A selecionadora Ana Hormigo, que faz dupla com Pedro Soares à frente da equipa portuguesa de judo, disse existir um sentimento de felicidade com o bronze de Bárbara Timo, apesar de reconhecer que “sabe a pouco”.
“É ao que temos vindo a habituar, ou seja nos últimos Mundiais tivemos duas medalhas [2019 e 2021]. Vimos aqui grandes surpresas ao longo destes dias, vimos equipas que habitualmente pontuam bastante, conseguem medalhar e não conseguiram", disse a treinadora, fazendo o paralelo com as últimas edições, apontando que outros países favoritos tiveram ‘sérios’ problemas.
Desta vez, Portugal, que competiu com oito judocas, em comparação com mais atletas em Tóquio2019 (ouro e prata) e Budapeste2021 (ouro e bronze), sai com uma única medalha, a de Bárbara Timo, judoca que até desceu de categoria de peso.
“Olhando para isto, temos de estar muito felizes, conseguimos este feito que foi a medalha da Bárbara, numa categoria diferente, ou seja ela consegue medalhar em dois Mundiais em categorias diferentes, e a dar um pouco de foco, outra vez, à equipa”, alertou a treinadora.
Hormigo, que acumula o cargo de selecionadora com o de treinadora no Benfica, clube de que faz também parte Bárbara Timo, considera que a judoca tem mostrado a cada momento que é uma “super atleta”, que promete ainda mais.
“Baixando para os -63 kg, claro que tem que haver umas restrições, mas ela adaptou-se bastante bem, perdeu o peso tranquilamente, tem conseguido manter esta consistência nos 63, e foi muito importante para ela agora, para mostrar que está aqui para conquistar medalhas e é uma atleta que pode fazer estragos nos 63 kg”, sublinhou.
Ana Hormigo lembra ainda que na capital do Uzbequistão não estiveram Telma Monteiro, a recuperar de uma cirurgia ao joelho e que tem cinco medalhas em Mundiais (quatro de prata e uma de bronze), nem Patrícia Sampaio.
“Tivemos duas grandes baixas, que foi a Telma [Monteiro] e a Patrícia [Sampaio], que já vão estar nas próximas competições. Um Campeonato do Mundo é aquela prova em que parece que trabalhamos o ano inteiro, tendo vários objetivos pelo meio, mas é aquela grande prova do ano”, disse.
Tirando a medalha de Timo, Portugal não teve mais subidas ao pódio, numa edição em que Jorge Fonseca partia como líder e grande favorito em -100 kg, mas o bicampeão mundial terminou em sétimo (com duas vitórias e duas derrotas).
Joana Diogo (-52 kg), Rochele Nunes (+78 kg) e Anri Egutidze (-90 kg) tiveram uma vitória e uma derrota, e a vice-campeã europeia Catarina Costa (-48 kg), Rodrigo Lopes (-60 kg) e João Fernando (-81 kg), perderam nos combates de estreia.
“É para isso que trabalhamos, estarem aqui na disputa das medalhas (…) foi muito bom o dia da Bárbara, deu um alento muito grande à equipa, era disso que estávamos a precisar e eles têm de confiar no trabalho, qualquer um deles pode fazer isto”, assinalou ainda Ana Hormigo.
A treinadora projeta já as próximas competições, num último trimestre que terá três Grand Slams – prevendo-se a presença de portugueses em Abu Dhabi e Baku -, mas também o Masters, entre 20 e 22 de dezembro, competição que reúne os mais bem classificados.
“Até ao Masters temos ainda dois Grand Slams, também com grande peso, são provas que conseguem garantir pontos bastante importantes para a qualificação, e, sim, é o Masters agora no final do ano”, explicou, adiantando que a luta também continua a ser ‘ganhar pontos’, perspetivando o apuramento para os Jogos Olímpicos de Paris2024, numa qualificação a entrada direta a 17 judocas, em masculinos e femininos.
Ana Hormigo não aponta números a Paris, depois de em Tóquio terem competido oito atletas, mas considera existir “matéria-prima” para o apuramento.
“Se calhar temos aqui mais atletas com potencial nesta corrida. Temos categorias que têm até dois atletas a concorrer, para nós é muito bom que uma equipa tenha isto, vão-se motivando uns aos outros, temos ali alguém a morder-nos os calcanhares”, referiu.
Os Mundiais de judo de Tashkent fecharam para Portugal na quarta-feira, após a competição individual, mas apenas hoje será a conclusão oficial, com a disputa da categoria de equipas mistas, em que a seleção portuguesa não compete.
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