O piloto português Tiago Monteiro disse hoje à Lusa que foi uma frustração ver adiado o regresso ao campeonato do mundo de carros de turismo (WTCC), mas reconhece que é uma "sorte estar aqui", depois do acidente sofrido em Barcelona.
"Foi uma surpresa bastante frustrante. Mas tenho de aceitar", afirmou o piloto portuense, líder do campeonato, que contava regressar à competição no próximo fim de semana, na China – cinco semanas depois do acidente de 07 de setembro, numa sessão de testes da Honda -, e agora espera poder correr no Japão, entre 27 e 29 de outubro.
Tiago Monteiro explicou que ainda no hospital começou a fazer toda a preparação possível de recuperação e, desde que saiu, tem feito trabalho intenso - "fisioterapia, osteopatia, homeopatia, trabalho de oftalmologia, neurocirurgia, câmara hiperbárica, tudo o que era possível" - mas o veredicto dos médicos não foi o que esperava.
"Há questão do traumatismo craniano, que me impede de voar durante uns bons dias, uma semana, duas, talvez. Tenho o problema das [vértebras] cervicais, que estão ainda muito inflamadas e muito frágeis, e seria muito perigoso apanhar um outro impacto. E também o problema da diplopia [dupla visão], que, apesar de ter evoluído, continua a ser um problema que julgávamos que ia evoluir mais rápido. Por isso, estou muito frustrado. Mas tenho de aceitar. Tenho muita sorte por estar aqui", afirmou.
Embora espere estar no Japão, Tiago Monteiro sublinha que a sua presença não é certa, porque a evolução é muito variável. "Na última semana, 10 dias, a evolução física foi muito, muito rápida, mas nas primeiras três semanas foi muito lenta. (...) Isto foi mais ou menos há cinco semanas, para nós parece muito tempo, mas para o corpo, quando tem de recuperar do impacto e de lesões tão fortes, cinco semanas não é nada", declarou.
"Ninguém me garante que eu possa estar no Japão, apesar de haver boas expectativas, mas também há aqui algumas dúvidas (...) Todas as semanas vou ter um verdadeiro 'check-up' e ver como as coisas estão a evoluir. A prioridade é estar bem a 100% e não ter qualquer problema a longo prazo", frisou Tiago Monteiro, acrescentando que "todas as lesões são reparáveis e vão ao sítio com tempo".
Em relação ao campeonato, o piloto não perde a esperança de conquistar o título e diz que vai depender muito do que os adversários fizerem, mas está consciente de que, neste fim de semana, "perder a liderança é quase certo".
"Estou com 12 pontos de vantagem para o segundo para o terceiro. Agora, desde que não perca o comboio e que me mantenha na luta, é o mais importante. Estão muitos pontos em jogo. São quatro fins de semana, são oito provas. Se o meu concorrente ganhar as duas corridas, vai dificultar a tarefa. Mas não vou baixar os braços, a minha equipa não vai baixar os braços" completou.
O português lidera o Mundial de WTCC com 200 pontos, mais 12 do que o sueco Thed Bjork (Volvo S60), segundo classificado, e mais 29 do que o húngaro Norbert Michelisz (Honda Civic), após seis etapas.
Na prova chinesa, a disputar em Ningbo, no próximo fim de semana, Tiago Monteiro vai ser substituído pelo italiano Gabriele Tarquini, seu antigo companheiro de equipa.
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