Jannik Sinner mostrou-se hoje surpreso e desiludido com a decisão da Agência Mundial Antidopagem de recorrer ao Tribunal Arbitral do Desporto para que o tenista italiano seja suspenso devido a dois controlos antidoping positivos dos quais foi ilibado.
“Obviamente, estou muito desapontado e também surpreendido com este recurso, para ser sincero, porque tivemos três audiências. Todas elas foram muito positivas para mim, não estava à espera disto”, assumiu o número um mundial, em conferência de imprensa, após qualificar-se para os quartos de final do torneio de Pequim.
O italiano de 23 anos revelou que sabia há dois dias que a Agência Mundial Antidopagem (AMA) iria recorrer e que hoje esse recurso seria oficializado publicamente, mas insistiu que foi “uma surpresa”.
“Talvez eles só queiram certificar-se de que está tudo correto”, lançou o líder do ranking ATP depois da vitória por 3-6, 6-2 e 6-3 diante do russo Roman Safiullin, 69.º jogador mundial, na segunda ronda do torneio a decorrer na capital chinesa.
A AMA anunciou hoje que apresentou um recurso no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) relativo ao caso de Jannik Sinner, ilibado pela Agência Internacional para a Integridade do Ténis após dois controlos antidoping positivos.
Em março, o número um do ténis mundial deu positivo duas vezes por clostebol, um esteroide anabolizante proibido, mas um painel independente da Agência Internacional para a Integridade do Ténis (ITIA, nas suas siglas em inglês) ilibou o italiano de qualquer culpa ou negligência.
Em comunicado, a AMA estima que essa conclusão “não é correta de acordo com as normas aplicáveis”, pelo que solicita “um período de suspensão de entre um a dois anos”, mas não “a desclassificação de quaisquer resultados” além dos que já foram determinados pela ITIA.
Em 10 de março, durante o Masters 1.000 de Indian Wells, Sinner testou positivo para baixos níveis de um metabolito de clostebol, um esteroide anabolizante proibido que pode ser utilizado para uso oftalmológico e dermatológico; oito dias depois, um novo teste fora de competição voltou a revelar a presença da substância em quantidades ínfimas na urina do italiano.
O jogador foi suspenso provisoriamente, mas recorreu em ambas as ocasiões com sucesso e foi autorizado a continuar a competir, tendo em agosto sido ilibado de qualquer intencionalidade.
De acordo com a ITIA, Sinner justificou os resultados dos testes antidoping com o facto de um membro da sua equipa de apoio ter utilizado um spray de venda livre que continha clostebol para tratar uma pequena lesão (um corte num dedo), sendo que o mesmo, posteriormente, viria a massajar o italiano sem luvas, contaminando-o com a substância.
A ITIA aceitou a defesa do líder do ranking mundial, tendo um painel independente determinado que não houve intencionalidade na violação das regras antidopagem, razão pela qual o tenista não foi alvo de qualquer suspensão.
Contudo, Sinner viu serem-lhe retirados o prémio em dinheiro e os pontos conquistados em Indian Wells, no qual perdeu nas meias-finais com o espanhol Carlos Alcaraz, que viria a sagrar-se campeão.
Poucas semanas após ser ilibado pela ITIA, e depois de dispensar o fisioterapeuta Giacomo Naldi, o alegado responsável pela contaminação, e o preparador físico Umberto Ferrara, que terá fornecido o spray, Sinner tornou-se no primeiro italiano a conquistar o Open dos Estados Unidos, somando o segundo Grand Slam da época, depois de vencer o Open da Austrália no início do ano.
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