Foi “um sonho realizado”, admitiu o juiz do quadro do circuito mundial da World Rugby em declarações à agência Lusa, e que deixou o português já de olhos postos no próximo ciclo olímpico, que se encerra em 2024, em Paris.
“O próximo passo é trabalhar estes três anos para chegar a Paris mais forte do que estive em Tóquio, que foi uma competição com uma preparação diferente em todos os aspetos, devido à pandemia” de covid-19, apontou Paulo Duarte.
Mas a preparação para Tóquio2020 foi condicionada não apenas pela pandemia, como também por uma chegada “apenas dois dias antes do início da competição” e por uma lesão sofrida em 23 de abril, ao arbitrar um encontro entre Técnico e Belenenses.
Nesse desafio, do campeonato português, sofreu uma contusão óssea subcondral já perto do final do encontro que o fez temer pela presença em Tóquio.
“Foi o primeiro pensamento que me ocorreu no momento” da lesão, recordou Paulo Duarte, ao qual se seguiram “cinco minutos infernais” de incerteza.
No entanto, uma ressonância magnética realizada nos dias seguintes confirmou a inexistência de lesões ao nível dos ligamentos, o que foi “uma lufada de ar fresco” na mente de Paulo Duarte, apesar de saber que “tinha de fazer uma recuperação bastante acelerada para chegar a 100%” ao torneio olímpico.
De resto, foi "uma lesão de um colega francês" e o adiamento dos Jogos Olímpicos, por um ano, período durante o qual um outro companheiro que estava nomeado para o quadro masculino se reformou, que permitiram a Paulo Duarte marcar presença também nos jogos do setor masculino.
“Soube da decisão duas semanas antes e agarrei da melhor forma possível, sabendo que ia ser muito difícil porque, comparativamente com a competição feminina, os jogos da fase de grupos eram bem mais difíceis”, revelou o juiz luso.
Assim, Paulo Duarte arbitrou o Austrália-Argentina e o Grã-Bretanha-Japão na fase de grupos, assim como o Canadá-Austrália, de atribuição dos sétimo e oitavo lugares da competição masculina.
“Não comecei como queria nos homens, tive um jogo difícil no primeiro dia e, depois, melhorei no segundo jogo, mas já não foi suficiente para estar nos quartos-de-final ou meias-finais [como árbitro principal]”, analisou.
No entanto, foi árbitro assistente no Nova Zelândia-Grã-Bretanha (meias-finais) e no Grã-Bretanha-Argentina (final de bronze), após desempenhar essas funções no Austrália-Coreia do Sul, Ilhas Fiji-Grã-Bretanha e Nova Zelândia-Austrália, na fase de grupos, assim como no Canadá-Estados Unidos (meias-finais do quinto ao oitavo lugar).
Depois, no quadro feminino, arbitrou o Estados Unios-Japão da fase de grupos e o Ilhas Fiji-Austrália, nos quartos-de-final, e foi árbitro assistente nos jogos Estados Unidos-China, Nova Zelândia-Quénia, China-Japão e Nova Zelândia-Comité Olímpico Russo, todos na fase de grupos.
A prestação terminou com a presença como árbitro principal no encontro de atribuição do ‘bronze’, entre as Ilhas Fiji e a Grã-Bretanha (21-12), num torneio que foi conquistado pela Nova Zelândia, que venceu a França (26-12) na final.
“Apesar de não ser o jogo da medalha de ouro, é sempre um sonho realizado. Não podia estar mais contente pela experiência, independentemente de fazer final ou não. Foram seis dias muito intensos, com muitas emoções, e o culminar de um trabalho de cinco anos a preparar estes Jogos”, exultou o árbitro português.
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