Roberto Martínez, selecionador de Portugal, concedeu esta terça-feira uma entrevista à Sport TV na qual fez o balanço de um ano no cargo, tendo abordado os mais diferentes temas ligados à Equipa das Qiunas, desde a campanha perfeita de qualificação para o Euro'2024, a presença ou não de Pepe na fase final da prova ou a não chamada de vários jogadores do Sporting, entre vários outros assuntos.
O passeio de Portugal na fase de apuramento: "Sou espanhol... é da cultura da Península Ibérica. Esperamos sempre que alguma coisa não corra bem e queremos sempre mais. Eu gosto disso. A seleção tem um talento e capacidade que é normal. Criámos um ambiente de alto rendimento. Precisamos sempre de melhorar o que fizemos. O apoio dos dos adeptos durante o apuramento foi espetacular, foi brutal. Isso é mais importante do que o feito de não ter sempre a satisfação completa. É cultural."
O sorteio da fase final: "Todos os sorteios são complicados. O estágio que vamos fazer em março é essencial para finalizarmos a nossa lista de jogadores. Isso é um passo difícil. Temos dois jogos e vamos finalizar isso. Jogamos com a Suécia, uma equipa com jogadores muito interessantes a nível individual para nós e para experimentarmos situações que não tivemos no apuramento. Depois é preparar o estágio de junho que também é muito importante. Gostaria de ter três jogos antes de sair o dia 13 de junho. É importante conseguir os aspetos que precisamos de trabalhar. Os jogadores têm caminhos diferentes desde o primeiro dia em que vamos e estar juntos na Cidade do Futebol, que é a 3 de junho. Agora é observar os adversários."
Portugal favorito?: "Durante o apuramento a nossa seleção ganhou o respeito das outras seleções. É um processo natural. No Europeu não há favoritos. Há um grupo de seleções que têm um nível para tentar lutar pelo título e é bom para nós estamos nesse grupo. Temos um caminho importante. Precisamos de experimentar nos amigáveis situações que ainda não experimentámos, como jogar sem bola e controlar as emoções depois de sofrer primeiro um golo. Isso é importante no período antes do Europeu. O Europeu é um torneio em que os jogos se decidem nos detalhes. É uma satisfação para nós saber que temos uma equipa que está pronta a dar tudo pela nossa camisola. Vamos dar tudo."
Seleção deve adaptar-se ao Cristiano Ronaldo, ou o contrário?: "O importante é que tenhamos uma ideia coletiva onde o jogador pode dar o que tem, mas numa estrutura de equipa. É o mesmo para o Cristiano ou para outro jogador. É importante que tenhamos os jogadores com uma clareza para executar os nossos conceitos. Nos últimos dez jogos, vimos uma ideia muito clara na nossa seleção que todos executaram muito bem. Isso é um sinal importante. Precisamos de seguir na mesma maneira. É importante ter jogadores com experiência com outros que não a têm e que têm uma visão diferente. É essa a mistura certa. A linha a seguir é a mesma dos últimos dez jogos."
Várias lesões de Pepe deixam-no em dúvida para o Europeu? "É importante estar presente nos estágios. Temos muitos jogadores e opções para todas as posições. Há centrais que estão a trabalhar muito bem. É importante, para termos o Pepe no Europeu, que possa estar em março para mostrar o que pode fazer esta época. Sabemos do que o Pepe é capaz. Tem experiência e uma atitude espetacular. No estágio em que tivemos o Pepe vimos o que ele pode trazer à equipa. Há um período de 13 semanas até ao estágio de março em que os jogadores podem mostrar o que podem fazer. É importante para o Pepe e para outros centrais que não tiveram ainda oportunidades, como o Diogo Leite, que tem estado nos pré-convocados. O estágio de março será importante para os jogadores que estiveram nos pré-convocados e que não tiveram a oportunidade."
Ausências de Pote, Paulinho e Nuno Santos: "O trabalho do selecionador é esse, ser neutro. Eu vou a Alvalade ver muitos jogos para ter uma informação em primeira mão. O Pote é jogador muito competitivo e que tem um nível muito alto, mas também há outros jogadores a jogar na mesma posição. A competitividade é alta. Estou sempre aberto a falar com os treinadores e a justificar porque os jogadores vão ou não à seleção.
O Nuno Santos é um jogador com uma capacidade física muito alta. Mas temos o Nuno Mendes, que pode fazer o mesmo, o Raphael Guerreiro, que também jogou nessa posição. Depois temos o Rafael Leão, que não tem o mesmo papel, mas joga na mesma zona com uma estrutura diferente. O Nuno Santos tem dificuldade porque há muitos jogadores à frente.
O Paulinho é ponta de lança e enfrenta uma dificuldade, com outro ponta de lança no Sporting. Uma competitividade direta. Mas nós temos jogadores como o André Silva, que está apto outra vez, o Beto, na mesma posição, mas muito diferente, e um mais jovem, que é o Tiago Tomás, que tem estado muito bem na Bundesliga. A nossa escolha até agora foi de ter dois pontas de lança, mas estamos a acompanhar o que o Paulinho está a fazer."
Qualidade do lote de jogadores à sua escolha: "Com a geração que temos agora na formação, o futebol português fica numa posição excelente. Não é uma casualidade termos os jogadores que temos. Temos jogadores em grandes balneários. Isso é uma responsabilidade e uma oportunidade de poder desfrutar de jogos grandes e torneios grandes. Temos que ir para o Europeu com um sonho que partilhamos com os nossos adeptos, mas desfrutar. Temos jogadores de muito talento e o talento quando tem um grande sorriso, pode dar um nível mais alto. O grupo está preparado para isso."
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