Os médicos de família avaliaram os níveis de atividade física e comportamentos sedentários de mais de 58 mil utentes em 2018, disse hoje à Lusa uma responsável do Programa Nacional de Promoção da Atividade Física.
A medida faz parte da promoção da atividade física nos cuidados de saúde primários com recurso a ferramentas digitais, um dos “eixos prioritários” do programa, disse Marlene Silva, da direção do Programa Nacional de Promoção da Atividade Física (PNPAF), cujo relatório anual foi apresentado hoje em Lisboa.
O objetivo foi promover um sistema de vigilância da atividade física dos utentes, abrindo a porta não só à monitorização continuada como ao aconselhamento breve neste âmbito.
Para isso, foram criadas ferramentas digitais de avaliação e aconselhamento breve de atividade física, que atualmente estão disponibilizadas em todo o país.
Mesmo sem ter existido uma divulgação concertada e generalizada ao nível dos cuidados de saúde, observou-se uma crescente utilização destas ferramentas pelos profissionais de saúde.
“Os profissionais desde há um ano que as podem utilizar e muitos têm utilizado, temos mais de 58.000 utentes avaliados por este sistema no ano passado”, tendo já sido emitidos cerca de 14 mil guias de atividade física pelos cuidados de saúde primários, disse Marlene Silva.
Para a investigadora da Faculdade de Motricidade Humana, membro da direção do PNPAF, o número de utentes avaliados é “expressivo, porque não foi feita uma disseminação alargada destas ferramentas que estavam em fase piloto”.
Este ano, as ferramentas vão ser disseminadas e vão ser realizadas ações de formação aos profissionais de saúde para o projeto “ganhar escala”.
A ferramenta de avaliação está incluída no sistema de apoio à consulta nos cuidados de saúde primários e o profissional de saúde, tal como regista o peso, a altura, a pressão arterial e outros dados, coloca questões para avaliar quantas vezes por semana e durante quanto tempo o utente fez atividade física moderada a vigorosa e teve comportamentos sedentários.
“Esta avaliação vai-nos permitir ter um instrumento de monitorização da atividade física no sistema de saúde”, que vai permitir “perceber melhor os dados nacionais e internacionais” relativos à atividade física, explicou Marlene Silva.
Vai ser também criada este ano uma consulta de atividade física destinada a doentes com diabetes tipo 2 e depressão, “duas condições muito prevalentes”, para as quais “a atividade física tem demonstrado efeitos benéficos muito marcantes”.
“Vamos testar o custo-efetividade desta consulta específica” e “vamos fazê-lo em 14 centros de saúde do país”, uma avaliação que durará um ano e vai permitir perceber “se esta é uma via a disseminar a todo o SNS”.
No âmbito do PNPAF, será também lançada este ano uma campanha nacional de promoção da atividade física.
“Portugal ainda não teve uma campanha realmente nacional para aumentar os níveis de literacia física, de prontidão e de motivação para a prática de atividade física”, disse Marlene Silva, adiantando que a campanha deverá ser lançada em maio e decorrerá em vários meios de comunicação social.
O programa traça como metas para 2020 aumentar para 32% a percentagem de adultos que faz exercício ou pratica desporto com regularidade e aumentar para 70% a percentagem de adolescentes que pratica atividade física três ou mais vezes por semana.
Outra das metas é aumentar para 25% a percentagem de adultos com menos de sete horas e meia por dia em atividade sedentária.
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