Foram 11 vitórias nas 11 primeiras jornadas, igualando o recorde do clube. Um domínio avassalador, com várias goleadas. 39 golos marcados, apenas 5 sofridos. Para muitos, a dúvida, até aí, era saber não se, mas quando o Sporting se iria sagrar campeão.

Mas, depois dessa 11.ª jornada, tudo mudou. Ruben Amorim deixou o leme dos leões para rumar ao comando técnico do Manchester United, João Pereira assumiu a equipa principal dos verdes e brancos, mas depressa se percebeu que era, efetivamente, um 'erro de casting' e foi preciso encontrar nova solução. Uma solução que veio de Guimarães: Rui Borges estava a dar cargas no leme do Vitória SC e foi a aposta de Frederico Varandas.

Quando Rui Borges pegou nos leões, à 16.ª jornada, já os leões não estavam no topo (foi um dos poucos momentos da temporada em que não lideraram). Mas recuperaram a liderança logo na estreia do novo técnico, com um triunfo no dérbi com o Benfica, em Alvalade, que acabaria por ser determinante para as contas do campeonato.

Apresentação Rui Borges
Apresentação Rui Borges TIAGO PETINGA/LUSA créditos: Lusa

Mas nem tudo foram rosas para Rui Borges. Se com João Pereira o Sporting, para o campeonato, só ganhou um jogo, perdendo dois e empatando outro, com Rui Borges os leões, depois da vitória sobre o Benfica, o Sporting não voltou a perder para a I Liga, mas foi somando, amiúde, alguns empates que deixavam os adeptos de pé atrás. Sobretudo porque alguns deles aconteceram em jogos em que os leões estavam na frente do marcador e deixaram fugir a vantagem.

Aconteceu pela primeira vez logo a seguir ao dérbi, com um empate 4-4 contra a antiga equipa de Rui Borges, o Vitória SC, num jogo em que os leões estiveram a ganhar por 3-1, mas precisaram de um grande golo de Trincão no último minuto para evitar a derrota. Ainda assim, o Sporting terminou a primeira volta isolado no topo.

Seguiram-se três vitórias na I Liga (e o apuramento, algo suado, para a fase a eliminar da Liga dos Campeões) e a máquina parecia estar novamente a engrenar (mesmo tendo os leões perdido, nos penáltis, a final da Taça da Liga para o Benfica). Só que a seguir os leões somaram três empates consecutivos (e cinco jogos sem ganhar, se somarmos as duas derrotas com o Dortmund para a Champions).

O Sporting empatou com FC Porto (fora), Arouca (em casa) e AVS (fora) e as dúvidas em relação à equipa e a Rui Borges voltaram, sobretudo pela forma como esses empates ocorreram. Os leões deixaram-se empatar à beira do fim no Dragão, evitaram no limite a derrota caseira com o Arouca e deixaram também fugir uma vantagem de dois golos na visita ao AVS, com expulsões em todos os jogos a juntar à longa lista de ausências por lesão.

A turma leonina deixava-se, assim, apanhar pelo Benfica no topo. Quatro vitórias seguidas serviram para serenar os ânimos, só que mais um empate, com os verdes e brancos a voltarem a deixar-se empatar depois de estarem em vantagem, desta feita na receção ao SC Braga, voltou mesmo a custar a liderança.

Uma liderança recuperada logo na jornada seguinte, em igualdade pontual com o Benfica, seguindo-se quatro triunfos consecutivos - uns mais suados do que os outros, sobretudo aquele ao Gil Vicente, antes do dérbi - permitindo aos leões chegarem um pouco mais confortáveis do que o rival ao embate com o Benfica na Luz.

30.ª J: Sporting-Moreirense 2024/25
30.ª J: Sporting-Moreirense 2024/25 Rui Borges, treinador do Sporting. TIAGO PETINGA/LUSA créditos: © 2024 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

E foi mesmo o que aconteceu: graças a esse conforto  que lhe permitia sair da casa do rival a depender só de si em caso de igualdade, o Sporting empatou 1-1 na Luz chegou à jornada 34 com a ligeira vantagem que lhe permitiu selar a conquista do título contra o Vitória de Guimarães.

Para Rui Borges, o mérito de ter conseguido fazer com que a equipa voltasse a acreditar nela, depois do mês para esquecer sob as ordens de João Pereira.

O técnico de Mirandela soube lidar com a onda de lesões que assolou a equipa de forma a manter os leões na luta (e quase sempre na frente) até ao progressivo aliviar do boletim clínico, resistiu às dúvidas que foram surgindo em relação à sua capacidade para orientar um 'grande' (sobretudo pela forma como deixou fugir algumas vitórias) e teve ainda a lucidez de ir ajustando o sistema táctico ao reencontro daquele que tantos êxitos tinha trazido sob as ordens de Amorim.

Parte importante do trabalho já vinha de trás, é certo. Só que o Sporting cambaleou perante o turbilhão de emoções da saída de Ruben Amorim e Rui Borges, mesmo com um estilo diferente do agora treinador do Manchester United, soube 'levar a água ao seu moinho', evitar que o leão tombasse mesmo de vez e guiou mesmo a turma de Alvalade ao tão desejado bicampeonato.