Benfica e Farense só queriam saber dos três pontos. Um, porque queria voltar a aproximar-se do topo. Outro, porque não queria afastar-se do meio da tabela. Ganhou o Benfica, e justamente, que recupera os sete pontos de desvantagem para os leões e 11 de vantagem para os dragões. O título continua a ser uma miragem, é certo, mas perante o cenário previsivelmente traumático, trata-se de um mal menor. Quanto ao segundo lugar, se dúvidas houvesse, as águias estão apenas a dois pontos de o garantir com 12 por disputar.
A quatro jogos do fim, o Farense só pode estar alerta (e bem alerta!) O filme não está péssimo, há quem esteja em situação pior, mas num abrir e fechar de olhos a manutenção pode muito bem estar em risco. Seguem-se jogos escaldantes - todos eles com adversários diretos do emblema algarvio -, que esta noite deu mostras do seu valor e das boas armas que tem (mais ofensivas do que defensivas) para sonhar com a continuidade no primeiro escalão. O Portimonense, rival algarvio que ocupa o lugar de play-off, tem apenas menos três pontos do que os leões de Faro.
Um Benfica sem fantasmas
De olhos postos no título e na manutenção, Benfica e Farense entraram no São Luís com um ritmo alucinante. No lance de maior clarividência, Di María - um dos sobreviventes no onze encarnado, sem Aursnes, Neves e Rafa no banco - deixava o primeiro aviso a Ricardo Velho, que minuto depois voltaria a ser posto à prova por Arthur Cabral, que tentou a sorte de meia distância.
O Benfica estava por cima, num jogo com muito espaço para se jogar, e que o diga Di María. Na direita, o argentino abriu uma autoestrada para a subida sem marcação de Alexander Bah. Estava na área, feliz, só e abandonado, Kokçu. O golo era importante, mas o médio turco não festejou (alguém imagina porquê?). Festejou-se nas bancadas, e no banco, persentindo o quão precioso era entrar neste jogo a vencer.
Com uma estratégia ofensiva muito dinâmica, as águias empurravam o Farense para a sua linha defensiva, obrigando os algarvios a apostar nas saídas rápidas e a investir nas bolas paradas. Foi o que fez aos 23 minutos: Após um canto batido pela direita e um primeiro cabeceamento de Gonçalo Silva, a bola sobrou para Belloumi que rematou com força sem hipótese para Trubin. José Mota, que não pôde contar com Bruno Duarte e Matheus Oliveira para o duelo com as águias, via à sua equipa travar a fundo as intenções da formação orientada por Roger Schmidt. Boa reação algarvia, apesar do desiquilíbrio defensivo até então.
O São Luís vinha abaixo e estava feito o empate, numa altura em que o Benfica parecia ter um ligeiro ascendente na partida.
Ao contrário do que se esperaria, o golo da equipa algarvia não atrapalhou a estratégia das águias, que se mantiveram seguras e no comando da partida. O golo que ofereceu a vantagem novamente aos encarnados chegaria por Arthur Cabral, com um toque delicioso de calcanhar a responder da melhor forma à assistência primorosa de Alexander Bah.
E até ao final da primeira parte, o Benfica podia bem ter terminado com um vantagem superior. Di María vestiu-se de Maradona e por pouco não fez o terceiro (num lance de pura genialidade) e Arthur Cabral, novamente o brasileiro, atirou ao poste da baliza de Ricardo velho num remate fortíssimo fora da área.
Da primeira parte fica sobretudo uma partida bem jogada, disputada, muito viva, em que o Benfica - com a sua qualidade individual desempoeirada - soube aproveitar as fragilidades defensivas do Farense. Quanto aos algarvios, nunca se renderam e conseguiram, pelo menos, levar a discussão do jogo para a segunda parte.
Um Porsche Carreras para engatar os três pontos
Depois de alguma indisciplina tática no primeiro tempo, que valeu 17 remates de ambas as equipas, a segunda parte arrancou com o acerto de algumas posições, o que tornou o jogo um pouco aborrecido no reatar da partida. O Benfica mantinha-se superior, mas depois das oportunidades galopantes da primeira metade, o jogo baixava a pulsação e pedia sangue novo.
Jogaram-se quinze minutos, os suficientes para Schmidt fazer duas alterações. Nem 20 segundos tinham passado e seria do Farense a grande oportunidade até então. Remate autoritário de Belloumi, valeu a defesa atenta de Trubin.
Não marcou o Farense, fez o golo o Benfica. Cruzamento sensacional de Di María e, dentro da área, Carreras trabalhou sobre o adversário e rematou de pé direito para o fundo da baliza.
O golo do lateral espanhol serenou o Benfica, que fez por adormecer a partida, arrastando-se o marcador até ao fim sem grandes situações de perigo.
No final, uma vitória mais do que justificada pelo Benfica. Foi a melhor equipa em quase todos os momentos do jogo. Di María, Bah e Arthur Cabral merecem uma especial distinção, num jogo em que ninguém das águias jogou mal.
Quanto ao Farense, destaque para Belloumi. Pelo golo, mas também pelo que ofereceu à equipa, apesar de se ter revelado insuficiente para agarrar outro resultado.
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