Samuel Barata reconheceu hoje que fez uma prova “um bocado conservadora”, considerando que, apesar de a marca na maratona de Paris2024 ter sido “boa”, tem de correr mais à frente para ser melhor do que 48.º classificado.

“Fiz uma prova equilibrada, um bocado conservadora, visto a dificuldade da prova. Fiz 02:13 [horas], a marca não é má, só que o nível está super. Tinha que correr mais rápido e a classificação não foi nada especial, 48.º. O meu objetivo era ficar no top 40, top 30. O facto de ser muito conservador no início, se calhar paguei um bocado caro. Devia ter arriscado mais rápido”, analisou.

Samuel Barata, que se estreou em Jogos Olímpicos, terminou hoje na 48.ª posição a maratona de Paris2024, com um tempo de 2:13.23 horas, a 6.57 minutos do vencedor, o etíope Tamirat Tola (2:06.26), novo recordista olímpico, depois de entrar em crescendo na segunda metade da prova.

A meio da maratona, o português era 61.º classificado, mas foi galgando lugares, nomeadamente entre os 25 e os 30 quilómetros, quando subiu oito.

“Se calhar, aqueles 10, 15 lugares que devia ter ficado à frente, tinha que ser ganho na primeira parte da prova e eu não quis arriscar muito, porque tinha medo de não acabar. Acabei a prova, 02:13 [horas], 48.º, neste momento estou contente, sou atleta olímpico. Tenho quatro anos para trabalhar”, notou.

Em declarações na zona mista do complexo de Invalides, onde a maratona acabou num imponente cenário de postal, Barata defendeu que o seu recorde pessoal, atualmente nas 02:07.35 horas, tem de progredir para as 02:04.

“Estive aqui no meu melhor, não corri para recorde pessoal, mas estou satisfeito porque acabei a prova. […] A marca é boa, mas tenho de correr mais à frente. Não há desculpas, temos de trabalhar mais, é assim, o nível está muito forte”, reiterou.

O atleta português explicou que optou por ser conservador por ter regressado de lesão há dois meses e não estar 100% curado.

“A minha preparação foi um bocado complicada mentalmente, porque, quando vem a lesão, há ali uma paragem, depois voltas, a confiança não é a mesma, mas felizmente neste último mês e meio eu treinei muito bem”, completou.

Da estreia olímpica, o fundista de 31 anos leva “experiência”, relevando que para esta maratona “a preparação foi diferente”.

“Trabalhei muito o calor, trabalhei muito a questão dos abastecimentos, a parte mental, toda a pressão que é estar a correr nos Jogos Olímpicos e essa experiência, sem dúvida, é diferente de correr uma maratona comercial durante o ano. Estou super satisfeito de ter cá estado, mas não estou satisfeito com a classificação. Se eu estiver satisfeito, não é de mim”, defendeu.

Para Barata, a estreia olímpica será “uma experiência que fica para sempre”.

“São uns Jogos Olímpicos e o facto de eu estar a conviver com atletas extraordinários é brutal. E espero repetir daqui a quatro anos”, concluiu.