Fernando Feijão, que presidiu à Federação de Triatlo de Portugal (FTP) entre 2012 e 2016, assegurou hoje liderar uma equipa “muito competente” para salvar o organismo da “falência técnica”.

O antigo dirigente, de 69 anos, concorre nas eleições para os órgãos sociais federativos marcadas para sexta-feira frente ao atual presidente, Sérgio Dias, tendo em vista o mandato até ao fim do ciclo olímpico Los Angeles2028.

“Atualmente, como senti que a modalidade está a precisar de uma mudança e, após diversas solicitações de agentes da modalidade, resolvi formar uma equipa muito competente para disputar as eleições da federação”, começou por dizer Fernando Feijão, em declarações à agência Lusa.

Fernando Feijão presidiu à FTP entre 2012 e 2016, antecedendo a Vasco Rodrigues, que liderou o organismo até 2021, data do início do mandato de Sérgio Dias, sem considerar ter deixado o triatlo.

“Eu nunca abandonei a modalidade, sempre continuei a praticar – basta dizer que ainda na semana passada participei na final do Campeonato do Mundo de ironman, no Havai – e a ser delegado na Assembleia Geral, onde sou participativo. Acho que continuo em funções”, recordou.

A referida necessidade de “mudança” é, segundo Fernando Feijão, assente na capacidade de gestão e na definição de um novo rumo para o triatlo nacional.

“Para já, [apresentamos] a capacidade de gestão que a nossa equipa tem. A FTP está numa situação complexa, está tecnicamente falida e precisa de alguém que saiba gerir. Têm-se cometido asneiras, não se têm ouvido os clubes, os treinadores e os atletas e continua-se sem rumo, o que não augura nada de bom para a modalidade. Nós temos condições para reverter a situação”, explicou.

Esta denúncia ocorre poucos meses depois de a estafeta mista lusa ter terminado a competição olímpica nos Jogos Paris2024 em quinto lugar, igual posição à alcançada por Vasco Vilaça na prova masculina, na qual Ricardo Batista foi sexto. Maria Tomé foi ainda 11.ª, à frente de Melanie Santos, que terminou no 45.º posto.

“Os resultados foram excecionais, mas por mérito dos atletas, dos treinadores e dos clubes que os acompanham, porque a FTP externalizou todas estas tarefas. Antigamente, a FTP tinha treinadores próprios, que acompanham os atletas, e isso agora não acontece”, recordou.

O candidato da Lista A recusa que estes resultados ocultem a atual governação da FTP, até por demonstrarem a falta de renovação na modalidade.

“Estes atletas não são fruto de um trabalho de dois ou três anos. O Ricardo Batista, a Maria Tomé, o Vasco Vilaça e a Melanie [Santos] têm mais de 10 ou 12 anos de atividade. Para se construir uma carreira numa modalidade de endurance como o triatlo, são precisos muitos anos. Não se pode atribuir o mérito do que aconteceu nos Jogos Paris2024 à FTP, temos é de continuar a trabalhar, porque, depois destes atletas, há um vazio enorme”, lamentou.

Como exemplo, Fernando Feijão apontou o recente Campeonato Nacional de distância olímpica, disputado em Faro, na passada sexta-feira, por “três mulheres na elite feminina e uma júnior e em masculinos pouco mais (…) [11 elites e seis juniores]”.

“Não vemos que haja uma profundidade que garanta o futuro da modalidade”, rematou Fernando Feijão, reiterando a necessidade de “trabalhar a base” e “não desperdiçar quem experimente a modalidade”.

Na sua mais recente experiência, Fernando Feijão terminou o Mundial de ironman, em Kona, no Havai, em 12:21 horas, um registo que lhe valeu o 22.º posto entre os 78 participantes no escalão 65-69 anos, apesar de ter disputado a prova com uma costela partida e de vários furos, um dos quais em prova.

As eleições para os órgãos sociais da FTP para o ciclo olímpico que culmina em Los Angeles2028 vão realizar-se na sexta-feira, entre as 19:30 e as 21:30, na sede da federação, em Oeiras.