O antigo médio brasileiro Paulo Assunção, que sobressaiu no FC Porto, vai estrear-se como treinador principal no domingo, na receção do Pedroso ao Foz, para a Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto.
“Passei por um nível em que os jogadores recebiam muito dinheiro. Agora, é uma alegria estar com gente humilde, ensinar as coisas que Deus me deu, como o dom do futebol, e ajudar pessoas que têm sonhos, trabalham e sei que atravessam dificuldades. Estou feliz por isso”, assumiu à agência Lusa o ex-jogador, de 41 anos, que conquistou três edições da I Liga, duas Taças de Portugal e uma Supertaça pelos ‘dragões’, entre 2005 e 2008.
Oito épocas depois de ter terminado a carreira de futebolista nos gregos do Levadiakos, Paulo Assunção prepara-se para um “desafio mais exigente” no clube de Vila Nova de Gaia, no qual rendeu José Gomes, de saída após cinco derrotas e um triunfo na Série 2.
“Estava a tirar o curso de nível II da UEFA, mas precisava de fazer estágio e aproveitei o convite para ser treinador. Sei que o Pedroso começou um pouco mal esta época, mas ainda tem tempo. Em cada trabalho que iniciamos, como em tudo na vida, cada dia é como se fosse uma guerra. Acredito que, com trabalho, faremos boas coisas”, afiançou.
O antigo médio, que venceu duas Liga Europa e uma Supertaça Europeia ao serviço dos espanhóis do Atlético de Madrid (2008-2012), foi anunciado pelo Pedroso na quinta-feira, três dias depois de ter orientado o primeiro treino, ao lado do adjunto Cristiano Freitas.
“Quando se perde muitos jogos assim, e eu passei por isso, queremos vitórias rápidas e jogamos com muito coração. Penso que, tendo um pouco de paciência, começando do zero e fazendo coisas simples, pouco a pouco vamos ganhar confiança e as coisas irão fluir”, frisou, sobre o penúltimo colocado da Divisão de Elite portuense, com três pontos.
Ainda com experiência acumulada no Nacional, nos brasileiros do Palmeiras e do São Paulo, nos gregos do AEK Atenas ou nos espanhóis do Deportivo, Paulo Assunção aproveitou a quarentena potenciada pela pandemia de covid-19 para abrir horizontes.
“O futebol está desde pequeno na minha veia. Agora, como treinador, é uma outra visão em relação aos tempos de jogador. Passei quase 20 anos a jogar e as coisas vêm todas de novo à memória. Aprendi com cada técnico e em todos os lugares por onde passei. Como treinador, é a mesma coisa. Temos de ver tudo o que o jogador precisa”, admitiu.
O treinador natural de Várzea Grande testemunhou esta semana o “prazer” dos seus novos pupilos por conviverem com “alguém que se acostumaram a ver em todo o lado”, esperando que possa cruzar referências dos seus antigos técnicos nesta nova etapa.
“Tenho de os colocar no mesmo patamar, porque aprendi muitas coisas com Luiz Felipe Scolari, Vanderlei Luxemburgo, Jesualdo Ferreira, Fernando Santos, José Peseiro, Diego Simeone ou Quique Flores. Agradeço a Deus por essa escola de bons treinadores e pessoas, que tratavam bem os jogadores, eram claros e faziam coisas corretas”, vincou.
Sem esconder “um friozinho na barriga” antes do encontro com o Foz, no domingo, às 15:00, Complexo Desportivo de Pedroso, da sétima jornada da Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto, deseja “o mesmo do que quando começou a jogar”.
“Peço sempre que dê o máximo nas coisas que faço e deixe Deus controlar a minha vida. Na cidade onde morava no Brasil, jogava na rua. Tive a oportunidade de ir para São Paulo, onde fiz o meu trabalho e respeitei toda a gente, antes de chegar a Portugal e a Espanha. Penso que será o mesmo caminho como treinador. Vou aprender com todos e fazer as coisas certas, sem querer atrapalhar ninguém”, concluiu o ex-médio brasileiro.
A duração da ligação entre as partes não foi revelada pelo Pedroso, clube fundado em 2007 e sediado na União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, que foi afastado pelo Paredes, do Campeonato de Portugal, na primeira ronda da Taça de Portugal (0-2).
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