A atleta amadora Susana Santos reconheceu hoje que alcançar o terceiro melhor tempo de uma portuguesa na maratona é um “feito que significa muito” e só foi possível com “muito trabalho” para conciliar o desporto com o emprego.

“Este feito significa muito. Só estou há pouco tempo a fazer maratonas, desde 2023. Esta é apenas a minha quarta maratona. Para mim, é um motivo de muito orgulho. É uma distância que até tinha um pouco de receio em abordar. Não me via a fazer maratonas”, confessa à agência Lusa.

No domingo, em Valência, Espanha, Susana Godinho Santos tornou-se a terceira melhor portuguesa na maratona, ao cumprir a distância em 2:24.46 horas, apenas atrás de registos de Rosa Mota, em 1985, e Jéssica Augusto, em 2014.

Apesar do feito, a desportista do RD Águeda queria mais: “Correu bem, porque faço recorde pessoal, mas ambicionava um bocadinho mais, até porque tinha feito uma boa preparação”.

A atleta reconhece que a prova em Valência teve alguns “obstáculos”, como o menor tempo de preparação (em comparação com os Jogos Olímpicos) e o “desconforto” provocado pela participação no campeonato nacional de corta-mato na semana anterior.

Apesar de ter “torcido o pé” por volta dos 11 quilómetros, Susana Santos conta que o período mais difícil da maratona de Valência foi entre os 26 e os 33.

“Dos 26 aos 33 quilómetros passa-se uma má fase. Aí vou um bocadinho abaixo, mas consegui dar a volta, porque depois de uma fase menos boa, vem sempre uma boa fase. Pensei no processo e nos sacrifícios que tinha feito para estar ali na maratona. Foi lutar contra essas dificuldades”, revelou.

No final, a portuguesa conseguiu retirar 49 segundos ao seu anterior recorde pessoal, com uma marca que lhe valeu o 13.º lugar na maratona conquistada pela etíope Megerte Alemu (2:16.49 horas).

O “segredo” para atingir a terceira melhor marca de uma portuguesa nos 42 quilómetros da maratona foi um "trabalho intenso" e um "grande espírito de sacrifício".

“Temos de treinar para atingir os resultados. Depois, como qualquer atleta, temos de fazer sacrifícios, ter cuidado com a alimentação e muitas vezes prejudicar o tempo com a família por causa do devido descanso. Eu ainda mais, devido o meu dia com o trabalho e corrida”, admitiu.

Susana Santos, que trabalha numa clínica fisiátrica na Maia, explica que são precisos “dias bem estruturados” para conciliar os treinos com o emprego, mas diz que “não sabe fazer de outra maneira”.

“Os meus resultados são sempre conquistados a trabalhar. Não sei como seria se não tivesse emprego. Estou habituada. Quando uma pessoa quer mesmo uma coisa, conseguimos arranjar tempo”, frisou a maratonista.

Depois de Valência, a atleta já está focada nos campeonatos nacionais e europeu de estrada marcados para 2025, remetendo para depois uma decisão sobre a participação no Mundial.

“Em relação ao Mundial, não sei se vai ser opção ou não. Vai depender de como correr a próxima época. Não consegui a marca diretamente, mas através do ranking acho que me consigo qualificar”, concluiu.