O futebolista Paulo Ferreira lamenta a controvérsia sobre o processo de obtenção da nacionalidade de Roman Abramovich, defendendo que ter o magnata russo como cidadão português trará apoios e investimentos para Portugal.
"Na minha opinião, devíamos estar felizes por ter alguém como o senhor Abramovich como cidadão português. É uma ótima pessoa que tem estado a fazer coisas ótimas nos países onde vive e faz negócios”, defende, em declarações à Lusa, o antigo jogador do Chelsea, clube onde ainda trabalha e onde conheceu Abramovich em 2004.
Para o antigo lateral direito, as pessoas “deviam dar-lhe uma oportunidade e ver o que ele quer, baseado no trabalho dele noutros países como no Reino Unido ou Israel”, garante.
Ferreira diz que o magnata russo já lhe perguntou sobre organizações de beneficência para apoiar em Portugal e disse que também tenciona investir em oportunidades económicas, nomeadamente em ‘startups’ de tecnologia.
"A presença dele é positiva, devíamos estar satisfeitos”, insiste.
Sobre as dúvidas levantadas quando à legitimidade das origens de Abramovich, o antigo internacional português aponta para a existência de dois pesos e duas medidas.
"Muitos jogadores, por exemplo sul-americanos, têm antecedentes [familiares] e, quando têm oportunidade para ter um passaporte europeu, fazem-no e as pessoas não criticam tanto. Alguns tornaram-se jogadores internacionais”, lembra.
Roman Abramovich naturalizou-se português em abril de 2021 ao abrigo da Lei da Nacionalidade como descendente de judeus sefarditas expulsos de Portugal no século XV revelou, em dezembro o jornal Público.
Milhares de pessoas usaram o mesmo programa desde a entrada em vigor da lei, em 2015.
Críticas do opositor político russo, Alexei Navalny, e da Associação Frente Cívica, liderada pelo antigo candidato à Presidência da República portuguesa Paulo de Morais, levaram à abertura de dois inquéritos separados pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e pelo Instituto dos Registos e Notariado (IRN)
Uma porta-voz de Roman Abramovich negou quaisquer irregularidades.
Paulo Ferreira transferiu-se do Futebol Clube do Porto para o Chelsea em 2004, onde jogou nove épocas e terminou a carreira, aos 34 anos.
Atualmente trabalha no departamento dos jogadores emprestados pelo clube londrino, pelo que mantém uma ligação ao Chelsea há 18 anos.
Do dono do clube, retém a “boa impressão" inicial de alguém que "adora futebol, muito envolvido", que após cada jogo visitava o balneário e sentava-se para ouvir os jogadores falar sobre o jogo.
"Não importava se ganhávamos ou perdíamos, vinha sempre e sentava-se connosco como uma pessoa normal, o que era interessante. Para nós era bom ter essa relação com o dono do clube”, recorda.
Graças ao proprietário, os “blues” contrataram "jogadores fantásticos” e o ’Special One’, José Mourinho, entre outros treinadores, mas o empresário russo também é conhecido por não hesitar em despedir os técnicos quando os resultados não são bons.
O sucesso do Chelsea, que acumulou troféus nos últimos anos, vinca Paulo Ferreira, é um resultado da “paixão” de Abramovich pelo clube, por isso todos respeitam as suas intervenções.
"No final, é o dono do clube, quer que o clube tenha sucesso e jogue bem, e se as coisas não estão bem, tem o direito de o fazer, ele é o chefe”, resume.
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