O desporto é o partido de José Manuel Araújo, garantiu à agência Lusa o candidato à presidência do Comité Olímpico de Portugal, defendendo que o organismo tem de continuar “absolutamente independente de quaisquer flutuações partidárias e governamentais”.
“O meu partido é o desporto. Estou aqui para servir o desporto, o meu compromisso é com o desporto. O objetivo é que nós pensemos, discutamos, façamos trabalho no sentido de que o desporto seja mais qualificado, seja mais reconhecido pelo Estado e pela sociedade. Agora, na verdade, a presença de várias pessoas com origens partidárias, políticas, é uma situação que é um facto e cada um terá a sua visão”, declarou.
José Manuel Araújo respondia a uma questão da agência Lusa sobre o risco de as eleições do Comité Olímpico de Portugal (COP) serem ‘politizadas’, uma vez que entre os quatro candidatos já anunciados estão Laurentino Dias e Alexandre Mestre, dois antigos secretários de Estado do Desporto, respetivamente nos Governos de José Sócrates (PS) e Pedro Passos Coelho (PSD).
“Estes próximos quatro anos vão ser absolutamente claros na minha gestão, absolutamente independente de quaisquer flutuações partidárias, de quaisquer flutuações governamentais. O Comité Olímpico tem de ser a instituição que tem sido até agora, absolutamente segura, independente e uma voz livre em relação ao Estado e ao Governo especificamente que estiverem em função”, defendeu.
O candidato instou as federações a “olharam para o que tem sido feito” nos últimos anos, de modo a perceberem se querem o mesmo COP, “independente, claramente livre de poder ter as suas posições”, ou se preferem um que “possa ter algumas posições que possam flutuar com o tempo”.
O atual secretário-geral do organismo pronunciou-se ainda sobre o outro candidato, Jorge Vieira, considerando natural que o antigo presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) sinta vontade de se manter ativo no desporto, após ter atingido o limite de três mandatos, mas também sobre a hipótese de o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) se juntar à ‘corrida’ ao COP.
“Fernando Gomes é também mais uma das pessoas que, naturalmente, tem muito a dar ao desporto em Portugal e, portanto, obviamente que é uma pessoa que o COP deve considerar também para conversar, para no fundo termos a vantagem de ter um conjunto de figuras e de pessoas que estão próximas do desporto e que podem continuar a ajudar da forma que se entender adequada”, completou.
Para Araújo, é “muito bom” sinal que haja “muitos candidatos” às eleições de março, embora conceda que “as pessoas podem ficar agora um bocadinho baralhadas”.
“Já não há quase modalidades para subscrever as candidaturas, mas este é um sinal que é um reconhecimento destes três ciclos [olímpicos], do trabalho destes ciclos em que estive presente”, disse, aludindo ao seu percurso nos mandatos de José Manuel Constantino, o pensador do desporto que presidiu ao COP desde 2013 e que morreu, vítima de doença prolongada, em 11 de agosto, durante a cerimónia de encerramento de Paris2024.
“Sinto o peso da responsabilidade de assumir a presidência do Comité Olímpico para o futuro, pensando nos passos que podemos dar para conseguirmos fazer mais”, respondeu, ao ser questionado sobre se seria difícil suceder a Constantino.
Como legado, o antigo presidente deixou as duas mais bem-sucedidas missões olímpicas de Portugal em Jogos Olímpicos, em Tóquio2020 e Paris2024, mas José Manuel Araújo quer “elevar patamares”.
“Há uma consistência de resultados muito positiva, conseguimos as quatro medalhas em Tóquio, repetimos as quatro medalhas, com um ligeiro acréscimo, em Paris, e não podemos olhar para manter as coisas como estão, podemos olhar para subir. Naturalmente que o professor José Manuel Constantino é uma referência do desporto, é um homem que todos respeitamos, foi uma figura absolutamente incontornável e, portanto, ficamos satisfeitos com também essa perceção de muita gente e essa unanimidade de reconhecimento da grande figura que ele foi”, concluiu.
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