Luz, em ações de vigilância durante os jogos, sem que ninguém se apercebesse, avança a TVI.
Diz aquele canal de televisão que os inspectores da Unidade de Apoio Tecnológico da PJ conseguiram aceder às garagens do estádio da Luz e camarotes do chamado anel VIP do estádio, montando escutas ambiente e fotografando a presença dos funcionários judiciais José Silva e Júlio Loureiro, que depois foram usados como provas no conhecido processo ‘E-toupeira’. Os inspectores acederam à essas zonas sem apresentar qualquer identificação.
Recorda a TVI que foi na garagem do Estádio da Luz que os inspectores da PJ conseguiram fotografar Paulo Gonçalves a presentear os oficiais de justiça, alegadamente corrompidos, com equipamentos do Benfica. Em troca, José Silva e Júlio Loureiro terão feito centenas de pesquisas informáticas no sistema dos tribunais para por o antigo assessor jurídico do Benfica a par de processos que correm na justiça contra as os 'encarnados'. Acabaram detidos em março de 2018, tal como Paulo Gonçalves, e estão já acusados pelo Ministério Público de vários crimes.
De acordo com dados divulgados pela imprensa, o Ministério Público acredita que José Augusto Silva esteve presente em pelo menos oito jogos do Benfica, cinco deles no Estádio da luz, entre 19 de agosto de 2017 e 20 de janeiro de 2018.
Na última semana o Benfica anunciou a saída de Rui Pereira, ele que foi diretor de segurança e da organização de jogos nos últimos onze anos.
De recordar que a Juíza Ana Peres, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), optou pelo não pronunciamento (não levar a julgamento) a SAD do Benfica por nenhum dos 30 crimes pelos quais foi acusada pelo MP nem o funcionário judicial Júlio Loureiro, em dezembro. O Ministério Público recorreu da decisão para o Tribunal da Relação de Lisboa. O processo foi distribuído ao juiz/relator Rui Teixeira, do Tribunal da Relação de Lisboa.
A juíza pronunciou (decidiu levar a julgamento) o antigo assessor jurídico do Benfica Paulo Gonçalves e o funcionário judicial José Silva, estando o início do julgamento com estes dois arguidos marcado para 25 de setembro no Tribunal Central Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça, em Lisboa.
Paulo Gonçalves vai responder por corrupção, violação do segredo de justiça, violação do segredo de sigilo e acesso indevido, enquanto José Silva foi pronunciado pelos mesmos crimes, mais o de peculato. O TCIC não deu como provados os crimes de favorecimento pessoal, de falsidade informática e de oferta ou recebimento indevido de vantagem.
No recurso para a Relação de Lisboa, o procurador Válter Alves defende a pronúncia da SAD 'encarnada' por um crime de corrupção ativa, outro de oferta ou recebimento indevido de vantagem e de 28 crimes de falsidade informática, enquanto a Benfica SAD considera, na sua contestação ao recurso, que o MP “insiste na busca incessante, errada e não sustentada” pela sua responsabilização por atos alegadamente praticados pelo antigo assessor jurídico do clube Paulo Gonçalves.
A acusação do MP sustentava que Paulo Gonçalves, enquanto assessor da administração da Benfica SAD, e no interesse da sociedade, solicitou aos funcionários judiciais Júlio Loureiro (não pronunciado) e José Silva (pronunciado) que lhe transmitissem informações sobre inquéritos, a troco de bilhetes, convites e 'merchandising' do clube.
O MP recorreu ainda da não pronúncia dos funcionários judiciais Júlio Loureiro, este pelos crimes de corrupção passiva e de recebimento indevido de vantagem, e de José Silva, por violação de segredo por funcionário, por favorecimento pessoal, por falsidade informática e por acesso ilegítimo.
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