O presidente da Câmara Municipal de Viseu disse hoje que avisou a organização da Volta a Portugal em bicicleta de que não existem condições para receber este ano a prova, mas manifestou-se disponível para a acolher em 2021.
“Viseu gosta muito da Volta a Portugal, tem uma ligação umbilical com a Volta a Portugal, mas achamos que não há condições, este ano, para Viseu acolher a Volta a Portugal. (...) Em primeiro lugar está a segurança das pessoas. Não podemos correr riscos e não podemos dar sinais contraditórios”, defendeu António Almeida Henriques.
O autarca viseense explicou que a autarquia “não pode, por um lado, anular eventos como a Feira de São Mateus ou a Meia Maratona do Dão, exatamente em nome da saúde pública”, ou seja, “não pode andar a fazer uma coisa e o seu contrário”.
“Estar a apoiar um evento que tem a sua marca, o seu histórico e é, sobretudo, um evento de pessoas, é um evento desportivo, mas também traz muita gente e fazer a Volta a Portugal sem os seus condimentos não faria sentido”, assumiu.
Ainda assim, Almeida Henriques contou que disse à organização da prova, “numa troca de comunicação escrita, que Viseu estará disponível para um adiamento da Volta, mantendo o seu interesse para que, no próximo ano, no adiamento que será feito, passe por Viseu numa forma já normal”.
“Continuamos a apoiar o evento, mas entendemos que este ano não é oportuno que a Volta a Portugal passe por Viseu”, reforçou o autarca, lembrando que é a posição que está a ser adotada “pelos restantes colegas por esse país fora”.
O autarca deu o exemplo de que “só 10 equipas, mesmo que este ano sejam menos, movimentam muitas pessoas à sua volta” o que, só por si, “já é contraditório com o que é pedido pela Direção-Geral da Saúde [DGS] e aferido pelo executivo” de Viseu.
“Na minha opinião, a organização deve estar a avaliar, porque do que me tenho apercebido, quase todos os meus colegas estão a pôr em causa que se deva realizar, até porque se ela se vier a realizar não seria uma Volta a Portugal com as características que conhecemos”, apontou.
A Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), assim como a DGS, anunciaram que a Volta a Portugal em bicicleta “vai decorrer entre 29 de julho e 09 de agosto, assegurando o distanciamento social e sem concentrações com mais de 20 pessoas”.
No esclarecimento à Lusa, a DGS referiu que "os atletas serão monitorizados pela equipa médica do clube por forma a garantir a deteção precoce de qualquer sintoma sugestivo de covid-19".
"Caso existam suspeitos de covid-19 serão aplicados os procedimentos estabelecidos em Portugal, não podendo participar na prova. Será realizado um teste antes do início da competição", explicou a DGS.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 482 mil mortos e infetou mais de 9,45 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.549 pessoas das 40.415 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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