A antiga basquetebolista internacional portuguesa Ticha Penicheiro, que conquistou a liga norte-americana feminina (WNBA) em 2005, ao serviço das Sacramento Monarchs, defendeu hoje que a passagem pelos Estados Unidos fortaleceu a faceta pessoal e profissional.
"O que acrescentou? Tudo, porque é a liga mais competitiva do mundo e nós queremos competir sempre nas melhores ligas do mundo. Em termos pessoais ajuda-nos a crescer, sobretudo em termos de perseverança, pois temos muitos mais obstáculos pela frente quando estamos longe do nosso país e da nossa família", admitiu à Lusa a empresária de jogadoras, apontada como a principal referência do basquetebol português além-fronteiras.
Natural da Figueira da Foz, Patrícia Nunes Penicheiro, de 44 anos, embarcou no sonho americano em 1994, incorporando os quadros da Old Dominion University, após experiências no Ginásio Clube Figueirense, que a lançou na ribalta, e pela União Desportiva de Santarém, com a qual arrecadou um campeonato, uma Taça de Portugal e uma Supertaça em dois anos.
Um ano mais tarde, Ticha teve a companhia de Mery Andrade, que jogou cinco épocas ao mais alto nível, divididos entre as Cleveland Rockers e as Charlotte Sting. Maior sucesso granjeou a base recrutada pelas Sacramento Monarchs em 1998, franquia que representou até 2009, antes de concluir um percurso de 15 temporadas na elite com dois anos nas Los Angeles Sparks e outro pelas Chicago Sky.
Além do único anel arrecadado em 2005, Ticha Penicheiro, apelidada de ‘Lady Magic’ pelo ídolo Magic Johnson, detém o segundo melhor registo de assistências da WNBA, quatro presenças no ‘All-Star Game’ e duas entradas na ‘All-WNBA First Team’, tendo sido votada em 2016 como uma das 20 melhores atletas nas primeiras duas décadas de existência da prova.
Retirada das quadras desde 2012, com múltiplas aventuras vividas no continente europeu (Polónia, Itália, França, Rússia, Letónia, República Checa e Turquia) mal terminava a época nos EUA, a maior embaixadora do basquetebol português evoluiu ao ponto de figurar no ‘Women's Basketball Hall of Fame', entrando na classe de 2019, que será admitida em 08 de junho, em Knoxville, no Tennessee, numa homenagem ao papel ativo mantido na divulgação da modalidade.
"A estreia na WNBA foi um objetivo cumprido, mas sabia que ainda havia muito mais pela frente. À medida que vamos crescendo e subimos de patamar, os objetivos mudam. Acho que isso está a acontecer com o Neemias Queta: conseguiu vingar em Portugal, deu o seu contributo na universidade [Utah State] e agora vem o passo mais importante, que é entrar na NBA", frisou Ticha, que teve um percurso sem paralelo em Portugal, país que nunca teve um atleta na liga norte-americana masculina (NBA) e onde a modalidade está longe de ser dominadora.
Na verdade, alguns portugueses já tentaram materializar o sonho americano da NBA. Seco Camara, Carlos Lisboa ou Carlos Andrade cruzaram-se em diferentes momentos da carreira com essa possibilidade, enquanto João ‘Betinho’ Gomes alcançou mesmo o ‘draft’ em 2007, embora não tenha sido escolhido por nenhuma equipa.
No que toca ao escalão universitário, Neemias Queta e Diogo Brito, ambos pelos Utah State Aggies, juntaram-se a Francisco Amiel, dos Colgate Raiders, no lote de basquetebolistas nacionais que jogaram a fase final da National Collegiate Athletics Association (NCAA), em março, repetindo uma marca até então consumada por João Paulo Coelho em três ocasiões, entre 1999 e 2002, ao serviço dos Miami Hurricanes.
Até ver, o poste formado no Barreirense e no Benfica parece colher mais notoriedade que os seus compatriotas, mesmo se, de acordo com dados da NCAA, apenas 1,2 por cento atinge o topo, face aos cerca de 18 mil basquetebolistas que disputam todos os anos o campeonato universitário norte-americano.
"Claro que o outro objetivo passará por ser um jogador que se desenvolva a nível individual e consiga contribuir coletivamente para a sua equipa, mas neste momento ele está a pensar em ser escolhido [no ‘draft’] e andar para a frente", afiançou Ticha Penicheiro.
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