A mudança de relações entre Pinto da Costa e André Villas-Boas, adversários nas eleições do FC Porto previstas para 27 de abril, foi hoje encarada sem quaisquer surpresas pelo atual presidente dos vice-campeões nacionais de futebol.

“Mudou ele. Não o ouviram? Se alguém mudou, não fui eu. Nada me surpreende. Só me surpreende se um dia a minha cadela me ferrar”, atirou, em declarações aos jornalistas.

Pinto da Costa falava no final da apresentação da série documental “Senhor Presidente - O Campeonato de uma Vida”, que foi hoje lançada na plataforma de ‘streaming’ Amazon Prime e retrata em três episódios os quase 42 anos passados na liderança do FC Porto.

Várias figuras de diversos quadrantes estiveram na Fundação Serralves, no Porto, para visionarem um compacto de 60 minutos, no qual surge um excerto de André Villas-Boas, que admitiu já ter escrito ao presidente ‘azul e branco’ como nunca escreveu ao seu pai.

“Vai chamar pai a outro”, ripostou Pinto da Costa, quando questionado sobre que reparo deixaria a um filho, ressalvando que não escolheu as personalidades presentes na série.

As gravações iniciaram-se em dezembro de 2022 e duraram um ano, num trabalho que junta testemunhos na primeira pessoa do biografado, imagens de arquivo e depoimentos exclusivos de personalidades com quem Pinto da Costa conviveu nas últimas décadas.

“Gostei de ver as pessoas. Sobretudo, tive pena de que algumas pessoas de quem tanto gostava não pudessem participar por terem falecido. Estava apalavrado que o José Pinto de Sousa desse o seu depoimento com todo o gosto, mas não o pôde fazer, porque nos deixou. Recordei todos os que me ajudaram tanto, como o Pôncio Monteiro, o Reinaldo Teles e o Armando Pimentel. Senti pena e saudade de não os ter visto aqui”, expressou.

Pinto da Costa ficou “extremamente sensibilizado” com a presença na plateia de António Ramalho Eanes, ex-Presidente da República, numa sessão decorrida na véspera de o conjunto comandado por Sérgio Conceição receber o Vizela para a 26.ª ronda da I Liga.

“Contas na luta pelo título? Há que jogar, ganhar amanhã [sábado] e, depois, pensar no jogo a seguir. Dependemos só de nós na Taça de Portugal, mas no campeonato não e, como tal, não podemos estar a fazer contas. Temos de ganhar os nossos jogos”, frisou.

O FC Porto está na terceira posição, a sete pontos do líder isolado Sporting (menos um jogo) e a seis do campeão nacional Benfica, segundo, e recebe o Vizela na ‘ressaca’ da eliminação nos oitavos de final da Liga dos Campeões frente ao Arsenal, vice-campeão inglês e líder da Premier League (derrota por 2-4 nos penáltis, após 1-1 nas duas mãos).

“O Arsenal marca quatro, cinco ou seis golos por jogo, mas em 200 e tal minutos só nos marcou um e num lance esporádico. Acho que o FC Porto merecia mais, mas aquilo que fizemos a nível exibicional e de postura foi gabado, pelo menos no estrangeiro”, avaliou.

Pinto da Costa aplaudiu também as recentes estreias dos avançados portistas Galeno e Francisco Conceição nas convocatórias das seleções principais do Brasil e de Portugal, respetivamente, concordando com a escolha do extremo luso-brasileiro pela ‘canarinha’.

“Se Portugal perde um grande jogador? Acho que sim. O Galeno foi pré-convocado pela seleção portuguesa, mas não ia [à lista final] e o Brasil chamou-o. Naturalmente, tolo ele seria se não aproveitasse essa oportunidade. Quanto ao Francisco Conceição, era uma injustiça não ter sido chamado por aquilo que tem jogado. É um grande jogador, jovem e pode ser muito útil à seleção portuguesa. Por isso, penso que era previsível”, comentou, mostrando vontade em ‘segurar’ o filho do treinador Sérgio Conceição no final da época.