O presidente da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) insistiu hoje que o Técnico não cumpriu o regulamento quando defrontou o CDUL em 2021/22, o que resultou na desclassificação do clube e na sua despromoção ao terceiro escalão.
Carlos Amado da Silva convocou a imprensa para reagir a “sistemáticos comunicados com mentiras sucessivas” dos ‘engenheiros’, que, garantiu, foram quem solicitou o adiamento do jogo que os universitários protestaram e que resultou nas sanções ao clube das Olaias.
Segundo o dirigente, a FPR “alterou o regulamento da Divisão de Honra” em 2021/22 ao abrigo da autorização do Governo para que “todas as federações pudessem alterar os regulamentos de forma a minorar os impactos negativos da pandemia” de covid-19.
Terá sido, segundo o líder da FPR, ao abrigo dessa exceção que “o Técnico pediu, em janeiro de 2022, o adiamento do jogo” com o CDUL, por ter “pelo menos cinco jogadores infetados” com covid-19.
Por ter sido ao abrigo desse regulamento, o Técnico estaria impedido de utilizar, em março, os jogadores que não estavam inscritos na data original do desafio.
“Nesse mesmo regulamento é dito que só podem jogar nesse jogo os jogadores que na altura eram elegíveis. E isto não foi obedecido apenas por um clube [o Técnico], que não foi apanhado de surpresa”, atirou Carlos Amado da Silva.
O presidente da FPR, de resto, acusou os ‘engenheiros’ de atacarem “a direção da FPR e o presidente de uma forma quase ridícula”, uma vez que, “se alguém quis proteger o clube [Técnico], foi a direção da FPR e o seu presidente”.
“A FPR notificou várias vezes o clube de que havia restrições de utilização de jogadores. Não houve aqui nada encoberto, ninguém foi ao engano”, frisou Amado da Silva, que garantiu, também, que o encontro foi adiado “a pedido do Técnico”.
O facto de o pedido de adiamento ter sido feito pelo clube das Olaias ganha relevância porque, em termos regulamentares, um clube pode utilizar jogadores que ainda não estavam inscritos na data inicial do jogo, desde que o adiamento do encontro seja feito por decisão da FPR e não do clube.
“Nós [FPR], no espírito de querer conciliar a verdade desportiva, permitimos esta alteração. A pedido, obviamente, do Técnico. Que está escrito, fez um documento assinado pelo médico do clube. Adiámos o jogo a pedido do Técnico. E a intervenção da FPR acaba aqui, tudo tendo feito para que isto não tivesse acontecido”, frisou Amado da Silva.
Nesse sentido, o líder federativo afirmou que o campeonato português de râguebi vai mesmo começar em 08 de outubro, independentemente do que decidir o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) sobre uma providência cautelar interposta pelo Técnico.
Questionado sobre se a FPR estaria preparada para reintegrar os ‘engenheiros’ no caso de o TAD julgar procedente a providência cautelar, Amado da Silva adiantou que a FPR usará o seu direito de recorrer para o Tribunal Central Administrativo do Sul e lembrou que o clube “não está inscrito” na federação.
É que, no início de agosto, a Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) enviou à FPR uma carta de desfiliação, pedindo, no final do mês, para que o organismo revogasse esse mesmo pedido.
“A direção da FPR não pode revogar uma coisa que é irrevogável por natureza. Para voltar a entrar, tem de cumprir o que está definido estatutariamente, incluindo, entre outros procedimentos administrativos, aguardar pela aprovação do pedido pela assembleia geral da FPR”, explicou Amado da Silva.
O Técnico disputava a Divisão de Honra sob a designação de AEIST por motivos históricos e ao abrigo de um protocolo entre as duas instituições, que a AEIST denunciou em maio, antes de pedir, em agosto, a desfiliação da FPR.
O clube e a AEIST já celebraram, entretanto, um novo acordo, que prevê a cedência de todos os direitos desportivos ao clube.
Em 20 de abril, o Conselho de Disciplina da FPR considerou procedente um protesto do CDUL, que alegava que o Técnico tinha utilizado nove jogadores de forma irregular no encontro entre as duas equipas, em 23 de março, infringindo o artigo 37.º, n.º 1 a) do Regulamento de Disciplina.
Dez dias depois, em 30 de abril, a direção da FPR decidiu aplicar a decisão do CD, após receber um recurso do Técnico, desclassificando os, ainda então, campeões nacionais e despromovendo-os ao último escalão competitivo português.
O Técnico recorreu para o Conselho de Justiça da FPR, que, em 06 de maio, considerou improcedente o recurso, num despacho em que revelava, ainda, que os 'engenheiros' teriam já recorrido da decisão também junto do TAD.
Em 18 de agosto, de acordo com informação avançada pelo Técnico, o TAD anulou as decisões da direção da FPR e do seu Conselho de Disciplina, mas o organismo que superintende a modalidade em Portugal anunciou, no mesmo dia, que "deverá recorrer" para as instâncias superiores.
O Técnico é um dos clubes históricos do râguebi português, tendo sido fundado em 1963.
Com sede nas Olaias, os 'engenheiros' somam, a nível sénior, três títulos de campeões nacionais (1981, 1998 e 2021), quatro Taças de Portugal (1969, 1971, 1973 e 1994) e uma Supertaça (1994).
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