Pedro Pablo Pichardo sagrou-se esta sexta-feira em Tóquio, pela segunda vez na sua carreira, campeão mundial do triplo salto, conquistando a medalha de ouro nos Mundiais que decorrem no Japão.

- Tudo sobre o desporto nacional e internacional em sportinforma.sapo.pt -

Após o triunfo - que quase no fim parecia querer fugir - Pichardo prestou as primeiras declarações, dedicando a vitória a quem sempre o apoiou, revelando que bem recentemente esteve a contas com uma lesão e confidenciando que ainda não sabe se vai estar nos próximos Jogos Olímpicos, antes de pedir ainda mais apoios para o atletismo.

Ultrapassado antes do último salto, mas medalha não fugiu":"São muitos anos de experiência, para mim é muito importante deixar sempre um bocadinho de energia para o último salto. Por acaso não queria saltar mais, pensava que tinha a vitória já do nosso lado, mas quero agradecer também ao atleta da Itália, que puxou por mim e fez com que saísse aquele grande salto. Fiquei assustado, não estava à espera, não é subestimar o atleta, mas esperava que pudesse ser outro atleta, não ele. A minha esposa não gosta, diz sempre para dar tudo no primeiro salto, mas deixo sempre um pouco para se acontecer o que aconteceu hoje. Como também abdiquei do quinto salto, poupei mais energia. E assim ainda tinha um bocado de energia no saco e pronto, saiu um grande salto".

Primeiro bicampeão mundial português: "Não sabia. Fico muito feliz, só tenho de agradecer a todos os portugueses, a toda a equipa que trabalha comigo e me tem acompanhado, à minha família, à minha esposa, mãe e às minhas filhas, além do fisioterapeuta, o Ricardo Paulino, e ao Dr. José Gomes. Há dois meses estava com uma lesão muito grave na coluna, com uma fratura e um edema, eles conseguiram trabalhar para me recuperar. E, também, ao meu pai, que é meu treinador, que nunca falha."

Ouro nos JO de Tóquio, Ouro nos Mundiais de Tóquio: "É uma das cidades da minha vida, não me lembro de outra cidade que me tenha dado tanta alegria. É um lugar que vou lugar para a vida toda".

Presença nos Jogos Olímpicos de Los Angeles e reparos aos apoios ao atletismo: "Já estou velho! Vamos ver, são assuntos um pouco mais reservados, o meu pai e mãe já me puxaram as orelhas da última vez. Eu dependo deles, mais ou menos: o que os meus e a minha esposa quiserem, eu faço. São eles que decidem o que faço na minha carreira. Temos de ver ser o país e as instituições realmente conseguem apoiar o atletismo e olhar um bocadinho mais para nós. O atletismo é das modalidades onde, no nosso país, infelizmente temos pouco apoio. Dão-nos um bocadinho, olham para nós e pensam que já é muito. Gostaria de dar essa medalha olímpica em Los Angeles, mas, e não só eu, precisamos, nas modalidades, que o país nos reconheça e apoie um pouco mais. Eu por acaso não tenho tantas dificuldades pelos contratos e resultados que tenho, mas seria bonita que Governo, do IPDJ, da Federação e do Comité Olímpico de Portugal, estivessem aí para nós, que nos apoiassem como os profissionais que somos".

Dedicatória: "O meu pai não me deixou ir embora, pediu-me para fazer mais este ano. Foi ele que me ensinou tudo no desporto, digo sempre que é ele quem vai decidir quando termino a minha carreira. Esta medalha vai ficar em casa do meu pai. Pronto, é que o meu pai, a minha mãe e a minha esposa quiserem, eu faço."

Ouro após a polémica com o Benfica: "Foi mais complicada a lesão, não o clube, eu não saí do mesmo sítio, o clube não me dava pista de treinos nem condições para treinar. Não mudou muita coisa, só o resultado de hoje. Continuo entre Setúbal e Itália. Foi mais complicada a parte da minha saúde, e o meu pai também esteve internado, há dois meses estava a lutar pela sua vida. Hoje dedico muito a vitória a ele.".